Gao Tomokazu 05 - O Desafio do Príncipe

- Viravam os rostos de um lado para o outro, mas não viam nada. A ponte balançava, o outro lado ainda não podia ser visto. Hiroto se agarrava às cordas, tentando ao máximo não mover nenhum músculo abaixo do pescoço. Outro vento vinha, fazendo os garotos quase perderem o equilíbrio. A ponte era resistente, balançava de um lado para o outro mas não dava sinais claros de que iria arrebentar. - "De onde vem isso? Apareça, seja quem for!" - Hiro gritou, apenas para piorar a situação e fazer a ponte balançar ainda mais. Precisaram se agarrar ainda com mais força, dar um passo para frente era um convite para caise sabe-se lá onde. Voltaram a ouvir risadas. Do nada, para a surpresa de ambos os garotos, uma figura apareceu do lado inicial da ponte, completamente coberta pela escuridão. Parecia humano, mas seus braços eram muito longos e suas pernas muito curtas. - "Quem lhes deu autorização para cruzar a ponte?" - Avançava alguns passos, finalmente revelando sua forma. Era um macaco, um macaco gigante, maior que a maioria dos homens, deveria ter pelo menos 2 metros. Seu pelo era completamente branco, seus olhos brilhavam como ouro. Carregava um pequeno bastão em uma das mãos. - "Deem a volta. Se tentarem fugir, derrubo a ponte."

NPC Presentes:

-- Nós recebemos ordens de um jounin pra fazer este caminho.Eu não sei quem ou o que é você, mas esse ainda é território sobre jurisdição da aldeia da folha, portanto isso deve ser mais que o bastante de autorização. -- Dizia, fazendo seu melhor para manter a calma.A verdade era que o balanço, embora por si só não fizesse muita coisa, acabava criando uma sensação terrível de enjoo devido à vertigem que provocava ao garoto se lembrar de onde estava. -- E além disso, não tem nenhum caminho pra voltar.Essa é a única saída da caverna nesse momento.

- Disso eu sei, gênio. Quero saber porque estão atravessando a ponte sem terem passado no meu teste. - Um sorriso podia ser visto, exibindo seus grandes dentes. - Voltem aqui e vamos fazer isso como deve ser feito. Esta é a segunda parte do treinamento, eu chamo de O Desafio do Príncipe Macaco." - Esticou os braços, seu bastão magicamente cresceu ao ponto de atingir o chão. - "Acha que devemos confiar nele?" - Hiroto disse, bem baixo, para Gao. O garoto observava o macaco, não tirando os olhos dele uma vez sequer.

-- Ele parece saber de mais pra estar tentando nos enganar, ele deve ser uma das invocações do Takehiko-sensei. -- Além do mais, até onde sabia, não existiam macacos sapientes que viviam naturalmente no mundo ninja. -- Nós não ficamos sabendo de nenhum teste.Vamos voltar agora. -- Anunciava suas intenções, conforme fazia cautelosamente o caminho de volta.Na verdade, estava aliviado que isso tinha se resolvido de maneira tão simples.Negociar com algum tipo de criatura desconhecida provavelmente seria bem mais difícil que passar em um treinamento para o exame chuunin.

- Sem motivos para protestar, Hiroto acompanhou Gao no caminho de volta para o começo da ponte, ambos sendo observados pelo macaco, que não saia de sua pose. Demoraram alguns minutos até conseguirem voltar, haviam avançado mais do que haviam pensado. Quando finalmente deixaram a ponte, o macaco voltou alguns metros e sentou no chão, seu bastão voltando ao tamanho normal. Fez sinal para que eles o acompanhassem. - Vamos jogar um jogo aqui, será um desafio interessante. O Takehiko teve que passar por ele também, embora quando o time dele veio aqui eles pareciam mais velhos que vocês dois... e bem mais fortes." - Tossiu levemente, como que se lembrando de que estava desviando do assunto. - "Enfim, isso não é importante agora. O desafio é bem simples: teremos três perguntas cada time, quem acertar mais vence. Em caso de empate, cada um fará mais uma pergunta até que um time acerte e o outro erre. Será sempre bate-volta, um time faz uma pergunta por vez. Não vale perguntas de cunho pessoal, não sei o nome da mãe de vocês e nem vocês o da minha, tampouco perguntas sobre a vida de terceiros. Entenderam?"

-- Hmm, acho que entendi.Basicamente, nós podemos perguntar qualquer coisa que seja plausivelmente respondível? -- Aquele era um teste mais complexo do que parecia na superfície, o bastante para preocupar Gao.Que tipo de pergunta faria o seu "oponente", e ainda, quais são os conhecimentos que ele domina?Aparentemente, ele era bem mais velho que os dois garotos, então certamente se provavaria um adversário formidável.O fato de que seu sensei tinha feito o teste quando mais velho também mostrava que provavelmente todo aquele treinamento era pra ser bem difícil.Se sentava no chão, esperando o começo do jogo.

- "Em outras palavras, este é um jogo de charadas.", Hiroto dizia. Ainda observava o macaco, parecia incomodado ou desconfiado. - "Sim e talvez. Não precisam se restringir a charadas, qualquer pergunta dentro das regras é válida. Ah, mais uma coisa, a parte mais importante e que sempre me esqueço." - Novamente sorria, mostrando seus dentes, sua língua passou por suas grandes presas e seus olhos se achataram. Se você vencerem, o caminho estará livre. Se eu vencer... terão que me enfrentar em uma luta. Agora vamos começar! Como sou o anfitrião, deixo para vocês a primeira pergunta."

- "Quer fazer as honras, Gao?"

-- Eu posso tentar, mas não garanto que vou fazer bem algo assim. -- Era a primeira vez dele em algum tipo de jogo intelectual, mas faria seu melhor.Vencer aquele macaco numa luta não parecia uma tarefa fácil, mas se chegasse à isso, era melhor atrasar o jogo o máximo possível, para que pudessem recuperar as energias que perderam na exploração da caverna.Gao tinha dificuldade em pensar em uma pergunta desafiadora. -- Hmmm...então...qual é a pior parte da carne de um animal selvagem?Isso não é uma charada, é uma pergunta direta de gastronomia.

- A pior parte? Hmm, não sei, não sei... - Coçava o queixo com o dedo indicador. Olhou para cima, tentando buscar uma resposta. - Isso é complicado, nós não comemos animais selvagens, bem a maioria de nós ao menos. Mas a pior parte... imagino que a que estiver podre, certo?

- Hmm, hmm, entendo. Um ponto para vocês então. Agora é a minha vez, vejamos... será fácil. O que é seu, mas todo mundo usa?" - Uma charada, como Hiroto havia dito. O garoto se preparava, olhou para Gao, franziu a testa e começou a pensar.

-- Era uma pergunta surpreendentemente difícil, considerando o quão idiota ela parecia.Soava como o tipo de coisa que estaria num livro de enigmas pra crianças, mas a quantidade de respostas possíveis era atordoante.Talvez ele estivesse falando de um bem, já que existem muitos que são emprestados com frequência, mas de alguma forma isso parecia matar o propósito de ser uma charada. -- Um título de profissão...eu acho.Por exemplo, eu sou um gennin, mas todos os ninjas em algum ponto também são.Então "todo mundo o usa".

- Sua lógica está certa, mas você não é um gennin, apenas está gennin, algum dia, querendo ou não, deixará de ser. A resposta certa é "nome". Estamos empatados. Sua vez novamente. - Ei, Gao. Você pergunta novamente e eu tento responder a próxima, certo? - Disse Hiroto. Parecia estar pensando em charadas havia um bom tempo.

-- Deixa eu pensar em algo... -- Da última vez tinha derrotado ele pensando em algo que ele provavelmente não saberia.Então deveria pegar mais coisas que só humanos tinham acesso comumente como suas armas.Mas mesmo isso não era tarefa fácil.Acabava concluindo que coisas relacionadas às artes e tecnologia seriam bom pontos, embora não os dominasse muito. -- Flores no geral são quase todas apreciadas por mulheres, mas geralmente namorados usam rosas em presentes ao invés de qualquer outra, porque isso?

- Flores? Vocês dão flores para suas namoaradas? Hmm, justo, justo. Mais um ponto para vocês, 2 a 1. Agora é a minha vez. - Parava para pensar, novamente coçando o queixo com os dedos. - O homem que me inventou não me quer, o homem que me comprou não precisa de mim, o homem que precisa de mim não sabe. Quem sou eu? - O macaco perguntou. Hiroto olhou para Gao e para o macaco, e depois para Gao novamente, fazendo sinal de positivo com a cabeça. Primeiro ficou em silêncio por pouco mais de um minuto, que parecia ter durado uma eternidade, e então se levantou. Deu alguns passos para frente, outros para trás, parecia estar tentando se desligar de tudo e focar-se apenas na charada. Fechou os olhos e parou. - Já sei! Caixão é a resposta.

- O macaco respondeu com pequenas palmas. - Parabéns, agora a vantagem é de vocês. Apenas me façam errar a próxima pergunta e terão a vitória.

--Hmmm... -- Precisava de algum tempo para pensar.Hiroto ajudou bastante com aquele acerto, agora só precisava colocar o prego no caixão e aquela partida estaria terminada.Tinha certeza de que estava na pista certa nas suas últimas questões, então precisava pressionar mais um pouco. -- Qual o menor número de cortes pra se cortar queijo em 8 partes?

- Cortes, é? Sou do tipo que prefere armas sem lâminas. Mas vejamos, vejamos... - Era agora o macaco quem se imergia em pensamentos, assumundo sua pose de coçar o queixo. - Acredito que três, estou certo?

-- Na verdade não, a resposta correta é 1. -- Dizia, com uma face confiante.Seu pai tinha pego ele nessa uma vez e ainda se lembrava.Foi uma das poucas vezes que tinha tido uma conversa normal com ele, que não envolvesse responsabilidades ou o clã. -- Se você pensar no queijo como um pedaço sólido, como um rolo ou "pedra", você precisa de 3.Mas eu não especifiquei, portanto a resposta tem que ser a menor possível, isso é, 1.Porque se você dobrar uma fatia de queijo 6 vezes como uma sanfona e cortar ela no meio, você terá 8 pedaços sem precisar de outro corte.

- O macaco soltou uma grande gargalhada. - Parabéns, a vitória é de vocês. O caminho para a ponte está aberto. Mas antes de irem, espero que o principal objetivo deste treino tenha servido para vocês: sempre esperem o inesperado. O Exame Chunnin é quase imprevisível, a única certeza é que em algum momento vocês terão que tentar sobreviver em algum ambiente e lutar, portanto é importante sempre manter a mente focada no presente. Boa sorte, garotos, a próxima parte é a última. - O macaco não esperou resposta, deu um pulo e simplesmente desapareceu. - Isso foi mais difícil do que pensei que seria... acha melhor continuarmos logo?

- Hiroto acenou e ambos seguiram para a ponte. Depois do que haviam passado ela parecia agora menos ameaçadora, mas ainda perigosa. Deram os primeiros passos, Hiroto foi na frente, e não demorou muito para chegarem onde estavam antes. A cada passo depois disso a ponte parecia ficar mais instável, como se os estivesse desafiando a não cair. Após pouco mais de cinco minutos e dez ou doze passos, já era quase impossível ver o que estava na frente. Continuaram mesmo assim, dando praticamente um passo por minuto até enfim chegarem ao final. O cenário lá era quase que o mesmo anterior, mas apenas uma pequena porta os separava da parte seguinte. Nela havia um bilhete que Hiroto pegou e leu, nele dizia "avancem com cuidado, uma vez que entrarem não poderão sair". - Mais um teste de resistência, heh? Acho melhor descansarmos antes de entrar.

-- Gao procurava um bom lugar ali por perto e se sentava. -- Tem razão, é uma boa ideia acalmarmos nossos nervos, pelo menos.Quanto de comida e água ainda temos? -- Talvez fosse uma boa ideia comer um pouco antes de prosseguir, afinal, não havia garantia de que teriam o tempo de fazê-lo uma vez que entrassem.O gorila tinha dito que aquela era a última prova, mas nada garante que ela não consistia de várias partes. -- Ainda bem que nós conseguimos derrotar ele naquele jogo, eu não sei se aguentaria outra prova depois de lutar contra alguém daquele tamanho.

- Acho que ainda temos os mesmos dois ou três dias. E acha mesmo que venceríamos ele? Quer dizer, ele se apresentou como sendo um príncipe, se for mesmo um herdeiro do Rei Macaco, dúvido que simples gennins sequer tenham alguma chance. Acho que precisaríamos de muito mais que os simples jutsus genéricos que temos pra isso, fisicamente só os melhores usuários de taijutsu conseguem se equiparar com os macacos, ou ao menos é o que dizem.

--Então vamos comer um pouco. -- Dizia, pegando um pedaço de pão e o mastigando lentamente.Quando finalmente terminava, respondia a pergunta de Hiroto. -- Eu não sei, mas não acho que alguém possa ser invencível individualmente.Talvez com alguma sorte e estratégia desesperada conseguiríamos derrotar ele.Mas é mais uma questão de não termos escolha, se temos que lutar, é melhor lutar pra vencer, não acha?

- Hiroto aproveitava para também comer o pão, porém mastigando de uma forma bem mais apressada que Gao. - Aqui não tinhamos opção de fugir, mas e se fosse em um campo de batalha?Se terminarmos cara a cara com um jounin bem mais poderoso que nós, e que conseguiria facilmente nos tirar a vantagem númerica com clones, o que você faria?Enfrentar, pelo menos diretamente, é suicídio.