00. RAIN OR THUNDER?

Vê, Nobu? -- A voz era conhecida por Nobu. Como esquecer daquele que lhe fez abrir os olhos? as memórias começavam a se formar. Havia sido num dia exatamente como aquele : O sol teimava em se esconder em meio às nuvens, mas ainda assim lutava contra os paredões metálicos. O barulho de tesoura cortando algo era inconfundível. Como podia? Hina era filho de uma florista, e por isso sempre gostou de trato com plantas e vegetais, e tamanho era seu domínio da escola que todos sabiam que entrar no Terraço sem a autorização de Hina era pedir para apanhar.

Oe, Nobu. Eu perguntei, droga. Você vê? -- Ele então enfiou a mão na terra, puxando um único nabo, e então arremessando em Nobu. Ele olhou para o mesmo por alguns segundos, e logo em seguida arrumou seu chapéu de palha. Um curto sorriso era notado alí. Hina começava a se levantar. O rapaz, mesmo com 14 anos já tinha 1,83m de altura, com ombros largos e cabelos tingidos de laranja. -- É, você é idiota mas vê e sabe bem. -- Nobu sabia do que o rapaz estava falando. Era o último mês de Hina naquela escola, e, novamente, as disputas voltariam, a não ser que Hina conseguisse um substituto à altura.


Ele então foi se aproximando, e encostou-se nas grades, olhando para o solo abaixo deles. Cospiu de lá de cima mesmo, e disse, com um olhar tenso. -- Droga, por que é tão dificil? vocês são idiotas e não vão conseguir continuar o que eu fiz. -- Ele dizia, desabafando, num tom um tanto humorado. Hina tinha duas mãos na escola, chamados de "Thunder" e "Rain". Se Thunder era a força que atinge inesperadamente de uma única vez e um único ponto, Rain era o controle, a presença sempre acima dos demais, apenas observando.

Como vai ser, Nobu? -- Ele então olhou nos olhos do rapaz. Nobu era claramente mais baixo que Hina. O rapaz retirou seu chapéu de palha, pendurando em um dos canos já envelhecido e podre. O chapéu tremulava ao vento, enquanto Hina fazia contato visual com o garoto. -- Eu deixarei que você me diga. -- Estendeu as mãos. -- Chuva ou Trovão? -- Fechou os dois punhos.

-- O sol como todos os dias na metrópole tinha de batalhar pra superar as paredes e entregar a luz aos cantos mais profundos da cidade.E agora, diante de Nobu, se erguia uma dessas, uma nostálgica e admirável parede. -- Qual é a dessa pergunta fodida? -- Respondia desafiadoramente, olhando um homem daqueles de baixo, era necessária muita coragem pra isso.Mas ele, também, era um homem.Por isso ele não tinha porque se emocionar e nem podia. -- Você acha mesmo que eu ia responder outra coisa?Korra -- Socava a lateral da própria cabeça e virava sua mão como um parafuso.Pra falar a verdade doía, mas nada que seu corpo forjado em inúmeras batalhas já não tivesse se acostumado.Quantos anos ele tinha?Droga.Crianças dessa idade deviam estar brincando de cartinhas, mas eles não tinham esse luxo.Porque a tempestade tinha de ser negra e Nobu tinha de ser homem --Talvez a gangue precise de alguém calmo capaz de ver tudo com lógica.Mas isso só causaria um dilúvio interminável.Efêmera e destrutiva, isso é uma tempestade.Você sabe qual é o elemento indispensável pra uma de verdade, não sabe? --
 Sim, a reposta era só uma.Chuva?Tudo que isso faz é cachorros tomarem banho.O que as pessoas temem é -- Thunder. 

Ele então fechou os olhos por um momento, e exibiu um curto sorriso, retirando de seu bolso um único pente preto, e então arrumando seu cabelo, enquanto dizia olhando ao longe. Parecia estar soltando um peso de seus ombros, e Nobu sabia bem o por que.

A escola que frequentavam, a Hozuki School, fazia parte de algo que era chamada de "Paredão de Ferro" da parte leste de Tokyo. As três escolas eram, em meio à uma área dominada recentemente por novas escolas particulares. As outras duas eram conhecidas como "Asai" e "Tetsu". Há muito tempo estiveram em guerra aquelas escolas, porém, desde que Suzuran virou o que virou...pareciam ter se tornado mais pacíficas. O por que? nunca havia entendido.


Tossiu de leve. E então procurou em seu bolso da camisa que usava um cigarro. Era seu último. Tentou por duas vezes acendê-lo com o esqueiro, porém falhou nas duas, antes de arremessar o esqueiro longe. -- Então assim será. Eu não tenho dica nenhuma para te dar, seu idiota, apenas tente não foder com tudo, OK? -- Ele então estalou os dedos da mão esquerda, e disse. -- E cuidado com as cobras da Asai. Eu vou te esperar lá no topo.


Assim começava a nova era da Hozuki. Não regida pela chuva, ou pelo sol, como era antes, mas sim pelo trovão. Uma geração começava a abandonar o paredão de Ferro, e aquilo trouxe grandes mudanças claramente vistas, que foram comentados por todos os cantos.

-- Cuidado?Eles é que tem que ter medo da gente. -- Antes que continuasse, se corrigia, parando bruscamente. -- Não, de mim.O nosso líder metido é um estudante de ouro e vai se graduar na hora certa. -- Debochava sarcasticamente, mas era um escárnio fingido.Ambos sabiam que não tinha nenhum problema de verdade com Hina se graduando. -- A nova geração da Hozuki é o "trovão", quem tentar chegar perto vai se queimar. -- Estendia um isqueiro, acendendo o cigarro do ex-líder.


-- Asui?De fato, era uma escola de cobras.Muito sangue ruim entre eu e o líder da gangue daquela merda, pra início de conversa, Tadanobu?Que porra era aquela, o cara tem inveja até do meu nome.Se tem algo que a gente compartilha é um desentendimento tão fodido que precisaria que ele fizesse uma cirurgia plástica completa preu ir com a "cara" dele.Mas eu sou um homem simples, e homem simples falam com seus punhos e os daquele cara contam uma história de tirar o fôlego, e se você bobear, dentes.Posso respeitar isso, mas grande merda.Uma vez que estiverem no médio, ele não vai passar de mais um degrau.Eu enfrentei ele, e não foram poucas vezes.Eu nocauteei 12 vezes dessas e fui nocauteado...quantas vezes mesmo?Quem liga pra essa merda, ano novo, "score" novo.O próximo vai ser de zero.


--Se é pra falar de ameaças, a gente tem a porra do Cabeça de Pino da Tetsui.Ele é forte, pra caralho, do tipo que mesmo que você ganhe dele numa briga, tu quebra no mínimo um osso.Mas a careca do filho da puta brilha que nem um para raios, e eu posso não manjar, mas tenho quase certeza que para raios não param raios de verdade, eles só tomam um pau e pede pra deixar o resto quieto.E esse era o plano, nunca tinha trocado mais que uns olhares com o cara, o Hina nunca me deixou lutar contra ele.Mas eu vi as lutas dele, e ele é um cara as...caralho com é mesmo?Foda-se, ele é esperto.A gangue dele tem confiança nele, isso não é algo que eu sou muito bom com...


--A minha arma pra isso...Yoshio Takafusa, "Rain".O pessoal respeita ele, porque ele consegue manter a cabeça fria e pensar como gente.Ele É inteligente, e caralho custa muito preu elogiar alguém.Se essa gangue fosse uma democracia, ele seria o próximo presidente e eu sei disso, mas foda-se, ele é um maricas, ele pode ser meu futuro braço direito, mas é um maricas.Eu tenho uma teoria de quando uma pessoa é muito inteligente ela volta no ciclo e fica burra.Ir com calma e pensar?Massa, mas nós somos uma gangue, com mil caralhos.Quer que eu faça o que?Jogue bozó com os nossos rivais?A gente nasceu pra meter a porrada e eu não sei se ele entende isso.

O membro 'Com gominha e carinho' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D100' : 59

A verdade, que logo Nobu descobriu era que o Paredão existia por dois motivos. Antigamente era símbolo da força dos antigos Samurais, conhecida como "A Katana do Leste". Hozuki era a Base da Katana, Tetsu era o aço, e Asai era aquela que empunhava a lâmina. A lâmina havia sido refinada à base de duros golpes durante anos, porém...com o tempo a lâmina foi se gastando, perdendo o fio e o refinamento. O que antes era sinal de força e beleza, se transformou lentamente.

Tokyo é dividida em quatro partes, Norte, Sul, Leste e Oeste. Cada área carrega "escolas de prestígio" dos delinquentes. Se quer fazer um nome cedo, vá ao Norte, "Shura no Hana" a Flor da Carnificina lhe ensinará à força os segredos do sangue. Se quer força, vá até o "Bico do Abutre" no Sul, e terá ela arrancada do fundo do seu peito. Se quer técnica, vá até "Os dedos do demônio" no Oeste, apenas um demônio conhece a estrada há séculos. Agora, se quer resiliência, vá até o Paredão de Ferro. Bata sua cabeça contra o mesmo, e ouça o som do trovão no céu rindo de você.

A lâmina do Samurai Gigante do Leste (東の巨人の武士の刃) perdeu seu fio, e caiu das mãos cansadas. Entre os homens, se tornou apenas um paredão de ferro. O paredão que hoje, orgulhosamente segura a força ocidental. Tanto é que o mote do encontro dos três líderes, que aconteceu uma única vez fora "Nenhum idiota de óculos irá atar nossos punhos". Por mais que a relação entre todos os líderes fosse complicada, tinham de se manter em aliança, afinal, os avanços dos Ricos estava cada vez maior graças à um homem. Ishikawa Goemon.

Não era escondido de ninguém que Ishikawa Goemon era o filho de um dos Wakagashira da Yakuza, responsável pelo leste. O homem havia crescido no Paredão de Ferro, porém nunca havia ido para Suzuran, até por que em sua época a mesma não era o que era atualmente. Ele podia ter colocado seu filho em qualquer uma das três do Paredão, porém preferiu que o mesmo tivesse o melhor dos ensinamentos. O futuro do mesmo? Incerto.
A única vez que Nobu o vira, foi quando o rapaz estava indo para a escola. Seu cabelo negro lhe caía sobre os ombros, amarrado com dois hashis de forma bruta. Sua forma era magricela, porém seu olhar era firme. Sua postura era ereta, como a de um samurai. Os olhares se cruzaram, e por um momento Nobu sentiu seu sangue ferver. Goemon era um deles, com certeza.

Durante os meses que se passaram, Nobu entendeu a sempre presente preocupação de Hani. O "Avanço dos Inteligentes" era algo grotesco. Diversas vezes teve de ajudar o "Cabeça de Pino" a cobrar favores para retirar os seus garotos de encrencas envolvendo os malditos playboys. Como podiam se achar tão da Elite? era um ciclo infinito. Os garotos do paredão roubavam os idiotas inteligentes, e os idiotas inteligentes cobravam com a lei.

Ainda mais quando em Setembro saira o maldito "Jornal da Força". Era feito de propósito, e o motivo de Suzuran e Housen terem se tornado tão mais importantes nos ultimos tempos. Nobu sabia bem o que era o Jornal da Força. Lançado uma vez por ano, era dividido em quatro partes, que eram lançadas sobre as regiões. A Yakuza e as outras máfias haviam aberto seus olhos para a briga de Suzuran e Housen, e graças ao fato das mesmas se encontrarem no meio de Tokyo, decidiram usar aquilo como "peneira" para seus futuros membros. O Leste dessa vez havia ficado com o que era chamado de "Escada da Dor", um ranking dos nomes daqueles que estariam entrando no médio ainda naquele ano, organizado por um ranking de Força, que ia até o 70. Shuya fora colocado em #42, Kin em #56 e...Nobu em #68. Não acreditavam na força do "Trovão", aparentemente. As outras três partes eram "A estrada do Homem" "Os cinco anéis" e "As Asas". Aquilo deixou em polvorosa os Delinquentes da região, e não era estranho que algumas vezes Nobu fosse até mesmo desafiado por idiotas que vinham até sua região, que eram severamente punidos pela audácia de vir até o rapaz.
Não seria mentira dizer que aquele Jornal mais deixou Nobu irritado do que qualquer outra coisa, afinal, como podia? lembrava de que aquilo havia deixado Hani irritado em seu tempo também, nada demais. O ano finalmente estava próximo do fim.

Era fim de tarde, o último dia letivo.
Nobu estava no terraço, o mesmo lugar que havia encontrado Hani da outra vez. Sabia que tanto o Cabeça de Pino quanto Tadanobu iriam para a Suzuran, mas...e Takafusa? Era ele que vinha pela escada. Nobu conhecia o barulho feito pelo pisar de Takafusa pela escada de metal coberta de ferrugem. A porta de metal se abria, e alí ele podia ver Takafusa. Sabia bem do que era o assunto.

-- Rain. -- Empurrava minhas costas com o movimento das mãos, o impacto delas na grade em que estava me apoiando me fazia ficar de pé, completamente ereto. -- Nós temos nossas diferenças, mas me deixe dizer isso:...você me seguiu bem por esse ano. -- Eu estava sério.Palavras pesadas como chumbo.Me pergunto quando exatamente naquele ano foi que eu notei.O Hina era alguma coisa surreal, ele era forte pra caralho.Ele conseguia levantar todo esse peso que eu tenho nos meus ombros e ainda botar banca na minha frente daquele jeito?Porra vai se foder. -- Muitos falam que a gangue teria ido melhor esse ano se você tivesse no topo.Então me diga, Rain.Você se arrepende de ter me seguido? -- Aquela não era uma pergunta de auto-crítica, e deus não era uma maldita desculpa.Eu só queria saber o que ele sentia, capiche?Ele caiu pro segundo lugar por causa de mim, no fim das contas.Porque eu não me arrependo, eu segui o Hina por uma razão simples: ele me mostrou a única maneira certa de viver.E pra mim e pra ele essa maneira é seguir o que você acredita.Foi tudo que eu fiz, podem chamar minha geração de medíocre e talvez tudo que eu tenha feito era ganhar tempo, mas eu fiz o que acreditei e bati minha cabeça com força nos muros na minha frente, mesmo que eles se recusassem a rachar.

Não me chame assim, "Rain" é gay demais. Minha mãe perguntou se eu era gay esses dias, por sua causa. Seu cuzão. -- Ele dizia, de forma debochada. Nobu conhecia a mãe de Takafusa apenas de vista, uma mulher distinta, baixinha e atarracada, de cabelos levemente encaracolados. Rain tinha olhos fundos e olheiras escuras. Um cabelo mal cuidado e vestia nesse dia uma camisa amarela com o logo do filme KILL BILL no peito. Caminhou a passos curtos até o lado do rapaz, olhando para o longe, para o sol que começava a se por no paredão de Ferro. Retirou de seu bolso um único chiclete, jogando-o para dentro de sua boca, e dizendo sem educação -- Foi mal, eu gosto mais de chiclete que você. O mundo fica mais feliz quando eu fico feliz, entende? -- E tossiu de leve. Riu revirando os olhos, e ao ouvir aquela ladainha, disse, fazendo contato visual com Thunder, enquanto se aproximava. Thunder podia quase sentir a respiração dele, e então ele disse -- Se eu me arrependo? não. Você me poupou o maior trabalho de todos, cara, cuidar desses idiotas. -- Ele então arrumou o cabelo com a mão esquerda. Aquele era um dos cacoetes de Rain para quando o mesmo estava mentindo, mas...era uma mentira boa, provavelmente. Ele sabia do peso nos ombros de Nobu. Virou-se para o sol novamente, e disse, apoiado na grade, batendo a ponta do pé esquerdo no chão levemente -- Já decidiu para onde vai ir? Suzuran? Housen? Se casar com um grandão da Yakuza e virar a mulherzinha dele? -- Um sorriso sarcástico surgia

-- E tem coisa mais gay do que homens se chamando pelo primeiro nome?Eu não vou chamar você pelo sobrenome, isso é coisa pra quem merece respeito. -- Eu retribuía seu sarcasmo.Thunder é um homem que se preocupa com estética, é isso que eu sou.Nós temos apelidos pra usar, pra sermos orgulhosos deles, pra brandi-los como espadas.Isso é parte da alma de um homem. -- Minha onee-san bem que tentou me convencer, até me deu um dos uniformes dela, mas estou com medo de provar.Eu acho que posso acabar bem de mais com ele. -- Eu só estava parcialmente brincando, e só da ultima parte.Aquela otária realmente fez isso, o espírito de rebeldia deve correr na família.Mas até parece que eu cairia bem de saia...né.Por um momento duvidei um pouco da minha estética, encarando minha jaqueta de cor vermelho vivo com olhos julgadores.Suas mangas estavam arregaçadas e não no sentido de puxadas pra trás.Mas não podia descartar ela, porque escondida no couro colorido estavam manchas de sangue quase invisíveis, meus broches militares presos à minha jaqueta. -- Vou ser obrigado a ir com a segunda opção.Aquele poleiro é superpopuloso, ta na hora de um trovão fritar algumas galinhas. -- Só podia ser a Suzuran, nunca houve escolha.Porque é o lugar onde um homem pode provar que esta no topo de maneira simples e honesta, como meus punhos.

Sua onee-san é gostosa, Nobu. Eu não sei como você consegue ser tão feio. -- Ele dizia, sem medo nenhum. Um curto sorriso escapava em seus lábios enquanto dizia aquilo com sua voz preguiçosa. Sentou-se na grade já deteriorada, com as pernas para fora. A queda dalí parecia grande, mas o rapaz estava seguro de sí. -- Não me empurre, vai ser maldade. Eu não sei voar. -- Ele então fechou os olhos e tossiu de leve. -- Ou até sei. Vai que sou um demônio, igual aquele cara da televisão, sabe? -- "Aquele cara da televisão" era a forma genérica como Takafusa falava de qualquer pessoa que fosse famosa, aparecendo ou não na tv. Levou a mão até o pescoço e disse, com um tom de voz sério. -- Oe, Nobu. -- Engoliu seco. O vento bateu sobre os dois naquele momento, balançando o cabelo de ambos. Takafusa parecia não saber como falar aquilo -- Eu irei para a Housen. -- Engoliu seco, olhando para o sol. -- Já tem gente demais do paredão na Suzuran. Eu não...eu não quero ser lembrado como o número dois. Eu quero ser o melhor, entende? Eu quero... -- Olhou para o longe. Tossiu de leve, e prosseguiu -- ser como os caras da televisão.

-- Eu gargalhava com o que ele dizia.Era irônico de mais. -- No momento que você escolheu a Housen, você se condenou a virar o número 1 dos números dois.Eu quero ser o número um de verdade, mais alto do que qualquer um, torrando qualquer um que voar no meu território. -- Era uma declaração!Era essa a minha intenção, mas eu não sabia o que eu estava declarando.Foda-se, o jogo segue. -- Mas eu não vou pedir pra você voar sob minha asa, você precisa ser muito maior pra um homem grande voar debaixo da sua asa.É pra isso que eu vou pra lá, pra que até o meu terceiro ano, minhas asas cubram o sol, deixando qualquer um naquele lugar desesperadamente na minha sombra. -- Me pergunto que tipo de cara eu estava fazendo.Eu sei que nunca contei uma mentira naquele dia.Minhas sensações todas pareciam gritar com a pressão, sentindo cada brisa que bagunçava meu cabelo e fazia minha jaqueta flutuar.Então eu segurava minha faca no meu bolso, uma faca simples presa a uma bainha tradicional, cabo e bainha na mesma cor prateada.Um único ideograma "Kaminari(雷)"

É isso o que pretende fazer então, huh? Pois saiba que eu irei me tornar o numero úm dos número dois, e irei molhar suas asas e te afogar, seu maldito careca. -- Ele então fechou os olhos e deu um curto sorriso..Estalou os dedos da mão e então saltou para cima da grade num único movimento, inclinando-se nela, enquanto estufava o peito. Olhava Thunder de cima para baixo naquele momento. Ergueu o pé esquerdo, colocando ambas as mãos nos bolsos e dizendo -- Se prepare, Thunder. Eu vou derrubar você, e o Hani. Eu vou ser o céu escuro que cobre o sol e faz o barulho dos trovões ser um mero miado de GATOS! -- Ele arregalou os olhos. O barulho de pássaros era ouvido ao fundo. Ele então saltou para a parte com piso do terraço, seguindo em direção à porta -- Não passe vergonha até que eu me torne um dos grandões, OK? -- Ele então apoiou a mão esquerda na escada, antes de descer e virou a cabeça lentamente, mostrando a língua e dizendo -- E caso queira me dizer algo, pede pra sua irmã me mandar mensagem. Aquela gostosa.

--  Se quer uma mensagem da minha irmã, vai ter que primeiro se tornar o número um, seu fodido.Não tenta comer a fila. -- Eu respondia, eu sempre soube que tinha uma rivalidade entre nós, mas agora ela tinha uma árvore de onde dar frutos.Isso é, o conflito entre a Suzuran e a Housen.A verdade é que a Suzuran sempre está em desvantagem, porque unificá-lá é uma tarefa hercúlea.Pouquíssimos conseguiram, mesmo assim a Suzuran nunca perdeu.Porque corvos são oportunistas e resilientes, porque corvos tem a determinação de quem vive no lixo. -- Se prepare, porque a Suzuran que eu vou criar vai ser o bastante pra fazer suas olheiras afundarem na altura do seu queixo e seu queixo na altura das suas bolas! -- Aquela era uma promessa que não podia cumprir?Quantas daquelas não existiam no mar sufocante de estudantes da Suzura?Certamente muitas, mas só uma ia chegar ao topo.E eu pretendo ser essa, não importa em quantas eu tenho que pisar pra isso.Isso não é só pra superar o Rain, isso não é só pra retribuir o Sol, isso é pelo meu próprio orguho, isso é pelo meu "viver da maneira que eu acredito".A vida  é tão rápida quanto um raio, e a minha vai ser tão intensa quanto.

Ele deu um semi-sorriso, e então começou a descer as escadas. Era o fim do último dia de aula, e assim terminava. A liderança da escola novamente seria passada aos conflitos, para reestabelecer a antiga tradição da "Roda da Força". Era o último dia de Nobu como Líder imponente de Hozuki.

O sentimento de deixar a escola para trás era incrível. O portão já começava a fechar quando o rapaz estava indo embora, até que algo chamou sua atenção. Dez dos seus rapazes vinham correndo de dentro da escola, gritando "OYABUN! OYABUN!"

Eles pararam à frente do mesmo. Por um momento o rapaz achou que fosse ser enfrentado por todos eles, mas...aparentemente não era a intenção. Todos se agaixaram, tocando a testa no chão, e gritando então "OBRIGADO POR TER CUIDADO DE NÓS DURANTE ESSE ANO, OYABUN!!!!"

A verdade é que não havia de fato orgulho naquele momento, apenas o sentimento que permeia o caminho do homem : A verdade. Eles foram salvos diversas vezes de enrascadas gigantescas pelo rapaz, e era o mínimo que podiam fazer para retribuir. Quando se vive à 200km/h, qualquer freada pode significar a morte, logo, deve-se deixar todos com os sentimentos mais verdadeiros possíveis.

"Não foi nada, idiotas" era a ultima coisa dita por Nobu, antes de virar de costas. Sua jaqueta vermelha tremulava ao vento, e assim morria a dinastia do Sol no paredão de ferro.
A cada passo para longe dalí, Nobu se sentia mais estranho. Estava deixando de ser o Oyabun Nobu para se tornar algo novo. Voltava para a base da cadeia, e não mais para o topo, porém, dessa vez a caminhada parecia mais íngrime. O topo era coberto de escuridão e corvos, sem sol, sem chuva, sem trovões, apenas o barulho incessante do crocitar dos corvos, bicando uns aos outros e exibindo suas asas em meio à escuridão.

"BEM VINDO, QUERIDO!" Era assim que era recebido em sua casa por sua mãe, assim que abria a porta.  Alí ele não era Oyabun mais, nem sequer delinquente, era apenas o "querido" filho. Era reconfortante o cheiro de pão que corria pela casa, da sensação de calor e conforto de sentir-se protegido, mas a verdade é que Nobu sentia saudades do cheiro do enferrujado, do chão sujo, e do gosto de dente solto na boca.

                                                     FIM DA INTRODUÇÃO