Kurama Mamoru 05 - Passado e Futuro

- Eu me considero bem burrinho mesmo, mas eu odeio quando as pessoas me falam isso. O que te faz pensar que você tem o direito de falar assim comigo, Osamu Ryouta? - Respondia com igual hostilidade, mas não parecia se irritar. - Está claro que você não quer participar dessa missão, então por que você se importou em vir? Se você está tão irritado assim, é melhor você voltar para casa e tomar café com leite. - Se virava totalmente para Osamu. - Se você não tem interesse em vir, tudo bem. Eu vou com a Shun e digo para a sensei que você se machucou ou algo do tipo, mas não precisa vir com a gente. Você só vai acabar atrapalhando, e ninguém aqui vai bajular você.

Osamu encarou Mamoru por alguns segundos. Sua mão foi até o cabo da lança e voltou. - Quem você pensa que é para tentar mandar em mim, Mamoru Kurama? Um ninja mediocre e que nunca vai conseguir qualquer prestigio na vida como você realmente deve achar fazer algo assim o máximo, é a sua chance de se iludir, de pensar que tem realmente habilidade pra alguma coisa. Ela está apenas brincando com a gente, não consegue ver? Se ficarmos brincando de pega-pega ou procurando gatos em uma floresta nunca estaremos no nível para passar no Exame Chunnin. Isso é bom para você, Kurama? Desgraçar ainda mais o nome da sua família?", o rosto de Osamu se contraia a cada palavra, fechando cada vez mais. - "Ei, Osamu, calma... é só mais um treino...", Shun tentava agir como conciliadora, mas sem saber exatamente como agir. O clima ficava mais pesado, os dois garotos se olhavam diretamente, faiscas saindo de seus olhos.

- O que, você acha que eu me importo com o nome dos Kurama? Eu não poderia ligar menos. - Mamoru começava a legitimamente se irritar, apesar de suas palavras. - Eu vou dizer mais uma vez. Se você não está interessado, não vá. Ninguém vai forçar você. - Essa era a base de Mamoru. Não perderia tempo rebatendo provocações como aquelas. - Para alguém que foi para o inferno e voltou, essa sua birra infantil não é mais que uma pedra ao lado da estrada. - Quando percebeu a mão de Osamu na lança, simplesmente riu. - Oh, então essas são as verdadeiras cores de Osamu Ryouta. Você não consegue lidar com as coisas não indo da maneira que você quer, então se prepara para apontar sua arma para mim. Mas... - Simplesmente se virava, não aumentando sua guarda em qualquer momento. - Eu não vou lutar com você, Osamu. Eu não tenho razão para isso. Meu poder vai ser usado para destruir o mundo, e nada mais. Usá-lo contra alguém como você, que não passa de uma mera agitação, seria uma desfeita com todo meu esforço até aqui. - Olhava para a própria mão, começando a andar. - Você vem, Shun? A sensei já deve estar esperado. Deixe ele fazer o que quiser.

Osamu ficou em silencio. Após ouvir as palavras de Mamoru, apenas partiu com velocidade em direção ao leste. Ao que parecia, iria tentar sozinho. - "Cara... eu realmente não esperava isso. Quem diria que o Osamu tranquilo e chato poderia ficar irritadinho tão fácil. Vamos lá, eu sou mais rápida, vou na frente", Shun esperou alguns segundos para a confirmação de Mamoru e liderou o caminho.

Do lado de fora da Vila, tiveram a visão habitual. A floresta fechada, névoas e água, muita água. Podiam ouvir alguns pássaros e o movimento de folhas, mas nenhuma alma humana parecia estar por aquelas bandas. Era óbvio que a sensei não os esperaria na frente da floresta, deveriam encontra-la afinal de contas. Estavam sobre os galhos de uma grande árvore, de onde podiam ver um pouco da floresta. - "Ela não iria andando, iria? Mas se fosse seria bom, com tanta lama é fácil perceber pegadas... Acha que ela vai tentar se esconder em um lugar fixo, Mamoru?" , Shun olhava para todos os lados buscando por algum sinal, mas via apenas lama e árvores cobertos de névoa.

- Estava visivelmente abalado com a troca que havia ocorrido com Osamu pouco antes, demorando um pouco para responder Shun. - Tem dois de nós, então deve ser possível cobrir uma boa parte da floresta. - Mamoru dizia, analisando seus arredores. - Se ela se mover, ficará fácil perceber as pegadas na lama, por isso eu acredito que ela ficará em um único local. - Mordia a unha. Aquilo poderia ser mais difícil que imaginavam. - Mas a sensei é imprevisível... talvez nós estejamos caindo no plano dela. Vamos só continuar percorrendo a floresta por enquanto, e prepare qualquer jutsu se necessário. Eu vou por cima e você vai por baixo, mas vamos tentar não nos afastar demais. Me chame se ver qualquer coisa.

A garota acenou com a cabeça. - "Lembre-se qu eu sou a mais forte, Mamoru", e desceu do galho, tomando a dianteira. Mamoru seguiu reto por tempo, Shun sempre visível mais abaixo. O máximo que encontraram foi um coelho negro de olhos amarelos, que logo desapareceu. Lá em cima, no céu, Mamoru conseguia ver que grandes nuvens negras logo se aproximavam e tomavam conta da paisagem, anunciado mais uma chuva para o futuro. A sensei não havia deixado qualquer sinal. Após algum tempo, Shun gritou de baixo, em uma voz que ecoou por toda a floresta - "Ei, Mamoru! Ela deve ter se teletransportado usando algum ninjutsu, acho qu não deve ter deixado rastro nenhum", a garota continuava andando e olhando para todos os lados, no entanto.

- É possível, mas eu preferia que não fosse assim. - Descia, de encontro a Shun. - Também devemos considerar a possibilidade dela ter utilizado o Henge no Jutsu, o que quer dizer que ela pode ser um animal ou até mesmo essa árvore aqui. - Batia duas vezes na árvore mais próxima. - A floresta é grande, e não podemos gastar chakra à toa assim... droga, sensei! Eu acho o seu gato e é assim que você me retribui?! - Gritava com as mãos no cabelo.

- "O gato...", Shun parecia estar tendo uma ideia. Passou a mão no queixo, depois bagunçou seus cabelos ruivos e por fim conseguiu falar. - "E se trouxessemos ela até nós? Poderíamos trazer o gato até aqui e ameaçar fazer alguma coisa com ele? Isso com certeza faria ela vir correndo. Hehehe, você é um genio, Shun."

- Isso é golpe baixo. Adorei. - Osamu dizia, legitimamente impressionado com a ideia de Shun. Na verdade parecia mais engraçada que realmente útil, então parecia algo realmente divertido de se tentar. - Entendi, vamos tentar isso. Mas se a sensei perguntar a ideia foi sua e eu fui totalmente contra.

Shun ria levemente. - "Tudo bem, Mamoru, eu irei te proteger da sensei. Mas é melhor não se acostumar, certo?, dava um pequeno soco no ombro do garoto. - "Eu vou lá buscar o gato, sou bem mais rápida que você. Me espera aqui, ok?", e saiu assim que terminou a frase. A velocidade de Shun era realmente impressionante, já estava longe antes mesmo de Mamoru pensar em responder. Mas ela iria demorar algum tempo para voltar, e nesse meio tempo Mamoru poderia agir ou apenas esperar.

- Esp-- argh, eu ia dizer que era melhor irmos juntos, mas acho que subestimei a inconsequência dessa garota. - Colocava a mão no cabelo, enquanto permanecia em pé sobre a névoa. Preferia apenas esperar, já que poderia se perder de Shun se trocasse sua localização. Se perdia em pensamentos, logo lembrando de Osamu. - Só espero que aquele idiota não faça nada estúpido... - Pensava. Ele sabia que, como um time, eles não poderiam ficar intrigados daquela maneira, mas a bagunça já estava feita. E, no fundo, Mamoru sabia que era orgulhoso demais para tentar consertar as coisas da própria vontade. - Acho que ainda sou uma criança por dentro...

O membro 'Guerreiro Spiral' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D6' : 1, 1

Enquanto se perdia em pensamentos, Mamoru deixou o ambiente a sua volta passar totalmente despercebido, pequenos animais indo e vindo. Um desses animais, um pequeno coelho, acabou por fim chamando a atenção do garoto. Era um tipo silvestre, marrom, estranho estar por essas partes. Mas mais estranho ainda foi o que aconteceu em seguida. Saindo de aparentemente lugar nenhum, um felino gigante saltou sobre o pequeno coelho e partiu seu corpo com apenas uma mordida. Mamoru foi surpreendido, deu um pequeno salto para trás e ficou imóvel. O felino se assemelhava com um... tigre branco? Mas era impossível, tinha visto estes apenas em pergaminhos, nenhum tigre vivia por perto, ainda mais um branco. Nem mesmo no País do Fogo existiam tigre, então como?
O tigre branco observava o garoto. A parte traseira de seu corpo se erguia, seus dentes se cerravam, mostrando suas grandes presas.

- Um tigre...? O que diabos está acontecendo aqui? - Puxava sua kunai, mas sabia que era fútil. Tigres são predadores extremamente poderosos e são capazes de matar homens adultos com apenas um golpe, Mamoru em si não possuía qualquer chance. Poderia utilizar algum jutsu, mas isso apenas o compraria tempo. Mas não tinha tempo para pensar nisso: a própria absurdez daquele evento já pesava em sua mente - O-oe, cara, você não tá planejando me devorar mesmo, né... eu não sou muito saboroso, e tenho uma tartaruga e um hamster em casa que precisam de mim. - Dizia legitimamente nervoso, mas sabia que suas palavras não chegariam ao animal. Pulou para o alto da mais alta árvore nos arredores, de modo a retardar o encontro do tigre com seu corpo. - "Ele não pode subir algo tão alto... né? Eu sei muito pouco sobre tigres, droga, eu só aprendi o básico na academia!"

- O tigre branco apenas observou Mamoru, tomando um passo para trás quando ele fez o súbito movimento de subir a árvore. Ele observou mais um pouco o garoto em cima da árvore e, após algum tempo, apenas agarrou a carcaça do coelho e saiu sem sequer olhar para trás, para o alívio de Mamoru. Sabendo o básico sobre predadores, resolveu ficar mais algum tempo na árvore para sua própria proteção. - "Isso foi bem inesperado, não foi?, uma voz disse enquanto se aproximava. Mamoru precisou apenas virar o rosto à esquerda para ver sua sensei, que já estava na árvore ao lado. - Esse tigre não deveria estar, é muito longe de seu habitat natural. Parece que você tem uma conexão forte com essa espécie, hein, Mamoru?", pulava para a árvore em que Mamoru estava. - "Onde estão seus parceiros? Resolveram se dividir para me procurar?"

- Era pego relativamente de surpresa por sua sensei, mas apenas virava a cabeça para o lado com a primeira afirmação. - ...é. Primeiro na ilha, depois aqui. - Se lembrava do mascarado no primeiro teste, o que lhe trazia memórias ruins. - A Shun foi... foi... ah, você verá. - Se a bomba fosse explodir, que explodisse em outra pessoa. - E o Osamu... - Seu rosto se fechava mais, desviando o olhar. - ...ele foi procurar você, sensei.

- Ele foi me procurar? Mas todos os três deveriam estar me procurando. Problemas no Paraíso, certo?, Yuko dava um pequeno riso com o lado da boca, mas mostrava uma face de desaprovação. - "É normal que grupos briguem no começo, imaginei que fosse acontecer, principalmente com vocês dois. Mas o que causou isso, Mamoru? E por que você deixou o Osamu se separar do grupo?"

- Osamu... provavelmente ficou irritado comigo ou algo do tipo. Acho que é natural. - Abraçava seus joelhos, mantendo equilíbrio na árvore. Seu tom era de certa melancolia. - Ele me falou de como isso tudo aparentemente era inútil e não ajudaria de nada no exame Chunnin, essas coisas... mas eu não estava realmente tentando convencê-lo do contrário. - Seu olhar era vazio. - Eu só projetei minha raiva sobre ele. É o tipo de coisa que eu costumo fazer. - Escondia seu rosto. - Desculpe, sensei, mas eu não acho que esse time vai dar certo. Eu me dou muito bem com a Shun, até certo ponto, mas minhas diferenças com o Osamu são simplesmente grande demais para ignorar. Especialmente depois de hoje.

- "Esse é o ponto dos times, Mamoru. Em boa parte das missões e principalmente em uma guerra, você não escolhe com quem vai se juntar para lutar lado a lado. Aprender a colocar as diferenças de lado é o básico para qualquer ninja. Eu imaginei que o Osamu fosse ficar irritado com isso. Ele sempre esteve entre os melhores e por isso acha que deveria pular todo o básico. Se dependesse dele, provavelmente etaríamos fazendo uma missão Rank A agora...", a mulher parava de falar. - ...mas quem nega o básico nunca domina o complexo. Mas, mais importante que isso, por que a Shun está vindo pra cá com o Sr. Bigodes?"

- E-eu não sei, eu sou uma vítima nisso tudo. - Engolia seco, olhando para cima como se ignorasse o peso da situação. - E-eita, parece que vai chover. Melhor a gente encontrar o Osamu e continuar andando, né?! - Estava praticamente tremendo. - A-aí, S-Shun, seu plano molhou! P-pode voltar com o g-gato agora!

Shun se aproximava rapidamente, mas com o tempo foi perdendo a velocidade. Do alto, sobre as árvores, os olhos de Yuko encontravam diretamente os da garota. Rapidamente a mulher saltou para onde a garota estava, e antes que Mamoru pudesse sequer pensar em escapar um clone o agarrou por trás. Yuko tinha um alvo óbvio, suas mãos demonstravam isso. Agarrou o gato das mãos de Shun, que ficou imóvel, apenas esperando pelo fim de sua vida. A mulher acaricou o gato enquanto Shun estava paralizada e Mamoru era cada vez mais segurado com mais força pelo clone. Sem avisar, o clone levantou Mamoru e o levou até onde estavam Shun e Yuko, que entregou o gato e deu comando para o clone deixa-lo em casa. - "O que vocês planejavam com o Sr. Bigodes? Apenas respondam, respondam e irei decidir se mato ou não vocês", não dava para saber se Yuko estava apenas blefando ou falando sério. Shun continuava em choque, mas tentou ensaiar uma resposta. - "Eu... e.... o M-Mamoru pensamo.... pensamos que poderíamos.... poderíamos te.... te... t-te at-atrair... FOI IDEIA DELE EU APENAS PEGUEI O GATO!", gritou desesperada e inesperadamente a garota.

- QUE DIABOS VOCÊ TÁ FALANDO ISSO É EXATAMENTE O OPOSTO DO QUE VOCÊ DISSE VOCÊ PROMETEU QUE IA ARGH ARGH ARGH - Mamoru não sabia exatamente o que dizer. Nem mentir nem falar a verdade pareciam adiantar naquela situação. Estava praticamente em prantos, praticamente gritando enquanto olhava para todos os lados possíveis em busca de uma saída. - EU NÃO FIZ NADA EU SÓ CONCORDEI FOI ELA QUE PEGOU O GATO ELA DISSE QUE IA PEGAR MEU DINHEIRO DO LANCHE SE EU CONTASSE PRA ALGUÉM SENSEI ME AJUDA EU SOFRO BULLYING!!

- "NÃO IMPORTA QUEM DEU A IDEIA!", Yuko gritou. Era uma visão no mínimo estranha, ver e ouvir Yuko gritar era algo que nem Mamoru nem Shun esperavam em suas vidas. - "O que importa é que vocês fizeram, ao menos tenham a decência de admitir. Escutem, eu consigo ver perfeitamente o plano de vocês, mas apenas vou lhes dar um aviso: toquem no Sr. Bigodes com más intenções novamente e eu prometo torturar vocês até o ponto em que a morte vai parecer um destino gentil. Ah, coitado do Osamu, tem que estar no mesmo time que esses dois demonios sem coração...", Yuko se lamentava, finalmente superando o estado de fúria. - "Falando nisso, irei trazer ele pra cá, me esperem aqui."
Yuko desaparecia na floresta, deixando Shun e Mamoru para trás. Permaneceram imóveis por algum tempo, o medo ainda percorrendo cada parte de seus corpos. - "...essa foi minha última ideia, Mamoru. Pensar faz mal, muito mal...", Shun dizia, seus olhos completamente abertos de medo.

- Definitivamente. - Mamoru não via escolha além de concordar. - Só... me deixe fazer os planos de agora em diante, tá bom?! Eu não quero ter que enfrentar a sensei de novo como hoje... - E devia lembrar de nunca, em hipótese alguma, fazer algum mal para o gato.

Após algum tempo de espera, usado principalmente para superar o trauma, Shun e Mamoru finalmente viam as silhuetas de Yuko e Osamu se aproximando. Vinham conversando, ao que parecia, mas a converas terminou antes que pudessem ouvir sequer uma palavra. - "Aqui estamos todos nós. Não posso dizer que passaram na primeira parte do teste, mas também não falharam. O que aconteceu, como disse, é normal em qualquer time recém-formado. Com o tempo as diferenças são superadas e as novas forças conquistadas, mas devem trabalhar para isso. Agora vem a segunda parte, e provavelmente a mais chata. Vamo andando, apenas me sigam e mantenham o meu rítmo. Lembrem-se: apenas andem. Pulem apenas se eu pular, parem apenas se eu parar. Não voltarei para ajudar ninguém que ficou para trás por conta própria."

E assim seguiram. Foram cada vez mais adentrando na floresta, não demorou muito para suas roupas começarem a ficar sujas. Yuko estava indo a passos lentos, o que não ajudava muito. Continuaram por duas horas, então três e logo quatro. O cansaço começava a aparecer, as pernas pareciam mais pesadas. Estavam acostumados a correr ou saltar por uma hora sem parar, mas andar lentamente era diferente. O cansaço se unia ao tédio, tornando todo o exercicio dificil. Após algum tempo, entraram em uma parte da floresta ainda mais densa, tinham que seguir em fila. Estava escuro, insetos passavam por toda parte e o frio tomava conta do lugar. Gotas começavam a cair do céu cada vez mais rapidamente. Eram gotas grossas, essa chuva seria forte. - "Cuidado para não se resfriarem", Yuko disse, logo à frente. A densidade das árvores os protegia de boa parte da chuva, mas tornava o frio ainda pior. - "Ei, Mamoru, acha que vamos seguir todo o caminho nessa velocidade? Eu vou morrer de tédio se continuar assim", dizia Shun.