Yuuma Morita \ Garota de Armadura / Carteiro

6 de julho de 2017
     -- Como aquilo...?como aquela cena surreal tinha se desenrolado?Até agora, aquela estava sendo uma quinta feira completamente normal, sem qualquer indício de anormalidade. Tinha acordado na hora de costume, um pouco depois das 7 horas da manhã. Tinha tomado seu café descafeinado que usava como um placebo, comido uma refeição simples e partido para sua estação habitual. Entrara no trem no horário de pico e saído na sua estação habitual...foi aí que as coisas começaram a ficar estranhas. Pouco depois de sair de seu trem tinha lidado com uma cena estranha. 
          Uma comoção enorme tinha se instalado. Ele tinha visto tudo acontecendo na frente de seus olhos, uma garota loira em uma armadura metálica estilizada com roupas verdes estava com sua espada apontada para dois policiais, que por sua vez apontavam suas armas. A cena era extremamente estranha, porque pelos sons metálicos que faziam ao se mover, aquela armadura não era nenhum tipo de cosplay, mas algo real e pesado. Mesmo assim, a mulher com uma constituição mundana não parecia ter qualquer tipo de problema em se mover nela, ou brandir a espada larga que segurava com suas duas mãos. Sim...alguma coisa naquela garota parecia desrespeitar todo tipo de lei desse mundo. Não havia nenhuma palavra apta para descrevê-la se não alienígena.
          Tudo acontecera em um segundo. Embora não pudesse ouvir ao certo o que a mulher a polícia discutia devido aos sons de conversas e sussurros no enorme círculo de pessoas que se formara na cena, Yuuma podia notar que ela tinha uma postura claramente agressiva quanto a eles. E então, um disparo. A bala fez um trajeto perfeitamente reto, acertando o peito da mulher...mas surrealmente, aquilo não adiantara de nada. Como se a armadura fosse uma muralha impenetrável, a bala ricocheteara sem sequer a arranhar e acertou uma garota de uniforme que estava vendo a cena. E isso nos traz até o momento atual. A maioria das pessoas já tinha fugido em pânico, só a mulher, os dois policiais, alguns curiosos e Yuuma ainda em estado de choque encarando o corpo da jovem desconhecida sangrando no chão sobravam naquela região da estação mergulhada em caos. --

Pessoas no Recinto:

- Espere... O que realmente está acontecendo aqui? -- Ao ver toda aquela comoção, pessoas fugindo e, principalmente, uma "batalha" desse nível acontecendo em sua frente, Yuuma se pergunta qual realmente o motivo daquilo estar acontecendo... Sua mão vai ao seu nariz, entre seus olhos, coçando em sinal de inquietação, a única vontade de Yuuma era a de sair daquele local, mas... Aquela armadura chamou a sua atenção. - Senhores policiais, sei que não deveria estar fazendo isso, mas o que essa jovem fez para ser atacada dessa forma? -- De mãos para o alto, com sua maleta nos braços, Yuuma realizava passos lentos e curtos para chamar a atenção dos policiais. - Eu preciso passar por aqui para sair da estação e hoje eu não posso chegar atrasado para a aula, por favor, entenda. -- Após oito passos, Yuuma parou e passou a encarar ambos os policiais e a mulher, esperando alguma reação no meio de toda essa estranha confusão.

-- O que você pensa que está fazendo?! -- Um dos policiais, que parecia ser o mais velho, com cabelos brancos destacados em uma cabeleira penteada pra trás de um negro desbotado, dizia em tom nervoso. Voltando a sua atencão, e arma, para o professor. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o policial mais novo, também com uma face nervosa se virou apressadamente, abaixando o braço de seu superior forçadamente em um movimento brusco. -- Ele é só um civil senhor, controle sua conduta! -- Advertia com um tom sério. Ao contrário das expectativas, o policial mais velho parecia reconhecer o que ele dizia, tornando sua expressão menos tensa e abaixando sua arma. Mas aquele relaxamento só durava um instante, tudo que Yuuma conseguia ver era um borrão em verde e cinza e no instante seguinte, o policial mais velho estava no chão e a garota segurando a espada pelo cabo em uma posição de "coronhada". Um tiro. O barulho tinha vindo de tão perto que os ouvidos do Morita eram atacados por um som explosivo terrível, fazendo que ficassem ardendo e zunindo pelos próximos segundos, sem conseguir compreender o diálogo entre os dois que tinha se passado nos segundos seguintes. O oficial parecia estar gritando algo e a garota rebatendo. O tiro tinha acertado o chão próximo aos pés dela, provavelmente indicando um tiro de advertência.

-- "Meus ouvidos doem... O quê eles estão discutindo?" -- Yuuma pensava, mas não conseguia chegar a lugar algum com a dor em seus ouvidos. Tudo havia mudado completamente em um único instante, o policial que havia o ameaçado estava ao chão... Yuma, então, com as mãos em seus ouvidos, tentava manter o olho no que acontecia, mas sua visão oscilava, nunca havia ficado tão perto de um tiroteio em sua vida. -- Por favor, deve haver um outro jeito de resolvermos esse mal entendido... -- Aproximando-se lentamente, o professor mantinha suas mãos nos ouvidos, usando a maleta para proteger o lado direito de seu rosto, acreditando que ainda havia alguma forma de resolver aquele problema sem nenhuma baixa.

-- Eu vou dizer mais uma vez. O porte de uma espada real viola a Lei de Controle a Espadas e Armas de Fogo. Entregue sua arma e aceite sua detenção sem resistência. -- O policial dizia. Apesar do nervosismo aparente em seu rosto, sua voz era firme e clara, como pode se esperar de um oficial da lei. A mulher, no entanto, parecia ficar só mais irritada com as exigências. -- Eu nunca ouvi falar de uma lei dessas. Pedir para um cavaleiro entregar sua arma...Até que ponto vocês pretendem continuar esses insultos?! -- A cavaleira não parecia ter noção alguma do que estava acontecendo, o que adicionava ainda mais pra sua aura alienígena, mas é claro que ninguém ali parecia estar a vendo como mais do que só uma louca brandindo uma espada ocidental em plena luz do dia.

-- Ele está apenas cumprindo o dever dele... -- Yuuma, enfim, se coloca no meio daquela confusão, entre o policial e a mulher de armadura. -- O policial apenas quer a sua espada, não é? -- Suas mãos estavam levantadas, sua maleta ainda encontrava-se em seu ombro direito, suas palavras eram direcionadas para ambos os lados, sua única vontade era de resolver aquilo o mais rápido possível. Era notável a surpresa e comoção da multidão, ao ver um homem em meio àquela bagunça, mas era justamente isso que o motivava, um sentimento de adrenalina também começou a afetar Yuuma... -- Mas antes... Posso pedir para que abaixem as armas? A jovem pode ter atacado o outro policial, mas foi por pura defesa pessoal, isso é um fato. -- Sua garganta parecia mais seca do que antes, no entanto, sua visão e dores no ouvido estavam lentamente se recuperando.

-- Ele é um oficial da lei, sua profissão também é conhecida como "Polícia", então o chamamos de "Policial", entende? -- Mantendo sua atenção para o policial, Yuuma virava para a mulher e tentava explicar o motivo do mesmo estar fazendo tudo aquilo, ainda de braços levantados, com a intenção de não provocar nenhum movimento hostil. -- Peço perdão, mas continuarei pedindo para ambos abaixarem as armas, não queremos arriscar a ferir civis e também não queremos mais baixas. -- Suas palavras podiam ser direcionadas para ambos, mas o maior alvo realmente era a mulher. -- O policial não a fará mal algum caso abaixe sua arma, isso eu posso garantir, então... -- O professor estendia sua mão direita para a mulher, esperando uma resposta de paz, de preferência. -- Eu irei com você até a delegacia ajudá-la a explicar o que está aconteceu, então, poderia confiar em mim?

-- A mulher parecia relutante, mas ao mesmo tempo, franzia o cenho, como se reconhecendo que Yuuma não apresentava qualquer tipo de intenção violenta. -- Eu não entendi quase nada do que você está dizendo, mas se ele abaixar a arma e me permitir manter a espada em minha cintura a todo momento, eu posso ao menos ouvir o que tens a dizer. -- Dava um ultimato. O oficial da lei parecia considerar a situação por um momento e finalmente guardava sua pistola em seu coldre, ação que era seguida pela mulher guardando a espada na bainha reluzente em sua cintura. --

OST
-- Os três se viam sentados em uma mesa metálica e em cadeiras de escritório, em uma sala qualquer na delegacia. Era um lugar aconchegante apesar de tudo, as paredes bege combinavam bem com a madeira dos armários e pequeno balcão bem cuidado ao canto, onde descansava um computador moderno e um vaso com dois tipos diferentes de flores. De certa forma, não invocava a imagem de uma sala de delegacia. -- Ok, vamos começar do básico. Me mostre seus documentos. -- O rapaz de antes dizia, sua voz agora calma e respeitosa. -- Por que eu andaria com esse tipo de coisa? É óbvio que eu não tenho nenhum comigo. -- A mulher dizia, de maneira irritadiça. O homem suspirava, desistindo daquela linha de interrogatório. -- Então qual o seu nome? -- A mulher batia seu pé no chão, fazendo um som metálico ecoar por toda a sala. -- Tamanha rudeza! Devias-te nomear antes de exigir o nome de alguém. Não tens o minimo de etiqueta?! -- Talvez até contrariando expectativas, o homem ainda se mantinha calmo perante os desacatos, provavelmente tratando ela como alguém com problemas mentais. -- Tem razão, me desculpe. Eu sou Hanaori Asuka, agora podem me dar os seus nomes e ocupações? -- A pergunta dessa vez também se referia a Yuuma que estava acompanhando toda a situação. -- Meu nome é Merdava III Liberos Atilla Telaescos Bradovar, representante do terceiro esquadrão da Guarda Real de Ibiscus. -- A cavaleira se nomeava com aquela frase ridícula, enquanto mantendo uma face perfeitamente séria, sem sequer piscar.

Pessoas no Recinto:

-- Peço perdão por ter me intrometido no meio de tudo isso e pela demora ao me apresentar... -- Yuuma tentava desculpar-se pelo acontecido, tamanha imprudência ao se envolver em um caso policial não seria algo a ser perdoado normalmente. -- Me chamo Morita Yuuma, tenho 31 anos e trabalho como professor na Escola Pública de Kitagawa Daisuke... -- Uma breve pausa feita pelo professor, feita para ajeitar seu óculos e para também arrumar sua postura sentado na cadeira. Fazia questão de que aquela cena não fosse ignorada por Merdava, talvez uma tentativa de fazer com que a mulher perceba que estamos diante a uma pessoa importante "desse lugar". -- Espero que consigamos chegar a um acordo de paz. -- Voltando sua atenção para a mulher, Yuuma a observava constantemente e também mantinha em mente de que tudo aquilo não poderia ser um simples caso de uma pessoa "maluca" ou com "problemas mentais", aquela espada, armadura, sua personalidade e seu jeito de falar não poderiam ser forjados com apenas a influência de algum jogo ou um anime, muito menos pela paixão do gênero... -- "É possível que ela esteja falando a verdade..." -- Era o que o jovem professor queria acreditar.

-- Senhorita Merdava... -- Usando uma aproximação diferente do policial, Yuuma tentava abrir um diálogo com a mulher... -- Nós usamos "-san" junto ao nome das pessoas como forma de respeito ao próximo, por isso "Merdava-san", o Oficial Hanaori simplesmente agiu como se fosse algo natural para você, eu também achei que fosse algo normal, já que seu japonês é impecável, peço perdão pela pergunta, mas... Poderia nos dizer de onde é e o que aconteceu? -- Uma jogada arriscada, achou o professor, a mulher parecia orgulhosa de si e de tudo que havia consigo, uma "verdadeira" cavaleira... -- Se eu estiver errado, me perdoe, mas, normalmente, não vemos um nome como o seu por aqui e a sua aparência também pareces dizer que és estrangeira, estou enganado? -- Explicando suas intenções, Yuuma esperava uma resposta à altura da que a jovem deu-lhe na estação, uma resposta positiva e pacífica. -- Não sabemos nada sobre você, precisamos entendê-la para que possamos prosseguir.

-- Você está no Japão, Senhorita Merdava, nos encontramos no Continente Asiático e somos vizinhos de países como a China, Coréia do Sul e Norte, Mongólia e Rússia, somos pequenos no mundo, de toda forma. -- De certa forma e apesar da idade da mulher, Yuuma passou a ver Merdava como uma aluna, ela realmente não parecia saber de nada, afinal. Foi aí que soltou um leve sorriso enquanto explicava sobre sua localização. -- Inclusive, peço perdão, mas... Nós não temos nenhum país com o nome de "Ibiscus" em nosso mapa, então realmente não temos ideia onde fica sua terra natal... -- Pensamentos e mais pensamentos vinham à sua cabeça, será que a mulher estava realmente louca ou este era um caso extremamente único em sua vida? A cabeça de Yuuma não conseguia achar nenhuma resposta para essa pergunta tão... Estranha? -- "Talvez seja a hora de firmar meus pés na realidade, não posso me deixar levar por algo completamente surreal como um transporte entre mundos, certo? Isso é algo que só podemos ver em mangas e animes... Se bem que essa fala já é algo bem comum em obras desse gênero..." -- Pensou sozinho por alguns instantes... -- Você "acordou" e já estava em terras desconhecidas, certo? Poderia me dizer mais sobre você? Se não se importar, claro, precisamos dessa informação para tê-la livre, afinal.

-- Você realmente está dizendo que... -- Yuuma interrompeu a si mesmo, não acreditando nessa possibilidade, afinal, aquilo era o mundo real, mas... Sua mão direita foi à sua cabeça, coçando-a como forma de expressar sua rejeição ao fato, mas, ao mesmo tempo, não tendo escolhas se não abraçar tal existência. -- Um país e idioma desconhecido, uma jovem vestida com uma autêntica armadura e equipada com uma espada capaz de atravessar uma árvore... -- Naquele momento, Yuuma voltou seus olhos diretamente para a espada que Merdava carregava em sua bainha, mas logo retornou a falar: -- Ela é com certeza uma estrangeira, pelo seu perfil completamente fora de nossos padrões, ela não fazer ideia de nossos costumes também é uma prova... -- Com as mãos sobre a mesa, Yuuma hesitou no que estava para a dizer, mas, mesmo assim, engolindo seu orgulho, perguntou: -- Senhor Hanaori, você acredita naquelas histórias de animes e mangás? Eu não vejo como uma pessoa normal fosse capaz de manter um "teatro" como esse por tanto tempo e ainda dentro de uma delegacia de polícia, isso poderia acabar agravando ainda mais os problemas que essa pessoa teria... Então... -- Antes que essas palavras fossem sair de sua boca, o professor não pôde evitar de abrir um pequeno sorriso, pois aquilo era algo que nunca esperava dizer para alguém, mas não havia mais volta... -- Isso só pode ser um caso real, não é? Digo, eu sei que posso estar falando besteiras, mas... Não consigo pensar em outras possibilidades...

-- O policial não parecia exatamente "comprar" o que Yuuma estava dizendo, mas concordava, passando um tom de atuação. Provavelmente tinha entendido que o que o professor estava fazendo era algum tipo de tática para controlar a situação. -- Ah sim...o que você está falando faria sentido nessa situação. -- Bam. A mesa tremia, fazendo estalos ressoarem na sala, resultado de seus pés batendo repetidamente contra o chão como resultado da onda de choque da batida. Os dois viravam sua atenção para a suposta cavaleira, com seu rosto tomado por uma expressão de raiva. -- Do que vocês estão falando!? Não fiquem com esses jogos que não entendo!! -- Se acalme, por favor. -- Asuka tentava controlar a situação com um tom tranquilo, mas como um fundo de nervosismo perceptível. -- O que o senhor Morita está dizendo é que você provavelmente veio de...bem, um outro mundo, por assim dizer. -- Aquelas palavras causavam uma pausa na mulher que ficava boquiaberta, sem qualquer tipo de reação por alguns segundos que soavam como uma eternidade, até que enfim botava sua mão no queixo, como se tivesse uma epifania. -- Ah sim! Agora as coisas estão se encaixando. Faz pleno sentido. -- Assemelhava a situação de maneira assustadoramente rápida.

-- Eu... Não esperava que você aceitaria isso tão rápido, Senhorita Merdava... "Eu também não esperava aceitar isso..." -- Yuuma sentiu-se envergonhado ao ver a reação de Asuka, que não parecia crer no que ele estava dizendo... -- "Desde o começo, já foi algo sem noção termos uma cavaleira de um país desconhecido do mapa, mas o que mais me impressiona é que, até agora, nem eu sei bem o motivo que me trouxe até aqui..." -- Yuuma percebeu que essa conversa, por mais que esteja havendo progresso, levaria um bom tempo até se resolver completamente... -- Hanaori-san, perdoe-me pela pergunta, mas, o que irá acontecer com ela daqui pra frente? -- Questionou, almejando saber o destino da "intrusa". -- Porque, deixando a teoria de Isekai de lado, ela ainda não tem nenhum documento, condição de viver, especificamente dinheiro, e, talvez, nem conhecidos aqui no Japão, creio que isso levaria tempo para se ajeitar.

-- É claro que eu não vou ficar aqui, então não preciso de tais. Eu só tenho que voltar para o meu próprio mundo com urgência. -- Dizia, ganhando algum tipo de confiança que superava a irritação anterior, agora que parecia ter uma ideia melhor de sua própria situação. -- ...Mas você sequer sabe como fazer isso? -- A mulher mais uma vez tinha uma pausa, ficando pensativa por o que pareciam ser dois minutos inteiros até concluir a resposta mais óbvia possível: -- Não. De fato. -- O policial finalmente deixava sair seu primeiro suspiro de frustração. -- O máximo que eu consigo pensar é um abrigo de sem teto, não é como se um país de outro mundo tivesse algum tipo de embaixada. -- Um protesto era imediatamente ouvido. -- Inaceitável! Eu sou praticamente realeza! Simplesmente inaceitável!

-- O senhor acha que ela vá aceitar viver (sem causar problemas) no abrigo tão facilmente? -- Suspirou Yuuma, pois já sabia que Merdava continuaria a causar mais problemas daqui pra frente e deixá-la num abrigo poderia fazer com que ela piorasse, ainda mais depois da mesma não ter se alegrado com a ideia proposta... -- Hanaori-san, nós podemos rapidamente conversar lá fora? Você nos aguardaria aqui, Senhorita Merdava? Sinto que podemos conseguir resolver a sua situação de uma forma mais "pacífica". -- Obviamente, suas últimas palavras foram para fazer com que Merdava não saísse daquela sala, qualquer besteira e tudo o que haviam concluído até agora seria jogado em vão.

-- Hanaori-san, eu sinto que ela só continuará a causar problemas em um abrigo, ela já se mostrou extremamente apreensiva e até mesmo chegou a atacá-lo com sua espada, então... Eu sinto que tenho uma proposta... -- Um momento de hesitação, seu dia já foi repleto de loucuras, então assumir essa responsabilidade poderia lhe custar bem mais de sua mente e bem-estar... Mesmo assim, algo deveria ser feito. -- Se me permitir, ela poderia morar comigo até que consigamos resolver esse assunto? Eu moro sozinho e tenho dois quartos vagos em minha casa, mesmo que pequenos, ainda conseguem abrigar as visitas. -- "Não que eu tenha tido alguma visita nos últimos dois anos", pensou Yuuma... -- Podemos fazer com que a Polícia monitore seu comportamento e isso também daria tempo para ela "se acostumar" com esse lugar e, quem sabe, torná-la uma cidadã legal? Afinal, ela não pode andar por aí sem nenhum documento, o que complicaria ainda mais a vida dela.

-- Hmm, eu concordo...Na verdade, isso nos ajudaria muito. -- Dizia, deixando o alivio aparecer em sua expressão. -- Eu não queria forçar nada em você, mas se você estiver disposto, isso é algo que podemos fazer. Eu precisaria que você assinasse algumas coisas, no entanto. E é claro que também precisamos do consenso dela. -- Explicava alguns procedimentos técnicos sobre como Yuuma teria que fazer um testemunho escrito, além de assinar uma carta de responsabilidade e outras bugigangas burocráticas envolvidas que levavam alguns minutos para serem explicados.

-- Eu posso ser um professor e já ter visto vários tipos de alunos, mas sinto que essa será uma tarefa que irá sugar bastante de mim, haha... -- Usa pequena risada junto de sua mão direita, coçando sua nuca, finalizava a conversa privada com Asuka, aceitando os requerimentos necessários para tal. Ao voltar para dentro da sala, Yuuma dirigia-se até Merdava, explicando a situação: -- Senhorita Merdava, eu conversei com Hanaori-san e queríamos saber se está disposta a ficar em minha casa até encontrarmos uma forma para resolver esse problema? É uma casa simples, mas posso garantir que terá uma cama para dormir e que não passará fome. Só precisaremos manter contato com Hanaori-san, caso surja algo novo para esse caso, que tal?

-- A mulher ainda parecia insatisfeita, pensando enquanto apoiava seus cotovelos na mesa pro algum tempo, até finalmente responder com uma voz hesitante. -- Certo, mas me devolvam minha espada. Eu a rendi momentaneamente como símbolo de cooperação, mas não pretendo dá-la a vocês. -- Asuka não parecia contente em atender aquele pedido, mas cedia um pouco com uma expressão descontente. -- Nós podemos devolver, mas você tem de se comprometer a não levá-la para fora de casa. Eu não sei como as coisas são em seu país, mas aqui não é legal portar uma arma. -- A mulher parecia descontente, mas acabava por concordar. -- ...Pois bem. -- Finalmente, após Yuuma concluir alguns procedimentos democráticos, inclusive conseguir uma cópia de seu testemunho pra que pudesse justificar sua falta no trabalho, os dois estavam liberados para sair da delegacia e se encontravam na rua, em frente a mesma.