Shin Arc - Capítulo 16

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- Seu estômago roncava novamente, involuntariamente levando suas duas mãos a sua barriga. Não havia muito o que fazer: a garota não havia tido qualquer tipo de refeição naquele dia turbulento, e depois de ter gasto uma gigante quantidade de seu Nen para chegar ali não era surpresa que suas reservas de energia já estivessem em suas últimas. Comprar algo para comer também não parecia possível: sua carteira estava vazia. Estelle se encontrava em um bairro nas extremidades de Zaban City, suas construções possuindo características muito diferenciadas daquelas que podiam ser encontradas no centro da metrópole, gerando um claro contraste. Mesmo assim, a presença de pessoas que iam e viam era grande, tendo certa dificuldade de percorrer as ruas envoltas por lojas e residências dos mais variados tipos. Mesmo a uma distância enorme, os gigantes arranha-céus nas partes centrais da cidade podiam ser vistos com clareza pela garota, como se a convidassem a procurar por seu mestre em seus arredores. Ou assim pensava, afinal, não era muito familiar com a geografia do local.

NPC's/Players presentes:

- Ah, droga, vocês estão vendo uma garota bonita obviamente cansada e com fome, por que não oferecem comida pra ela? Reclamava, bem baixo, Estelle. Não tinha muitas opções, pedir comida não seria uma boa. - Deveria ter pego comida na Vila Kurta... droga, agora é tarde demais. Tentar achar Rift era só o que lhe restava, depois disso faria ele comprar uma refeição completa pra ela, tudo aquilo era sua culpa afinal de contas. "Ok, arranha-céus, ai vou eu!

O membro 'Haurock' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D100' : 79

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- As pessoas pareciam relativamente indiferentes quanto a batalha que Estelle travava consigo mesma naquele momento. Apesar de toda adversidade, a garota conseguia encontrar forças para seguir em frente, um passo de cada vez.
Infelizmente, isso não durava mais que alguns poucos minutos.
Sem que os arranha-céus se aproximassem ao menos um pouco no horizonte, Estelle caía sobre seus próprios joelhos, sua energia lentamente se esvaindo. Sua visão tremia, seu corpo perdia força, era óbvio que devia comer algo rapidamente. Podia ouvir o fragmento de uma frase, interrompida de maneira não natural com a aproximação de uma pessoa, seus passos vindos de algum lugar que não podia realmente reconhecer. Tocava seu ombro em um gesto gentil, mas que mandava calafrios por todo o corpo de Bright. Como se esquecesse de todo seu cansaço, olhava para cima e se deparava com uma face já conhecida. Envolta em um capuz cinza de um moletom da mesma cor enquanto uma de suas mãos permanecia dentro de seu bolso, a face da responsável por tudo aquilo podia ser vista. - Você está bem, Estelle Bright?

NPC's/Players presentes:

- A-a-Aurora?! Não conseguia acreditar. Como tinha sido achada tão rapidamente?
E ali, em plena luz do dia, no meio da cidade. "Droga, e eu estou fraca...". Não poderia fazer muita coisa... na verdade, se estivesse em seu 100%, já seria completamente difícil tentar alguma coisa contra Aurora. - O-onde está o Rift? O que você fez com a Kouha, maldita? Enquanto dizia isso, a garota cerrava seus dentes em pura raiva. Seus olhos estavam completamente abertos, apesar do cansaço que sentia, mantidos assim pelo puro ódio misturado a desprezo que estava sentido.

- Não faça uma expressão tão assustadora assim, ela tá arruinando seu rostinho fofo. - Dizia com outro sorriso, levantando Estelle e segurando a mesma pelo ombro. - Desculpa, ela tinha se perdido de mim. Até depois. - Acenava para um homem próximo, que provavelmente era o dono da voz que se dirigiu a Estelle antes de ser interrompido por Aurora. As questões da garota eram ignoradas e quase a força a mesma era levada até um parque próximo. Aurora não dizia qualquer palavra no caminho, o que era sem dúvidas desconfortante.



- No parque desprovido de pessoas além das duas formas conflitantes em seu centro os raios solares faziam seu caminho gentil em meio as árvores que os circundavam, lembrando Estelle vagamente da Vila Kurta. Mas aquela dificilmente era a hora de sentir nostalgia, pois uma situação de vida ou morte havia se estabelecido para a garota. Finalmente soltando seu ombro, Aurora finalmente falava. - Antes de tudo, você queria me perguntar algo, não era? Diga. - Não parecia haver qualquer relutância na voz da mulher, demonstrando bem sua posição em relação a Bright.

Antes de fazer qualquer coisa, Estelle se lembrou de seu treino com Yuri. O garoto tinha perdido porque deixou a raiva o controlar, fazer o mesmo seria estupidez. Ao invés dos dentes cerrados e testa franzida, colocou uma expressão neutra no rosto e tentou ao máximo se concentrar. - Certo. O aconteceu com o Rift? Fez uma pequena pausa, para manter a calma. - E o que você fez com a Kouha? E, acima de tudo, por que está fazendo tudo isso comigo? O semblante sereno reinava no rosto da garota, agora se concentrando totalmente em ouvir as respostas que viriam. "Não posso deixar me tomar por emoções, não agora", repetia para si mesma.

- Ah, é só isso? - Reagia às duas primeiras perguntas com um suspiro. - Rift... deve ser o ruivo convencido, não é? Eu não faço ideia, não era você que deveria cuidar do seu namorado? - Dizia com certa irritação, imediatamente respondendo a segunda pergunta. - E eu não faço ideia de quem é Kouha, me desculpe. - Sua resposta era um banho de água fria nas expectativas de Bright. Não era até a terceira pergunta que sua expressão escurecia mais um pouco, porém. - Porque, hein... - Colocava a mão nos bolsos, olhando para o chão enquanto evitava ter contato visual com Bright. - Essa... é uma pergunta complicada. Você acreditaria em mim se eu dissesse que estou tentando proteger você, Estelle Bright?

- E-e-ele não é meu namorado! É só o meu mestre de Nen, ok? Que audácia, não tinha a mínima chance de namorar alguém como o Rift, um completo retardado egoísta. Um rubor subiu ao rosto de Estelle, mas foi facilmente contido. - Me proteger? Me proteger do que? E como mandar criaturas que querem me matar poderia me proteger de alguma coisa? O que você diz não faz sentido algum...

- Foi por isso que eu disse que é uma pergunta complicada. - Suspirava, não demostrando, para a surpresa de Estelle, qualquer sentimento hostil real. As palavras de Aurora não pareciam mentirosas. - Eu não posso responder essa questão em especial. - Abaixava seu rosto novamente, aguardando qualquer outra pergunta da garota.

- Me faça acreditar, então. Além de você, tem algo me perseguindo? Indignou a garota, diretamente. Como poderia ela estar sendo protegida? Que tipo de proteção visa a morte do protegido? - Como... como você cria os SHIN?

- Eu... não posso fazer isso. - Se recusava a responder as indagações de Estelle, virando o rosto com um clique da língua com a primeira pergunta. Teria a garota acertado em sua hipótese? Virava-se uma última vez, com uma expressão muito mais séria. - Eu não gosto até onde isso tá indo, então já é hora de simplesmente deixar claro o que eu vim tratar com você. - Esperava alguns segundos, e finalmente falava. - Vá embora. Deixe Zaban City e não se envolva nem mais um pouco com os SHIN.  Passe algum tempo fora do radar e nunca mais ao menos fale nessas coisas. Corte suas relações com aqueles Hunters de uma vez por todas. - Dizia, para a surpresa de Estelle.

- Huh? Cortar minhas relações? Não estava tomada pela raiva, tinha suas emoções completamente controladas, mas não podia deixar de seguir o padrão natural de reação. - Quem você acha que eu sou? Acha que eu vou simplesmente desistir depois de tudo que já aconteceu? Não. Não mesmo. Escute, Aurora, agora que estou nisso, irei até o final e vou descobrir o que é que me rodeia. Você não vai me impedir de fazer isso, é o que eu quero. Enquanto dizia tudo isso, um sorriso de desafio se formava no rosto da garota. - Eu sempre fui curiosa, sair de um mistério desses agora não combinaria em nada pra alguém que vai pro Continente Negro...

- O Continente Negro? - Sua face era de uma surpresa indescritível por alguns momentos, apenas para ser substituída por uma reação inesperada momentos depois. - Ppffpfp... PFPFPFPFPT... - Tentando segurar o riso por alguns segundos, Aurora finalmente cedia, dando uma alta gargalhada que podia ser ouvida a dezenas de metros, quebrando totalmente a atmosfera anterior. Sua Aura se intensificava, e em um movimento involuntário, "jogava" seu Hatsu para todos os lados, acertando em cheio Estelle. Não era algo com o objetivo ofensivo ou hostil, mas de legítimo entretenimento misturado com uma angústia que fazia o corpo de Bright tremer. - Haha... eu bem que sabia que você era ingênua, mas não a esse ponto... - Enxugava uma lágrima de um de seus olhos. - Eu tenho certa pena de você, Estelle. - Afirmava, o semblante da risada lentamente desaparecendo de seu rosto. - A realidade geralmente é três vezes mais cruel com gente que não sabe seu próprio lugar que nem você. - Suas palavras não eram muito gentis. Virava-se, finalmente se preparando para ir embora. - Você tem três dias para sair daqui, caso contrário... - Virava-se uma última vez para a garota, com um sorriso extremamente desconfortante em seu rosto. Mas isso não era nada comparado a sede de sangue presente na Aura que atingia o corpo desprotegido de Estelle. Como se milhares de facas atravessassem sua pele, a garota sentia... medo. - Eu venho matar você pessoalmente.

Apesar do medo interno, Estelle não demostrou qualquer mudança de comportamento. Seu rosto permaneceu o mesmo, mesmo com as risadas de Aurora. - Huh, veremos então. Se você não me matar, talvez eu até te leve comigo para o Continente Negro, seria uma boa isca pra atrair monstro com olfato forte para podridão. Apenas continuava encarando a mulher, até que ela terminasse seu caminho e saísse de vez do parque. A fome que sentira antes tinha diminuído, agora tinha que oficialmente encontrar Rift o mais rápido possível, e iria começar a faze-lo assim que Aurora desaparecesse de sua vista.

Estava tensa, sem certeza de o que iria encontrar. O que tinha acontecido com Rift para Aurora poder continuar agindo? Com certeza tinham se encontrado e talvez lutado, mas e então? Rift tinha perdido ou Aurora apenas fugiu? Tudo tinha acontecido vão rápido que só agora tinha parado para pensar nisso. - Certo, é melhor fazer agora. Dizendo isso, respirou fundo e bateu uma, duas, três vezes na porta enquanto chamava por Rift.

- A resposta não vinha imediatamente, demorando alguns segundos até que ouvisse qualquer movimentação dentro do local. Alguns segundos e ouvia o som de chaves, acompanhado por outro do girar de um trinco e, finalmente, da maçaneta. - Calma, calma, ele nã- - Quem abria a porta não era Rift, e sim o homem de cabelos castanhos e personalidade irritante.
Por um momento, houve silêncio.
Por outro momento, houve ainda mais silêncio.
Havia uma clara expressão aterrorizada em seu rosto, o que não era exatamente culpa dele.
Virava-se para os outros dois dentro do local, perguntando com uma voz trêmula e assustada. - E-ei, v-v-vocês também e-estão v-vendo isso, n-não é?
Nenhum dos três disse nada depois disso, afinal, não se era todo dia que uma pessoa morta batia na porta chamando por um amigo.

NPC's/Players presentes:

- Huh, está não desacostumado em ver real beleza que se espantou só de me ver?
Olhou para todo o apartamento e as pessoas nele. Lembrava de Hayato, é claro, mas esse outro homem não lhe parecia também totalmente estranho. A garota, no entanto... nunca a tinha visto, estava quase certa. - Não vai me convidar para entrar? Onde o Rift está e o que aconteceu enquanto estive fora? Era direta, como sempre.

- Não houve qualquer reação por alguns segundos, mas a calmaria era interrompida pela voz do homem de cabelos castanhos. - Espera! Não entre! - Tentava fechar a porta, impedindo a garota de entrar. - Hayato, pegue o sal! Isso é claramente um caso de Nen residual, o que também necessita de um exorcista! Kuroyuki, vá at- AI!

Sua voz era então interrompida com um golpe vindo da pequena garota de cabelos negros, segurando uma espécie de leque em suas mãos. - Desculpe por isso, ele é meio burrinho. - Dizia, guardando arma em suas mãos e abrindo a porta novamente.



O apartamento continuava mais ou menos da maneira que Estelle que se lembrava, se um pouco mais arrumado. Para sua surpresa, Rift realmente não se encontrava no local, estando apenas os três que havia encontrado sem fazer nada de realmente especial. - Eu acho que nunca nos conhecemos direito. Eu sou Kuroyuki. - Dizia com uma voz simpática a garota de cabelos negros. Hayato permanecia ao lado, sentando sobre um sofá, enquanto o homem de cabelos castanhos permanecia mais afastado, com um olhar desconfiado sobre Bright. - Não tem como não dizer que nós assumimos que você tinha morrido no pântano, já se passaram duas semanas, afinal. - Confirmava com uma voz simpática, seus olhos sobre a garota de Nor. - O Rift foi até Swaldani há alguns dias para pedir ajuda da Associação nesse caso, já que não conseguimos ter qualquer progresso nesse tempo inteiro. Não só isso, mas parece que o ataque dos SHIN só tem ficado mais frequente. - Suspirava em frustração, a situação continuava tão ruim quanto Estelle imaginava. - Ele deve voltar em dois ou três dias, mas tenho certeza que ele ficará feliz de saber que você está bem. Talvez. Quem sabe. - Dizia, não muito segura da afirmação. - Mas... como você conseguiu sobreviver mesmo? - Perguntava com clara curiosidade.

- Eu... eu não posso contar tudo. Mesmo que estivesse rodeada de pessoas que sabia poder confiar, não queria trazer qualquer tipo de problema aos Kurta novamente, o que lhes tinha feito já havia sido o bastante. - Mas basicamente, quando eu fui empurrada pelo retardado do Rift, fui resgatada por um garoto... e depois uma mulher me ensinou um pouco mais sobre Nen... os SHIN então apareceram e eu tive que sair do lugar, foi terrível. Mesmo tendo acontecido há pouco tempo, as recordações ainda eram ruins, como quando se conta uma história sobre uma grande tragédia do passado. - Eu achei... achei que o Rift e o Hayato tivessem acabado com a Aurora mas quando... quando cheguei aqui eu a encontrei... Detalhou, então, para todos na sala seu encontro com Aurora. - E, bem... eu não como tem muito tempo, então por favor... ME DEEM COMIDA!

- Essa é... uma história e tanto. - Respondia a garota de cabelos negros, ainda tentando absorver todas as informações. - Nós tentamos encontrar essa tal Aurora também, mas nem mesmo conseguimos achar qualquer pista. - Dizia, novamente frustrada. - M-mas nós podemos falar disso depois, não é? Eu trarei a comida em alguns minutos. - E com isso, partia para o interior do local, sem dizer qualquer outra palavra. Edgar permanecia em um local mais afastado com seus olhos fixados em Estelle, uma expressão preocupada imprimida em seu rosto.

O Rift ficou bem preocupado, sabia? - A voz de Hayato, que até então permanecia em silêncio, ecoava pelo local em direção aos ouvidos de Estelle. - Não faça isso de novo. - Falava como se tudo aquilo não fosse culpa do rapaz de cabelos vermelhos para início de conversa. Mas era estranho. Por que o Rift se preocuparia tanto com alguém que havia conhecido a poucos dias? Não combinava com o rapaz de maneira alguma. - Mas se essa Aurora for tão incrível quanto você faz parecer, esse é um caso realmente complicado. Faz tempo que eu não me envolvo em um trabalho assim. - Dizia com expectativa. - E você... não tinha qualquer obrigação de retornar. Como ela disse, você poderia simplesmente ter deixado isso pra lá e retornado para seu dia-a-dia. Por que, Estelle? - Perguntava com uma voz indiferente mas com certo teor de curiosidade.

-Por que? Bem, eu não poderia desistir agora, né? Dizia enquanto ria. Já cheguei tão longe... e o que aconteceu lá... eu não vou perdoar a Aurora, não mesmo.
Agora seu rosto apresentava uma expressão seria e decidida. - Além do que, sou curiosa demais pra deixar um mistério desses simplesmente morrer. Novamente, ria.

- Heh, quem esperaria. - Dizia, ainda com uma expressão difícil de ler em seu rosto. - Mas se a Aurora realmente vir até a você em três dias, o que você fará? Resolução sozinha não é o suficiente para se ganhar batalhas, ainda mais contra um usuário aparentemente tão poderoso. - Suas palavras eram cruelmente sinceras, mas demonstravam bem a diferença de poder e experiência entre Bright e a usuária dos SHIN. - E eu tiiiipo... não tenho nenhuma razão reeaal pra te ajudaaar...♪ - Parecia querer colocar certo temor na garota, claramente se divertindo com isso. Seu senso de humor não era exatamente o mais adequado, porém.

- Huh, ela só me pegou antes porque eu estava com fome e cansada. Dava um sorriso provador. Era incrível como só chegar nesse ambiente a tinha tirado de todas as sensaçoes ruins que estava sentido, o sentimento de segurança e acolhimento era tão grande quanto na Vila Kurta. - Se nos encontrarmos novamente, eu derroto ela com minhas técnicas secretas.