Nor Port Town Arc - 02

»Segunda (17/06/20XX), aproximadamente 17:30
- Caiu pouco tempo depois de tentar se colocar em pé. Suas pernas estavam lhe traindo. Tanta confiança havia depositado antes naquelas duas pernas, apenas para ser traída no momento em que mais necessitava. Seu coração acelerou novamente enquanto sua respiração pesava como nunca alguma vez tinha pesado, mesmo em suas situações de vida ou morte dos meses anteriores. Uma sensação de formigamento se espalhava pelo local em que o líquido azul havia se fixado, lentamente fazendo seu caminho até seu braço e então até o resto do corpo. Não havia exatamente dúvidas: de alguma maneira, aquilo era uma espécie de veneno. Mas por que? Por que ali? Por que agora? Por que com ela? E o mais importante: como? Sua mente se contradizia entre um turbilhão de pensamentos e sonolência enquanto a chuva ficava mais forte do lado de fora, escurecendo ainda o mais o agora penumbral escritório. O nascer da lua, escondida pelas nuvens pesadas que atormentavam a pequena cidade, marcava o início do que poderia ser a noite mais longa da história do Porto de Nor.

NPC's/Players presentes:

-- Droga, droga, droga, droga! É por isso que eu odeio livros! Quando você menos espera, está envenenada e com um pé no caixão! - A garota dizia enquanto se desesperava. Levantou repentinamente e olhou para todos os lados, como se procurasse algo que nem ela sabia o que era. -- C-c-erto, o primeiro passo é.... é me acalmar. Isso veio do nada, então...? Será? Mas ele... ele não sabia... ou sabia? -- Estelle se questionou. Mas não havia tempo para isso. Tinha que fazer algo importante: descobrir se o veneno do livro era de alguma forma um hatsu. Concentrou sua aura nos olhos e olhou tanto para sua mão quanto para o diário.

-- Focou seus olhos para descobrir se estava ou não sendo vítima de uma (de outra) habilidade. O Gyo em seus olhos não parecia incomodar muito a criatura que permanecia em sua visão, que apenas abria um dos olhos e voltava a dormir. Era a falta de proficiência de Estelle, efeito do veneno ou... não havia nada ali? Nenhum Nen residual, nenhum traço de aura. Nada. Seu Gyo não revelava nada que pudesse ser escondido dos olhos humanos comuns. Enquanto se questionava, seu pulmão doeu, forçando a mesma a uma dolorosa tossida que provavelmente havia sido ouvido por todos num raio de 500 metros... se um sino não tivesse tocado no momento exato. Era conhecido, mas não o suficiente para ser familiar: o sino que avisava um incêndio dentro da cidade.

-- Ah, droga! Veneno e incêndio! Por que nunca nada bom acontece comigo? -- Dizia enquanto segurava a própria barriga e se contorcia, quase indo ao chão. Mas não era hora para isso. Precisava sair dali. Algo dentro da garota a alertava que de alguma forma talvez o veneno e o fogo estivessem ligados. E talvez só uma pessoa soubesse a resposta para isso. Tinha que encontrar Anna o mais breve possível.

- Mesmo que tivesse uma grande vontade de questionar que tipo de crime havia cometido em sua vida passada para merecer tudo que acontecia consigo, Estelle se forçou até a saída do escritório, passando pela escuridão e tentando manter a dor em cheque. Lembrou também que chovia intensamente fora do local, então as coisas tendiam a piorar.



E pioraram, mas não da maneira que imaginava.
Assim que abriu a porta, um horizonte branco se mostrou em sua frente. Como se o exército de criaturas a esse ponto familiares demonstrasse por si mesma uma radiância, seus olhos finalmente viram mais uma vez a forma que teria dado início àquilo tudo. Uma quantidade considerável de SHIN -- aproximadamente 10, pelo que Estelle conseguia contar -- estava esperando a garota. Ao mesmo tempo brilhante, ao mesmo tempo se esgueirando e aproveitando-se da escuridão trazida pelas nuvens negras, nenhuma daquelas criaturas poderia ser notada por uma pessoa normal antes que fosse tarde demais.
E, considerando tudo, ainda não era claro se aquilo podia ou não piorar (ainda mais).

NPC's/Players presentes:

-- Olha, vocês gostam de me perseguir e tudo mais, mas agora não é uma hora legal, certo? -- Sentia uma pontada na barriga. Um de seus olhos já estava quase fechado, sinal claro de desconforto. -- Se vocês puderem só... sair da frente, eu agradeceria. Se é uma luta que vocês querem, a gente pode lutar depois, mas agora... agora eu preciso sair.

- Não estou aqui para lutar. - Um deles respondeu. Era a única vez desde que se encontraram pela primeira vez que Estelle via um daqueles seres falar que nem um ser humano. - Eu disse antes, não disse? Que resolveríamos tudo em Setembro. - Para falar daquela forma, era óbvio que a criatura estava sendo usada como recipiente de alguém -- e Estelle sabia muito bem quem, pelas palavras. - Você não cumpriu sua parte do acordo, mas não irei levantar isso contra você. Nenhum bom homem alguma vez se aprimorou de maneira sincera sem antes provar do sabor da derrota. - A criatura que falava estendeu sua mão, como se aguardasse algo. - Não é nem um pouco elegante nos encontrarmos desse jeito, mas venho hoje defender os interesses de uma terceira força. Me dê o Diário de Don Freecs, filha de Horace Bright.

-- Não é como se eu não tivesse cumprido por culpa minha, né? Ninguém disse em momento algum que os examinadores eram tão fracos... -- Dizia com um certo tom de decepção. -- Além do mais... por que você iria querer esse livro velho? A cidade está pegando fogo (provavelmente)! Primeiro eu vou resolver isso, depois talvez eu te entregue o livro de bom grado. -- Disse enquanto tentava abrir caminho.

- Você é realmente muito ingênua. - Tentou fazer caminho, mas o SHIN não se moveram. Assim que tentou avançar, um deles a segurou pelo pulso. A dor a impedia de responder de maneira imediata. - Se você não me entregar aquele diário, não haverá cidade para você salvar em poucos minutos. Você já falhou comigo uma vez, considere isso como uma restituição, se preferir. - Falava de uma maneira que deixava claro seu pensamento de que Estelle não estava retribuindo nenhum erro: e sim não fazendo mais do que uma obrigação. - Isso tudo pode acabar em breve se você só me entregar o diário.

-- Alguém tão perigoso não teria um interesse no diário se não tivesse algum motivo ruim. -- Certo, e por que você precisa do Diário? Além do que, se é tão importante assim, só entre e pegue, eu não vou te impedir agora... não posso, não consigo e tenho coisas mais importantes para fazer.

- Hmph. - Soltou a mão da garota de maneira forçada, sem responder sua pergunta, fazendo com que a mesma caísse no chão. - Se alguém tivesse me dito eu não teria acreditado, mas você realmente está agindo como uma derrotada que desistiu de tudo. Considerando nossos encontros passados, eu esperaria que você resistisse um pouco mais. É... realmente decepcionante. É uma regressão. É sujo. É... a antítese de tudo que eu desejo. - O líder andou em direção ao escritório, parando um pouco antes da porta. - Eu me encontrei com a Aurora a alguns meses e ela me contou que você estava interessada no Continente Perdido. Para abrir mão do diário assim... esse interesse não durou muito.

-- Estelle sentia a raiva crescer dentro de si. Era quase o bastante para diminuir a dor do veneno. Mas não era ser ofendida que a fez ficar com raiva. -- Continente Perdido? É, é importante, mas você acha mesmo que eu vou deixar as pessoas correrem perigo por causa de um livro que pode ou não me levar pra lá? Você não sabe nada sobre mim. -- Levantou-se rapidamente. -- Entre o que eu quero e o bem das outras pessoas... EU SEMPRE VOU ESCOLHER A SEGUNDA OPÇÃO! -- Dizia com toda a determinação que conseguia. -- Agora, se me der licença, eu tenho uma cidade para salvar.

- Não posso dizer que respeito isso. No fim, você se equivocou ao achar que é capaz de mudar o que já começou. - Finalmente se virou e adentrou o local, deixando Estelle seguir seu caminho. O som dos sinos de incêndio, da tempestade e da comoção das pessoas realmente a ensurdeciam, mais do que a própria aceleração do seu coração. A esse ponto, a criatura em seus olhos não mais a incomodava mais do que a dor que estava presente em seu corpo, torturando a garota a cada segundo que passava.

Em algum ponto, seu cansaço se tornou tão grande que precisava se apoiar nas paredes das casas para se locomover, e a escuridão lhe impedia de realmente ver onde estava pisando ou tocando. Seu único guia era o horizonte carmesim, que queimava violentamente enquanto aumentava de maneira esporádica. Tomou mais um passo... e suas pernas cederam. Ela não conseguia mais continuar. Um sentimento de náusea a atacou, e sua cabeça tremeu em dor como nunca antes. Não pôde evitar se perguntar do por quê tudo aquilo estar acontecendo e escalado de uma maneira tão rápida.

--Continuar... droga... preciso... continuar... -- Se debatia enquanto tentava levantar. Seu corpo parecia não obedecer, mas não tinha o que fazer. -- Vou ter... que apelar... -- Se o corpo não respondia, o jeito era apelar para a alma. Estelle tentou canalizar sua aura de forma a fazer com que ela empurrasse seu corpo simulando movimentos.

- Estelle tentou se recompor, mas no fim, o peso de tudo se mostrou grande demais para que a garota tivesse sucesso. Sua Aura falhava em sair, e a mesma caía pouco depois de se levantar.
A inconsciência já atormentava sua mente naquele momento, e ao que parecia, não conseguiria prosseguir por si mesma.

Alguns passos ecoaram, se tornando mais próximos, até que alguém finalmente parou um pouco a frente de seu corpo caído.

- Não parece que as coisas estão indo muito bem com você, minha querida. - Uma voz profunda falou com ela. Sua cabeça estava virada para o chão, e involuntariamente tentou observar quem falava consigo. Foi interrompida por uma mão enrugada e gentil. - Não olhe, para o meu bem. Pelo que eu vejo, você foi vítima de uma habilidade um tanto quanto perversa. - Mesmo com relutância de Estelle, que estava fraca demais para protestar, o homem desconhecido amarrou uma venda negra em seus olhos. Tomou a garota em seus braços e a depositou sentada em um muro próximo, que estava protegido da chuva. Tanto os cabelos quanto as roupas de Bright estavam arruinados, piorando muito a situação. - Você ainda consegue me ouvir? Eu gostaria que você me resumisse o que aconteceu. Você é a neta de Thomas Bright, não é? - O mundo de Estelle estava escuro, e não conseguia ver o dono da voz calma e serena que lhe falava. - Eu peço que confie em mim.

-- Eu... eu... -- A cabeça de Estelle ainda estava processando tudo o que havia acontecido. -- O livro... o Diário, foi ele... tudo começou  com ele... sim, o diário... um veneno, eu acho, não parece hatsu... -- Sequer percebia que a palavra hatsu fazia pouco ou nenhum sentido para alguém sem controle sobre sua Aura. -- Então veio a dor e fogo... e do nada (((eles))) estavam lá também... agora eu não sei mais... não sei mais nada... -- Sua cabeça parecia ter sido atingida por uma estrela. -- Você... quem é você?

- Não parecia entender muito o balbuciar de Estelle, colocando a mão sobre a testa da garota. O enrugado que conseguia sentir mostrava que era um homem de certa idade, provavelmente 60 a 70 anos. - Você está com uma febre horrível. Se isso continuar... - Ouviu o som de algo se abrindo, um gentil e confortável tecido logo lhe envolvendo e impedindo que seus sentidos realmente entendessem seus arredores. Dormiu.


- Peguem as crianças primeiro! Vocês dois, consigam mais água! Os bombeiros não estão vindo, então temos que fazer o que pudermos! - Uma voz masculina gritou em meio ao inferno que se alastrava no Distrito da Nuvem do Porto de Nor. Os antes esnobes moradores daquela parte da grande cidade haviam, de alguma maneira, estendido sua mão para auxiliar naquele momento incerto e desesperado. Um jovem homem se aproximou com um balde azulado sobre uma residência -- agora praticamente consumida pelas chamas -- em um movimento nervoso para tentar ajudar uma mulher envolta em uma labareda vermelha. A água voou, tentando alcançar as chamas que pareciam possuir uma vontade própria... de uma maneira vã. Na verdade, sua ação parecia, de alguma maneira, fazer com que as mesmas ficassem mais fortes e brilhantes. No fim, parecia tudo um pesadelo febril.

E em algum lugar, depois de um breve oceano dali, alguém deu um pequeno sorriso.


- Sua inconsciência deu lugar a dormência. Assim que abriu seus olhos -- ou melhor, um olho -- percebeu que tinha algo errado. Estava em uma cama, envolta em cobertas espessas, de uma cabana de madeira que parecia se tornar uma com o carmesim do horizonte. Um de seus olhos se recusava a abrir, a escuridão sendo preenchida apenas pela criatura que continuava imóvel. Não demorou muito para perceber que havia um tapa-olho colocado sobre o mesmo, que, em uma ação involuntária, tentou logo ser retirado. - Não faça isso, por favor. Tem um motivo pra isso estar aí. - Percebeu uma presença até então escondida no mesmo quarto, em poucos momentos se revelando ser uma garota de cabelos brancos com cara de poucos amigos. Sua mão permanecia em sua cintura, e se Estelle pudesse colocar em palavras, o rosto daquela garota era o ápice de ter um rosto de tédio. - Já é hora de levantar. Vamos lá, vamos lá. - Auxiliou Estelle a se colocar de pé, claramente apenas por obrigação. - Ainda dói em algum lugar? - Suas palavras possuiam uma mistura de tédio com legítima preocupação, algo realmente estranho de se definir em palavras.

Presentes:

-- Tentava analisar a situação, fazer as coisas terem sentido novamente. Era como se alguém estivesse batendo na sua cabeça com um martelo. Seus pensamentos não se alinhavam porque sempre era interrompida por um grande baque. -- E-eu... eu não sei. Meu corpo está... dormente. Como se eu tivesse... como se tivesse recebido anestesia. Meu olho... o que aconteceu? Quem é você? Onde eu estou? Onde está ele?

- Calma aí, Clarim Hunter, tudo vai ser explicado no momento certo. Sempre é. - Dizia, enquanto se sentava de uma maneira pouco graciosa. - Seu corpo tá anestesiado por que eu te dei anestesia. Você foi envenenada, amiga. - Dizia, na maior naturalidade do mundo. - Venenos exóticos são uma loucura né... você talvez tivesse muito pior agora se eu não tivesse feito isso... haha... mas agora tá tudo bem. Eu já te dei o antídoto. - De uma gaveta próxima, tirou um frasco com uma substância transparente. - E o tapa-olho... bem, você foi vítima de uma habilidade de Hatsu. Parece que alguém estava bem interessado na biblioteca do seu parente.  - Porém, Ryouma já havia dito que não iria interfirir com Estelle até Setembro, então quem...? - Ele vai impedir que ela faça alguma coisa. Parece que a criatura que você vê é responsável por... alguma coisa, de alguma maneira. Olha, eu não sei. Não sei quem o usuário também, então você vai ter que continuar com isso aí até descobrirmos. - Dava de ombros. - Sobre o que está acontecendo... bem, alguém quer o Diário de Don Freecs e planeja derrubar o Porto de Nor junto, por algum motivo. - Falou, com um tom melancólico. - O homem que te salvou foi o Senhor Ettlande, ele é um Hunter e parece que ele conhecia seu avô. E eu... bem, eu sou uma estudante de medicina! - Era a primeira vez que sorria, com certo orgulho. - Phew, acho que isso responde tudo. Tem bastante coisa que eu ainda preciso dizer, mas eu vou esperar você se trocar. Tem roupas no criado-mudo. - Falou. Pela primeira vez, Estelle finalmente percebendo que tudo que cobria seu corpo era uma camisola hospitalar branca.

-- Estelle tentava absorver ao máximo as informações. Eram muitas, e mal havia conseguido processar o que tinha acontecido apenas com ela. Tentou se levantar, fazendo esforço. Era estranho, parecia sem equilíbrio, usar apenas um olho era, no mínimo, desconfortante. -- O fogo... o que aconteceu? -- Disse enquanto tentava recobrar mais o equilíbrio antes de trocar de roupa. Parte de seu corpo dizia que deveria sentir fome, e seu estomago sem sobra de dúvidas estava vazio, mas incrivelmente não sentia fome.

- Ainda... ainda está bem forte. - Apontava para a janela, onde Estelle podia perceber um horizonte avermelhado. O fogo ainda não tinha acabado. O que levantava a pergunta: por quanto tempo estivera desmaiada? - E provavelmente não vai pra lugar nenhum além do resto da cidade bem cedo. Nossos... inimigos... estão utilizando um item de um certo lugar para queimar a cidade, e não só isso... - Pausava. - Todas as ruas que dão acesso para o Distrito da Nuvem -- onde o fogo está concentrado no momento -- foram bloqueadas. Olhe para o mar. - Involuntariamente seu olho solitário se virou para o mar. Onde... viu algo que esperaria ver apenas em um sonho. Na água, uma trilha incendiada permanecia queimando ferozmente, como uma fila flamejante, que não era perturbada de maneira alguma pelas leis da química que (inconscientemente) conhecia. Estelle havia passado por muita coisa até então, mas sem dúvidas... aquele ERA o dia mais estranho de sua vida. A garota se aproximou. - O senhor Ettlande está tentando entender por onde isso entra na cidade, mas sabemos de onde vem. Maison de Landver. - Era a residência do Barão Landver, que Estelle havia conversado com mais cedo. Uma ilhota a alguns quilômetros de Nor, acessada apenas por barco. - Eu acho que você já percebeu, amiga, mas as coisas estão ruins. Bem ruins. Se isso continuar... ahm... - Balançou a cabeça, envergonhada. Dizer aquilo para um nativo da cidade não era adequado, mesmo para a garota. - Temos que esperar um contato do Senhor Ettlande antes de fazer qualquer coisa. Então eu pergunto... como você foi envenada, exatamente?

-- Novamente tentava absorver todas as informações, mas era uma tarefa difícil. Finalmente conseguiu se levantar. Trocar de roupa não foi difícil, e estranhamente parecia já estar acostumada com ter apenas um olho, embora ainda lhe faltasse parte de seu equilíbrio. Seu rosto não exibia mais o sorriso típico e os olhos quentes de sempre, agora estava séria e seus olhos queimavam como brasa, um calor selvagem. -- O diário do meu avô, quando abri ele. O veneno saiu de lá. -- Suspirava fundo. Fechou o olho brevemente e logo o abriu. Havia perdido parte de seu campo de visão, mas por sorte o corpo humano consegue se adaptar. -- Quanto tempo até conseguirmos essa informação? Essas pessoas... elas vão pagar por isso.

- ...é mesmo? - Dizia em relação à afirmação de Estelle sobre o diário, suspirando e mantendo seus olhos fechados por alguns momentos. - Eu sei que é frustrante, mas se mantenha calma por algum tempo. Vamos só esperar pelo Senhor Ettlande antes de qualquer coisa, ok? - Suas palavras eram estranhamente compreensíveis. Parecia ter percebido algo.


- Demorou apenas alguns momentos para um equipamento de rádio estendido sobre uma mesa próxima desse um sinal abafado, mas compreensível. - Kuchi, você pode me ouvir? - Uma voz familiar ecoou pela sala. - Sim, o que você descobriu? - Está difícil de enxergar muito bem devido à tempestade, mas pelo que parece, as chamas vêm da mansão do barão, como pensávamos. Ela entra na cidade por um canal de esgoto próximo ao porto. - Falava. - Bem, esse é um mistério a menos. E falando em mistério... - Olhava para Estelle. - A garota acordou, de alguma maneira. Parece que ela está bem, por agora. - Ouve certo silêncio, e então um suspiro do outro lado da comunicação. - Isso... isso é muito bom. Eu posso falar com ela, por um instante? - A garota olhava para Estelle novamente, esperando um movimento da mesma.

-- A situação finalmente estava clara para Estelle. Assim que terminava de ouvir a conversa, pegou o telefone das mãos de Kuchi. Sua voz soava diferente. Áspera, meio rouca e sem a animação habitual. -- ... diga. Acho que você já sabe tudo o que eu quero saber. E também deve imaginar o que eu vou fazer.