Cenário do Bronze - Capítulo 1

- Olhava para a "garota" enquanto ela se movia. Seus modos lhe lembravam o de uma mãe. Não que Elros tivesse realmente tido uma, mas esse foi o sentimento que ela despertou nele. Conteve-se, no entanto. - Certo. Vamos? - Olhava para a garota, mas não esperou por uma confirmação para se mover.

-- O salão de reunião da guilda de bronze era rústico porém imponente.As paredes eram todas cobertas por um metal cor-de-ferrugem, grandes mesas e cadeiras fixas no chão da mesma cor e com aparência extremamente pesadas eram distribuídas pelo local que era iluminado por alguns candelabros metálicos espalhados pelo teto.Em uma dessas mesas Meiron indicava pra que se sentasse Elros.Já lá estavam todos os seus companheiros formandos.Além de Ezel e Sasha que encontrara mais cedo, podia ver uma figura nada familiar de uma garota de cabelos negros e lisos que parecia reservada e uma face conhecida: Vulture, o prodígio da guilda. -- Agora que estão todos aqui já posso começar a explicação do que vocês farão nas próximas 5 semanas... -- O mestre da guilda vasculhava seu bolso por um cigarro e o acendia, dando uma tragada, soltando a fumaça para trás e finalmente voltando a falar.  -- A partir dessa semana em todos os sábados vocês lutarão em partidas amistosas.Vocês só poderão usar armas forjadas por vocês mesmos nesses combates.No fim do período de 5 combates eu julgarei se vocês são dignos ou não de se formarem...O método de avaliação é o lema dos craftknights: "Uma espada não é força.Uma espada não é habilidade.Uma espada não é companheirismo."Pensem no significado dessas palavras enquanto se preparam. -- Sua maneira de falar era séria e concisa.Dava mais uma puxada em seu cigarro antes de concluir. -- No fim do exame, os dois que se graduarem com as maiores notas competirão no Torneio de Graduandos de Wystern...alguma dúvida? -- O torneio de graduando de Wystern é disputado entre 8 pessoas, 2 de cada uma das grandes guildas, obviamente alunos que graduaram naquele ano.É uma oportunidade de ouro e única na vida de um craftknight de provar seu valor e ter uma carreira de sucesso desde o começo, além de ser um modo das guildas de mostrarem seu valor.

Pessoas no Recinto:

- Olhava o ambiente em sua volta, o salão, as pessoas, sua "parceira". Esse era o começo oficial de tudo. O nervosismo mostrava-se dentro de seu corpo, com contrações e arrepios,
mas por fora mantinha a calma, fazia parecer estar no controle. - Nenhuma. - Tentava se adiantar, pensar em qual arma usaria. Uma lança, como é tradição em sua família? Ou seria melhor tentar os irritar usando um arco? Talvez uma espada? Sabia que precisaria,
no mínimo, conhecer o básico de todas, mas ser um Coringa não paga tão bem na vida real.

-- Após respostas semelhantes vindas dos "rivais" de Elros, Meiron finalmente os dispensava. -- Certo, então vejo vocês mais tardes.Sintam-se de usar todo o tempo que tiverem até as partidas para se prepararem.Isso, obviamente, também inclui hoje. -- Levantava-se e saía da sala.Tinha sido deixado a própria sorte quanto a preparações, os alunos da guilda de bronze também começavam a se levantar.Não restava muito tempo na manhã pra fazer qualquer coisa então qualquer progresso considerável provavelmente só seria feito a tarde.Tinha que pensar no que fazer até lá.

- Procurou e encontrou um canto mais isolado, onde poderia conversar com Agurah sem ser ouvido. - Iremos começar hoje. Juntaremos alguns materiais e tentaremos o mais rápido possível forjar uma arma. - Olhava para os lados e logo após voltava a encarar Agurah. - Diga-me, o que você sabe fazer? Tanto em combate quanto fora. Usaremos esse tempo para... para nos conhecermos melhor. - Sentia-se incrivelmente desconfortável ao dizer tais palavras.

-- Por que está hesitando, criança?Eu disse que seria sua parceira, não? -- Dizia de maneira confiante, suas palavras pareciam perfurar as inseguranças de Elros. -- Meus poderes são limitados pela nossa afinidade e seu recipiente de magia básico então no momento não posso fazer muita coisa.Eu governo sobre o elemento dos raios e posso encantar você com magia por um tempo.Em breve talvez eu consiga usar meus poderes com mais liberdade. -- Explicava sem sequer uma marca de falha ou desconfiança em sua voz. -- De resto, como você pode ver eu sou um ser etéreo de Sapureth e portanto não possuo massa ou capacidade de influenciar algo diretamente nesse mundo fora de através do uso de magia.Isso significa que eu não tenho como te auxiliar diretamente com tarefas físicas, mas ter um corpo etéreo pode se provar muito útil pra colher informações nesse mundo...não que um Craftknight vá precisar desse tipo de coisa.Hoho. --  Ria sarcásticamente.

- Tentava rir para acompanhar Agurah, mas parecia mais uma risada de alguém nervoso do que de alguém que concorda com o que foi dito. - Agora... é minha vez. Imagino que você saiba o peso que é ter um sobrenome nesse mundo, então pularei essa parte. Minha família se divide em... em... - Tentava achar a palavra certa, mas o sentimento de nervosismo o atrapalhava. Verdade seja dita, nunca tinha se aberto tanto para as pessoas quanto nesse dia, e estava se abrindo ainda mais para alguém que havia conhecido alguns minutos atrás. - ... uma hierarquia. Eu nasci na mais alta, filho do Craftlord de Ferro, mas fui mandado à mais baixa porque me julgaram sem talento. Fui isolado durante toda a minha vida por tudo e todos, apenas uma pessoa já realmente se importou comigo. Me tornei um craftknight apenas por um motivo: vingança. Quero me vingar da minha "família". - Mostrava um certo desprezo ao dizer tais palavras. - E para isso preciso me tornar um dos melhores. Meu objetivo é totalmente egoísta e não irei me desviar dele para salvar ou ajudar qualquer pessoa, exceto se isso me beneficiar. Tendo dito isso, ainda... ainda quer ser minha parceira?

-- A risada de Agurah ressoava, parecia achar a pergunta do rapaz algo extremamente engraçada. -- Você é realmente diferente.Um humano perguntar pelo consenso de uma criatura invocada é realmente uma piada, sem o minimo de espírito de nobreza.Eu posso ver porque você foi colocado tão baixo...mas eu não desgosto disso. -- Sorria maliciosamente. -- Pessoas como você são divertidas de se ver.Eu não acho que vou me arrepender disso e mesmo que me arrependa, isso não é problema seu, não é mesmo?

- A risada o deixava ainda mais desconfortável. Sentia um rubor em seu rosto, um calor se espalhava por seu corpo antes gelado. - Eu não quero uma colaboração forçada. E um espírito invocado ainda é um ser... te forçar a fazer algo que nunca desejou, ou seguir um caminho que nunca quis seguir... eu seria igual a eles. - Olhava para o chão por alguns segundos. - Agora... vamos para a cantina, preciso comer algo, enquanto isso podemos discutir o plano de ação.

-- Ora, mas que vingador gentil. -- Brincava.Ambos seguiam até a cantina do prédio, Elros andando e Agurah flutuando no ar.Já estava tarde na manhã então fora Ezel e a outra garota que aparentemente tiveram a mesma ideia que o Spearknight, a sala estava vazia.O café da manhã no lugar era similar a de um hotel, com as comidas dispersas pela sala para que se servisse, mas o que deveria estar quente já estava frio devido à demora.

- Pegava um pouco de comida e sentava-se. Como não estava sozinho, resolveu que seria melhor falar mais baixo, afinal Agurah ouviria de qualquer jeito. - Acho que hoje poderíamos focar em conseguir o bastante de materiais para forjar uma primeira arma, nos outros dias poderíamos revezar entre coletar e treinar. Mas... que arma usar? Não consigo chegar a uma boa decisão.

-- Arma, huh? -- Prolongava um pouco a última sílaba, dando um efeito dramático.Fazia um gesto de tocar sua bochecha com o indicador algumas vezes enquanto pensava. -- Seu nome não diz que você tem que usar uma lança?Bem, de qualquer forma, o importante quando se usa armas é se sentir seguro com ela.Use o que achar que conseguiria manejar melhor, sem tomar riscos desnecessários.

- Esse é o principal problema... - Mantinha-se em silêncio enquanto terminava de comer. - Certo, agora só precisamos pegar a marreta e obter os primeiros materiais.

-- Você tem dinheiro, não tem?Você pode simplesmente comprar os primeiros materiais. -- O garoto tinha 500 reais que tinha recebido de "mesada" da guilda, uma taxa dada aos estudantes pra auxiliá-los nos estudos.Era esperado que todos usassem isso pra conseguir seus primeiros materiais e forjar suas primeiras armas. -- De qualquer forma, se você está tão indeciso porque não experimenta forjar armas diferentes?

- Sentia-se estúpido por não ter lembrado disso. - Certo, começaremos por comprar os materiais necessários pra uma lança. - Suspirava. - Depois.... vamos treinar e tentar obter outros materiais. Depender só de compras não ajuda muito.

- Conferiu o dinheiro, para garantir que nenhum imprevisto aconteceria. Se preparou e foi em direção a loja. Agora, com o corpo completamente acordado e uma ideia clara na cabeça, apenas precisaria fazer o dever de todo craftknight.

Olhava bem para os itens, pensando na melhor forma que poderia investir seu dinheiro. - O bastante pra não ter que voltar aqui por um tempo. - Dizia para si mesmo. - Duas Kikka Fruits e um Refined Iron, por favor. - Anunciava.

-- Certo, aqui vai. -- O dono da loja era um homem barbudo e peludo, que parecia ter por volta de 50 anos, mas não era parrudo como se esperaria de alguém nesse ramo, o que provavelmente significava que tinha empregados pra carregar suas mercadorias por ai.Primeiro ele depositava o ferro refinado em uma saca resistente no balcão pra que Elros pegasse e então ia para frente da loja e desfazia a trava em uma tampa de vidro que tampava uma pequena plantação de vinhas de onde tirava duas frutas de cor castanha, redondas com formato de alho, mas grandes e macias. -- Vão ser 300$. -- Sua voz era alta muito além do necessário para ser audível.

Ficha Atualizada.

-- Levar o material por todo o caminho pela cidade era algo bem trabalhoso considerando o peso dos materiais.Mas tinha o caminho a fazer, podia ver que o dia já tinha passado consideravelmente devido ao tempo que demorara a chegar lá.Sua guardian beast continuava a o acompanhar sem dizer muito.

Pessoas no Recinto:

- Certo, só para ter certeza, você sabe o que vamos fazer agora? - Perguntava diretamente para Agurah. - Vamos fazer uma lança. É uma arma simples, e pelo menos por hora não vamos fazer nada realmente único. Será de duas pontas, uma maior, na frente, e outra menor na parte de trás. - Explicava lenta e calmamente. - Alguma objeção?

-Não, nenhuma. -- Dizia com um sorriso confiante.Estavam navegando de volta em uma das barcas públicas que passavam de tempos em tempos, se dirigindo até a escadaria do leste.Quando finalmente saía podia sentir mais uma vez o peso do ferro que puxava seu corpo pra baixo, isso logo na frente das enormes escadas. -- Quer que eu carregue pra você? -- Perguntava.

- Você consegue? - Sabia a resposta, apenas perguntou inconscientemente por impulso. - Mas não precisa, é algo que eu tenho que fazer. Se não conseguir, significa apenas que não tenho força o bastante.

- Assim que chegou na guilda se sentou e ficou completamente parado por alguns momentos. Seu corpo doia, cada músculo parecia levemente torcido. Finalmente falou após algum tempo de silêncio. - Certo, quanto mais cedo começarmos, melhor. - Com alguma dificuldade, se levantou e alongou o corpo. Parar não era uma opção, não agora. - Vamos para a forja.