Ryuuseigai Hunt Arc - 09

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»Domingo(02/03/20XX)
- O céu noturno demonstrava uma quantidade exorbitante de estrelas, todas distantes o suficiente para não influenciar de qualquer maneira o que se desenvolvia na superfície do planeta naquele momento. Em um ponto específico, Kuroo Zoldyck deixava um carro negro e ia em direção à uma modesta mansão no topo absoluto de Duelpolis, uma posição de poder que figurava à máfia local seu local diante dos homens que ali habitavam. Em sua frente, além do caminho de pedras que em momento algum parecia ceder para o jardim que o cercava, uma face conhecida permanecia em frente à porta iluminada por luzes artificiais, o interior da mansão refletindo um dourado que parecia ofuscar qualquer coisa que fosse colocada perto de si. - Já faz um tempo, Kuroo.

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Por mais polido que o tempo pudesse o tornar. Por mais refinado que os golpes da vida pudessem moldá-lo. Por mais que ao decidir colocar-se entre os pupilos do Dragão, escolhesse tomar certa distância do ofício empregado por sua família, ainda resistia algo dentro dele.


O carro seguia subindo pelo morro, em direção à Mansão. O silêncio reinava na boca de Kuroo Zoldyck. Um silêncio ilusório que escondia por completo a excitação do jovem : Seus pelos estavam completamente eriçados, e em sua boca reinava um sabor amargo, o sabor da derrota e da dor.
Ao fechar seus olhos conseguia ainda sentir o cheiro da fumaça, a sensação da sua pele sendo tostada pelo fogo, além da sensação incômoda de seus ossos das pernas fragmentados em tantos pontos diferentes que assustaria até o melhor dos cirurgiões.

-- Huh? já estamos próximos? -- O jovem levou as costas das mãos até os olhos, esfregando-os com certo vigor, como quem tenta acordar de um sono longo. Finalmente seu rosto podia ser visto em meio à escuridão, que lentamente dava lugar a luz artificial dos postes próximos à mansão. O carro finalmente parou para que o Zoldyck pudesse descer, e alí foi possível vê-lo : Postura austera, expressão inflexível e um olhar afiado. Vestia-se impecávelmente com uma camisa social branca, um típico colete utilizado por debaixo de ternos, calças jeans negras e um par de sapatos sociais

Respirou fundo e então olhou para a mansão. Estalou os dedos da mão esquerda enquanto se aproximava da figura já conhecida por ele : Albel. Desviou seus olhos para o céu por um momento, focando-se nas estrelas, e então pensando -- "Esse é meu problema. Eu levo o trabalho como se fosse pessoal, e...bem...Eu levo meu pessoal muito à sério" -- Ele tossiu de leve. Ao parar à frente de Albel olhou-o no fundo dos olhos com uma expressão firme e certeira

-- De certo, Albel. -- Respirou fundo -- É chegada a hora. Vamos? -- Seu tom de voz era como o mar sem ondas escondendo as criaturas que no fundo dele habitam. Correu seus olhos finalmente até a mansão.

- Albel dava um breve sorriso, mantendo suas mãos em seus bolsos em um gesto elegante. - Iremos em pouco tempo, Kuroo. Ainda temos que arrumar você. - Dizia, em seu tom usual. - Você está indo para uma festa, afinal. - Confirmava, sinalizando para que o rapaz o seguisse para dentro da mansão.



- O interior da residência era consideravelmente mais "comportado" que seu exterior, de maneira que mantinha uma elegância inexplicável sem ser exatamente extravagante. As luzes artificiais predominavam em lâmpadas de alto valor que eram agradavelmente distribuídas pelo hall, mas ofuscadas pelo grande lustre que pairava sobre as cabeças de Kuroo e Albel, os únicos ali presentes além de homens de terno preto que pareciam guardar todas as portas. Subindo as escadas, um grande quadro que mostrava a figura de dois jovens se sustentava em elegância.


- Ao mesmo tempo que aquilo parecia relativamente fora de lugar, o Zoldyck sentia que 'pertencia' ali. Como se a verdadeira casa daquela imagem fosse aquela, e nenhuma outra. A garota apresentava feições femininas expressivas e belas, com um ar de dignidade típica da nobreza sobre si. O garoto oscilava em uma linha tênue que separava sua masculinidade de suas características femininas, mas mesmo assim, em momento algum seria possível alguém distingui-lo por uma verdadeira mulher. O plano de fundo da imagem, que em momento algum chamava a atenção de Kuroo, gritava mediocridade, de maneira a afirmar que toda atenção deveria ser dada aos dois jovens. - Você aguardará um pouco em um dos quartos. Tem alguém que precisa ver você antes de partirmos.

Como assim me arrumar? Estou plenamente bem vestido para um momento como esse, Albel. Não vê? eu não distoo. Minha roupa é tão bela quanto as que irão utilizar. Sem falar que... -- Piscou lentamente, pensativo. Os homens estariam de olho nele, de fato. Valia apena tanto esforço assim? Preferiu pensar que sim. Sorriu e disse -- Não, você está certo. Talvez seja bom.

Seguiram pelo lugar então, até que parou perante um quadro, olhando diretamente para o mesmo. O que havia de tão misterioso naquilo? talvez fosse coisa de sua cabeça? se viu absorto em pensamentos, até que Albel os cortou -- Alguem que precisa me conhecer? huh? Sem problemas. -- Ninguem precisava conhecê-lo. Havia algo de estranho. No momento preferiu apenas seguir até o tal quarto para poder aguardar.

- Ah, eu não falei com objetivo de ofender. Mas o local para onde você vai possui um código de vestimenta especialmente rígido. - Explicava, em momento algum olhando para atrás. Subiam as escadas, tomando a esquerda em uma bifurcação e percorrendo mais alguns corredores até chegarem em um quarto que parecia igual à todos os outros. - Antes que continuemos, uma pergunta, Kuroo. - Albel pausava, antes de abrir a porta. - Você é um bom ator?

-- Eu me visto bem, ok? Não ofendeu, Albel. -- Por mais que dissesse aquilo, parecia ter tocado em um ponto sensível para o garoto : seu senso estético. Respirou fundo enquanto seguia o homem, sempre com a mão na cintura, próximo a bainha de sua katana. O que diabos Albel parecia estar pensando? Aquilo atiçava a curiosidade de Kuroo.

-- Huh? ator? Pelo amor de Deus, Albel, eu não sou um artista circense, eu sou um Assassino. -- Seu tom de voz tentava não ser alarmado ou sequer arrogante, mas, havia certeza em sua voz : Era um assassino, não um ator mambembe. Arrumou sua gola da camisa com a mão esquerda e logo prosseguiu -- Por que da pergunta? Se for envolvido ao trabalho, talvez eu possa...erm...improvisar

- Huh, entendo. Essa foi uma pergunta estúpida, realmente. Mas você vai precisar confiar nos seus dotes artísticos esta noite, Kuroo. - Explicava, abrindo a porta. - Pois você vai se passar por outro alguém hoje.


- O que se revelava na frente do assassino era uma sala elegante que fazia seu quarto na torre de batalhas parecer saído de uma residência de classe baixa em Padokea. Albel era pego de surpresa, porém, com a imagem de uma garota de vestes brancas elegantes e cabelos roxos sentada sobre uma cadeira vermelha com adornos dourados. - Ah, você já está aqui. - Albel exprimia. - É, e vocês demoraram bastante, Albel. - Parecia levemente irritada, mas sua expressão de maneira alguma revelava isso. - D-desculpe, ocorreram alguns imprevistos. De qualquer maneira... Kuroo. Esta é Stella. É ela quem vai 'arrumar' você. - Albel apresentava a garota, que respondia com um gesto elegante e simpático. - Stella consegue utilizar Nen para alterar as características físicas de um indivíduo, copiando perfeitamente os traços de uma pessoa. E nós vamos usar isso para colocá-lo dentro do navio onde o item que procuramos está escondido. - Finalmente revelava seu objetivo. - Acha que consegue fazer isso com esse cara, 'tella? - Albel perguntava, com um sorriso. - Se eu não conseguir, ninguém consegue. E pare de me chamar disso. - Reprimia. - Você já contou a ele os detalhes? - Perguntava. - ...ainda não. Eu ainda tenho que saber se ele está disposto a continuar com isso. - Olhava para Kuroo, como se esperasse uma resposta clara ali e agora.

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-- Albel, eu já disse que eu sou um assassino, certo? Se fosse apenas isso... -- Ignorando completamente o luxo do lugar, levou a mão esquerda até o bolso de sua calça, onde descansava um maço de cigarros de baixo orçamento. Levou um dos cigarros até a boca : O cigarro era preto, contendo uma única listra dourada que cobria um pequeno pedaço do mesmo. Levou a mão direita até o bolso da camisa, pegando um esqueiro negro e então acendeu o cigarro, voltando a falar com o cigarro sendo aceso

-- Mas meio que é pessoal, sabe? Todo aquele lance de... -- Deu um trago no cigarro. Encheu seu pulmão de fumaça, antes de solta-la : A fumaça era dourada, típico de cigarros baratos de Padokea. De alguma forma ele parecia um tanto quanto descolado em meio à névoa rala dourada que se formava ao redor do rapaz -- Ah, você sabe...o diabo sempre volta para tomar mais um drink.

Um sorriso foi visto no canto de seus lábios. Por mais que não houvesse falado sobre, provavelmente Albel sabia por meio de Allain sobre a emboscada que havia sofrido e a forma magistral como havia saído vivo.

Esperou então que a porta fosse aberta para poder olhar para a garota de longe. Era uma...criança? Em vestes tão elegantes quanto poucas vezes o rapaz havia visto. Ao ouvir o que Albel falava sobre o nome da garota, se aproximou e piscou para a mesma, como quem dizia "Olá"

Desembucha, Albel. Conte-me os detalhes. -- Buscou um lugar para sentar-se confortávelmente, cruzando as pernas. Deu mais um longo trago em seu cigarro. Era engraçada a cena : Em meio à tanto Luxo, por mais que Kuroo fosse o último resquício da nobreza dos assassinos, distoava no ambiente. Era como um príncipe trajado como um cavaleiro. Soltou a fumaça lentamente pelo nariz, com olhar apático na direção de Albel

- Não pareciam incomodados com a atitude do Zoldyck, mostrando que ambos já tinham certo costume com aquele tipo de coisa. - Certo, do começo então. - Albel limpava a garganta, pronto para iniciar. - Para formalizar sua aliança, as famílias Condello e Dojima organizaram uma cerimônia em um navio cruzeiro no porto de Duelpolis. Nós geralmente não nos envolveríamos nisso, mas nossos informantes nos revelaram que uma certa negociação acontecerá por trás das cortinas. - Pausava, se sentando. - É de extremo interesse da nossa família que esse item não caia nas mãos da família Condello, então nós temos que pegá-lo de alguma maneira. - Sorria. - E é aí que você entra, Kuroo. Você vai se infiltrar na festa, roubar o item, e trazê-lo até nós. Simples o suficiente, não é? - Não esperava qualquer reação do Zoldyck. - Mas seria suicídio mandar você lá pela frente, especialmente pelos usuários poderosos de Nen de ambas as famílias. Você sentiu na pele isso, não foi? O Allan me contou. - As suspeitas de Kuroo se mostravam certas, então. Allan e Albel estavam diretamente ligados. - Então você vai personificar uma outra pessoa. Um membro da família Dojima, isso é. - Entregava uma foto para o Zoldyck.




- Gonzou Dojima, o Tubarão. - A foto mostrava um homem em seus trinta anos, uma face intimidadora presente. Seus traços orientais não mentiam: se tratava de um japponês. - A Stella vai mimicar a aparência dele sobre o seu corpo, então será responsabilidade sua mimicar a personalidade. Apenas aja como um homem presunçoso, extrovertido, inconveniente e que parece mandar no lugar e você deve se sair bem. - Isso... poderia ser meio complicado. - Ele é um dos convidados de honra, então você não vai precisar de um convite para entrar no navio. Além disso, nós já o colocamos fora de circulação, então não precisa se preocupar em dois Gonzou Dojima aparecerem por lá. - Explicava. - O item está localizado em algum lugar da sala de cargas, e você deve conseguir identificá-lo pelo número de guardas o protegendo. Não deve ter muito segredo. - Eles tinham a localização e um meio de se infiltrar, tudo dependendo de Kuroo de ali em diante. - Nos dê qualquer arma que quiser infiltrar dentro do navio, e nós daremos um jeito de entregá-la para você lá. Em outras palavras... você está livre para matar qualquer um que entre no seu caminho, enquanto isso não prejudicar o trabalho. - Ele era um assassino, como já havia dito. - Você entendeu tudo?

O rapaz então deu mais um longo trago em seu cigarro. Sua expressão se mantinha oculta por detrás da fumaça que o circulava. Batia seu pé ritmadamente contra o chão. Era um mistério o que diria -- Deixe-me ver se entendi, Albel.

Bateu o pé mais uma vez de forma ritmada. Fechou os olhos e então engoliu seco, sem demonstrar medo ou exitação, como um verdadeiro assassino faria -- Você quer que eu entre em um navio onde duas famílias inteiras de mafiosos estarão reunidos, e que roube deles um item precioso do qual eu sequer sei a forma. É isso? Interessante. -- Ele então levou a mão direita até sua orelha, coçando-a com o dedo mindinho. Bateu seu pé de forma mais ritmada. O preço que havia colocado para tudo aquilo havia sido tão mínimo que até mesmo o assustava.

Ara Ara, Albel, eu realmente espero que a segunda parte do pagamento seja boa. Muito boa. Esse item parece suficientemente valioso, certo? -- A fumaça se dissipou por completo, deixando então a vista a forma real de Kuroo : Um homem magricela, com uma expressão amarga e olhos afiados, cuja a expressão assassina e pressão era possivel ser sentida de longe. A cada movimento de seu pé batendo contra o chão, sua katana parecia bater junto.

Acordos são acordos. Se eu prometi que o farei, o farei, certo? -- Piscou para o rapaz. Esperava que Albel cumprisse a SUA parte do acordo. Havia ficado determinado que o pagamento seria a informação sobre Chrollo e um tesouro que segundo o próprio Albel "seria de interesse do rapaz".

Colocou-se de pé, e então apagou o cigarro na palma de sua mão, fazendo um som ordinário de pele sendo queimada por um momento, deixando que a bituca caísse contra o chão. Com as duas mãos livres então começara a tirar sua camisa, revelando um torso magro e marcado, onde em seu ombro repousava o numero 9, das marcações semelhantes à gangue dos Números. O estranho era que a gangue ia apenas até o 8.

-- Kora, vamos começar com isso? Eu apenas preciso que minha Katana esteja lá dentro. E eu preciso de um backup, é claro. Se esse tal Gonzou Dojima é um homem tão presunçoso assim, tenho certeza queserá minha acompanhante, mandar um de seus bons homens comigo, correto? -- Colocar-se sozinho na reta de algo tão perigoso parecia idiotisse. Não havia medo em Kuroo, apenas cautela. Se morresse, não teria impacto nenhum para os alí presentes.

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- Hmhm! Você captou rápido! - Albel não parecia perceber o sarcasmo em algumas palavras de Kuroo, ou simplesmente escolhia ignorá-lo. - Nós temos alguns homens infiltrados lá dentro, mas a posição deles é estratégica demais para movê-los de maneira realmente expressiva. O "esqueleto" do trabalho vai depender de você. - Explicava. A garota interrompia, limpando a garganta. - *ahem* Podemos começar? Eu não tenho a noite inteira. - Sua Aura se focava, um ser rosado se formando atrás de suas costas e começando a flutuar sobre seu corpo. No que se assemelhava ao seus braços, vários instrumentos desconhecidos para o Zoldyck permaneciam entre seus dedos, os mesmos sendo manuseados em grande proficiência. Os olhos da garota de cabelo roxo pareciam distantes, como se sua alma deixasse seu corpo. - Você já viu um gênio de Nen em ação, Kuroo? - Albel perguntava, o ambiente na sala começando a pesar. Podia sentir uma quantidade exorbitante de Aura vinda da garota, mais do que algum dia poderia imaginar. E mesmo assim, ela era perfeitamente moldada, não de qualquer maneira conhecida pelo rapaz. - FIQUE PARADO. NÃO VAI DOER NADA. - A garota falava como um robô, enquanto os instrumentos eram lentamente aproximados do rosto do rapaz.

-- Vai ser divertido, Albel? No fim é o que importa. Se for divertido, eu estarei lá. -- Dizia, de forma firme. Se mantinha perante à garota. Era muito mais alto do que ela. Deu um curto sorriso e então disse, ao vê-la se aproximando -- Só tome cuidado, tudo bem? É a minha primeira vez, eu não quero que doa. -- Ele dizia num tom extremamente irônico e sacana, enquanto sentia algo se aproximando de sua face. Respondeu, antes do processo começar, olhando de forma séria para Albel -- Se eu já ví? É claro. Toda a vez que olho no espelho, mas...sou modesto demais para dizer isso, sabe? -- Piscou, sentindo a pressão sobre seu corpo.

- Albel suspirava, legitimamente pego de surpresa. - Você é realmente muito diferente das outras pessoas, hein... - Dizia.


- O processo não durava mais que alguns minutos, e era majoritariamente indolor. Kuroo não podia sentir nada de realmente diferente, como se aquele fosse seu corpo normal desde sempre. Mas... não era. A garota colocava um espelho sobre o mesmo, e sua face, agora a de Gonzou Dojima, podia ser vista claramente. - Ah, eu sou mesmo a melhor... ficou muito bom. Lembre-se que você tem cinco horas até que a habilidade seja desativada, e também de não revelar sua identidade pra NINGUÉM nesse tempo, nem para os membros infiltrados. - Explicava, em um tom de alerta. - A habilidade se desativa automaticamente se você fizer isso, entendeu? - Albel aplaudia em batidas lentas, com uma face surpresa. - Whoa, ficou melhor que eu imaginei. Bom trabalho, 'tella. - A garota o reprimia com um olhar, finalmente se levantando. - Sua katana já está a caminho, Kuroo. Alguém vai lhe dar um sinal lá dentro quando você puder pegá-la.

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-- Eu sou o melhor no que faço, Albel! Hahahah
A voz pareceu se distorcer, variando da voz de um jovem para a voz de Gonzou Dojima. Uma gargalhada ecoou por todo o ambiente. Sentiu por um segundo o nen circulando seu corpo. A luz rosada pareceu ser absorvida pelos poros do rapaz. Em meio ao brilho era possível ver um único sorriso que se mantinha. O sorriso do jovem que se julgava mais forte do que a própria morte.

O brilho se dissipou, e então fora visto alí não Kuroo Zoldyck, mas sim Gonzou Dojima -- Oe, Albel, eu estou feio como você, veja só! -- Ele então, sem camisa, olhou-se no espelho. Um corpo menor porém mais forte, com algumas cicatrizes e tatuagens por todas as partes. Precisava controlar sua andada, já que costumeiramente andava rebolando levemente.

Tossiu por duas vezes e então engrossando seu tom de voz, disse -- Oe, Albel, estou com sede. Pegue algo para mim. -- Seu tom de voz era alto e alarmado, como o de alguem extremamente expansivo. -- Espero que ela esteja lá mesmo. Falta muito tempo? -- Disse, entediado. Virou de costas para os alí presentes e então mexeu levemente em sua calça, como se estivesse arrumando o cinto ou algo do tipo. -- "Hoh, é menor do que eu pensava" -- Sua expressão parecia vitoriosa.

- Nenhum dos dois parecia perceber o objetivo de Kuroo ao se virar, o que era provavelmente muito bom para eles. - Ele só precisa trocar de roupa agora, não é? Nesse caso, eu já vou. - A garota acalmava sua Aura, indo em direção à saída do lugar. - Eu esperarei o pagamento na conta de sempre, Albel. Não tente me enganar como da última vez. - Albel respondia com um sorriso sem graça. - Hah... não se preocupe. - Dizia. Finalmente se voltava para Kuroo. - Certo, K- Gonzou, suas roupas estão no banheiro desse quarto. Troque-se, e então você poderá ir.

-- Oe, Albel, não ouse tentar me enganar no meu pagamento. A mesma mão que afaga é a que fere, ok? -- Disse, de forma a soar como um aviso pouco amigável e não uma ameaça. Estalou os dedos de sua mão esquerda, indo em direção ao banheiro para poder se trocar e ir finalmente até o lugar.

- Não se preocupe, Kuroo. Eu não jogaria o nome da minha família no lixo assim. - Dizia, com um sorriso. O que Kuroo encontrava dentro do banheiro eram roupas negras características da mafia japponesa, de grifes mundialmente conhecidas e que realmente agregavam valor ao usuário. Com tudo pronto, era finalmente hora de ir.



- O céu estava limpo, e as luzes e movimentos nas docas ofuscavam as estrelas distantes no céu. Alcançava o local após alguns minutos, sendo deixado às suas próprias habilidades dali em diante. Era deixado no início de um longo tapete vermelho que parecia levar até o interior do gigantesco navio branco em sua frente, uma movimentação de diversas pessoas em trajes elegantes estando presente por ali. Kuroo, ou no caso Gonzou, era apenas mais um, mas podia sentir olhares sobre si, como se realmente fosse alguém especial, ainda mais pelo fato de que diversas mulheres tentavam dar em cima do mesmo. - Gonzou-samaaaaaa! - Repetiam em praticamente uníssono, sendo irônico o fato de como ficariam chocadas se soubessem as preferências do Zoldyck. De qualquer maneira, o tapete ditava seu caminho: o interior do navio, que parecia o aguardar enquanto tremia levemente pelo movimento das águas naquela calma noite de março.

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Assim espero, Albel. Assim espero. -- Ele disse, confirmando com a cabeça o que tentava pontuar.

Logo a noite, na hora marcada, seguiu até o lugar indicado. Vestia roupas tão caras e espalhafatosas que pareciam custar caro o suficiente para bancar mordomias por meses e mais meses. Seguia pelo tapete vermelho com passos largos e firmes, seu olhar voltado diretamente para a frente. Um sorriso mantinha-se no canto de seus lábios, assim como um olhar presunçoso e vitorioso. Olhou para as mulheres tentando chamar sua atenção e apenas piscou, colocando suas mãos no bolso e caminhando rumo ao navio. Caminhava sem rebolar, sem demonstrar qualquer tipo de reação que não combinasse com o perfil traçado para Gonzou. Olhou para as mulheres mais uma vez : era engraçado. Kuroo não via graça nem em mulheres e nem em homens, mas ..Gonzou via, por isso teria de fingir

- Sua respiração pesava levemente assim que colocava o pé no primeiro degrau, homens armados de óculos escuros mantendo sua visão obviamente no mesmo. Ele seria parado? Alguém perceberia? Essas questões passavam em sua mente, e mesmo assim tudo aquilo não durava mais que um segundo na vida real. Quando menos percebia, estava no interior do navio, de encontro ao hall principal onde a recepção da festa acontecia.


- O interior era, na necessidade de palavras melhores, exuberante. Podia sentir a pura e sem freios elegância de todos os aspectos, incluindo as pessoas. Todos ali, sem tirar nem por... exalavam um ar de superioridade que pareciam esmagar o garoto de Ryuuseigai apenas com sua presença. Mas aquele que havia vindo do lixo sem dúvidas conseguiria rastejar para o topo novamente. Seus olhos viajaram por alguns momentos, encontrando diversas figuras... algumas delas àquelas a quem Kuroo jurou vingança pouco tempo antes.
Sem dúvidas, aquela seria uma noite inesquecível.

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