Nor Port Town Arc - 04

»Provavelmente já alguma hora da madrugada de terça-feira

- Não sabia onde estava. Já fazia algum tempo, minutos ou horas, que não conseguia ver nada, apenas sentir a pressão que inúmeros objetos de tortura provocavam em seu corpo. Estava frio, e seu corpo tremia levemente em meio a dor dos cortes, das lacerações, dos impactos e perfurações que haviam acontecido... especialmente devido ao fato de que não haviam roupas para lhe proteger do frio daquele lugar desconhecido e da noite de tempestade. Seus cabelos estavam bagunçados, seus punhos e calcanhares já dormentes devido a pressão das algemas e grilhões que impediam seu movimento. E o que eram aquelas coisas, afinal? Sua presença deixava Estelle fraca, impedida de contra-atacar ou ao menos se mover. Isso permitia o livre acesso de quem quer que tenha sido responsável pela aquela sessão de tortura ao seu corpo nu, tenha sido ele mais fraco ou mais forte que a garota. Estava com fome. Seus lábios já rachavam pela sede. Onde estavam as pessoas que lhe acompanhavam? Elas não viriam ajudar? Haviam eles esquecido de Bright, vista como um sacrifício a ser tolerado naquela situação? Um vento frio soprou, sendo o único som além de uma goteira irritante naquele lugar.

-- Não, não era hora pra isso. Sempre resolveu as coisas sozinha, por que seria diferente agora? Estelle não precisava de ajuda, nunca precisou. O frio... podia lidar com o frio. Já havia sido traída antes, o que ser abandonada significava para alguém assim? O importante era salvar... salvar o que mesmo? Não se lembrava. O frio percorria seu corpo, sentia cada articulação tremer, seus dentes rangiam como um cachorro raivoso... ou como um cachorro sentindo dor, agonizando antes de morrer.
-- Não, definitivamente não era hora para isso. Tinha que continuar. Sabia o que fazer, só havia um inimigo. Quando a derrotasse, tudo isso iria acabar, Porto de Nor estaria salvo novamente. Concentrou a aura em seu corpo. Sentiu um pouco de calor novamente, embora por apenas breves momentos. Não precisava ver, não precisava ouvir, apenas usaria sua aura para sentir a presença de sua inimiga. -- A-apareça! Você sabe que eu sei usar Nen, eu vou te sentir cedo ou tarde! Sua covarde! Apareça! Covarde! -- Gritava, sua voz claramente agitada pelo frio, sua mandíbula tremia.

-- Mas ninguém apareceu.
Ignorada, nem importante o suficiente para ser morta, o corpo de Estelle tremeu mais uma vez em dor. Suas pernas queriam desistir, seus braços já estavam em carne viva, mas devido à posição em que havia sido colocada, não podia fazer nada além de permanecer em pé com os braços e pés presos em correntes sobrenaturalmente resistentes. Aura... ela podia usar isso, não podia? Era a única coisa com que podia contar no momento, e mesmo isso parecia traí-la: sua aura não deixava seus poros, como se algo forçadamente lhe impedisse de utilizar Nen. Conseguia abrir seu olho, o que queria dizer que o tapa-olho havia sido removido, mas nenhum sinal da criatura que pairou sobre sua visão anteriormente.

Gritou até sua garganta desistir, e lágrimas deixarem seu rosto involuntariamente, sua cabeça sendo forçada a uma posição de derrota. Permaneceu assim por alguns minutos antes de ouvir algo além da cacofonia silenciosa: uma porta se abrindo, de onde uma pessoa carregando uma lâmpada, seu rosto escondido por um capuz e seu corpo não podendo ser visto pelo manto negro característico daquelas pessoas. Se aproximou da garota, que teve os olhos queimados pela luz repentina, e então revelou sua face. Era a garota de cabelos rosas. - Boa noite, amor meu. Como se sente? - Havia um sorriso em seu rosto, como se ignorasse os ferimentos no corpo de Bright. Sua face estava próxima da de Estelle, e ao mesmo tempo, distante o suficiente para ser inalcançável.

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-- Não podia deixar de rir internamente. Logo, a risada interna foi externalizada. Ria como uma louca. -- "Amor meu", huh? -- Voltava a rir. -- Eu nunca estive melhor. Agora... por que você não se aproxima, deixa eu te mostrar meu amor. -- Não mais ria, mas um sorriso permanecia em seu rosto, talvez por efeito da dificuldade que era mover qualquer músculo em tanto frio.

- Ah, eu amaria! Levar nossa intimidade ao próximo passo em suspiros suados e pesados... mas infelizmente não posso, pois nosso amor é um amor proibido. Nossa princesa ama você, e você também está no processo de passar a amá-la. Que chance teria eu? - Riu, se distanciando e indo até uma mesa próxima. Vários itens que são preferenciáveis a não ser discutidos aqui permaneciam sobre a superfície de ferro, suas formas afiadas e acinzentadas já marcadas por um líquido seco e carmesim. Tomou consigo um desses objetos, antes de finalmente fixá-lo na mesa com um movimento rápido. - Eu espero que não tenham sido muito brutos. Quebrar o espírito de uma mulher como você não deve ser uma tarefa fácil, mas também não impossível. - Tomou consigo uma espécie de "coleira" de ferro, se aproximando de Estelle e a colocando em seu pescoço. Segurava o outro fim da corrente em sua mão direita, com firmeza, enquanto destrancava os grilhões nas mãos e pés de Bright. - Nossa princesa já sente sua falta, então vamos até ela. Tem muitos convidados interessantes aqui hoje. Até alguém que você já deve conhecer bem. - Riu, puxando Estelle pelo pescoço. A garota ainda era incapaz de expulsar a Aura do interior do seu corpo, sendo reduzida apenas a uma adolescente fraca e impotente em relação a Stardust.

-- "Quebrar"? Você acha mesmo... acha mesmo que conseguiria isso? -- Estelle voltava a rir. -- Eu vim aqui para buscar vingança. Ou eu consigo, ou eu morro. Não existe meio termo, não existe "quebrar" pra mim... -- Sua respiração era pesada e se intensificava ao ser arrastada. -- Eu vou matar essa sua princesa... e vou fazer você assistir! -- Sentia a razão deixando seu corpo, era tomada por um ódio que nunca havia sentido antes.

- Você ainda tem a noite inteira. Eu adoraria te ver tentar. - Falou, com condescendência, enquanto levava a garota aonde quer que deveria estar. Atravessou corredores frios e incompreensíveis enquanto ouvia lamentos na distância, como uma casa assombrada em meio a uma tempestade incompreensível. Finalmente chegou na parte principal da mansão novamente, em uma ala que não havia visitado antes, separada de um grande salão de onde ouvia inúmeras vozes por uma porta imensa e ornamental. Stardust retirou seu manto, revelando um vestido elegante que de alguma forma estava até então escondido, e então abriu o local.


- Havia um número considerável de pessoas. Faces que Estelle nunca havia visto, outras familiares. Todas, porém, tiveram a mesma reação quando a garota adentrou o salão: seus olhares se voltaram para seu corpo machucado e despido. - Nossa princesa gosta de um bom teatro, então eu peço que coopere. E não me faça passar vergonha. - Expandiu sua Aura, apertando ainda mais o grilhão no pescoço de Estelle, e finalmente adentrou o salão. Ia em passos curtos, como se quisesse dar tempo bastante para que as pessoas daquela "festa" observassem ambas.

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-- Estelle olhava de um lado para o outro, com dúvidas de o que deveria fazer. A razão parecia voltar para o seu corpo, o acesso de ódio lentamente começando a desaparecer. "O que Rift faria?", se pegou pensando. Não, não queria saber, iria resolver a situação como Estelle, não como a aprendiz de Rift ou como a garota que busca vingança. Devia lembrar quem ela era.

- Silêncio? Ótimo, continue assim. É hora de cumprimentar os convidados, não é? - Falou a garota. Começou a percorrer o salão, cumprimentando todas as pessoas possíveis enquanto arrastava Bright. Não era até ouvir um nome familiar que a garota finalmente voltou aos seus sentidos. - Senhor Ryoma! Quanto tempo não faz que não nos vemos? - Estendeu sua mão para um homem de cabelos negros e olhar afiado que até então havia permanecido em silêncio. Sua mão foi beijada, com cortesia. - Ah, mas faz realmente um bom tempo. Eu espero que a Yuki não esteja fazendo você trabalhar demais, como antes. - Ambos riram. Era um teatro bem feito, deveria Estelle confessar. - E essa deve ser a garota de quem ouvi falar. É realmente uma coincidência nos encontrarmos assim -- e até anticlimático, não é? - Se referiu a Estelle. Stardust apertou o pulso. - Ele está falando com você, menina. O gato comeu sua língua?

-- O que tinha para falar? Nada daquilo parecia real. Ryouma... o que ele estava fazendo ali? Quem eram aquelas pessoas? Nada disso podia ser real. Era... algum truque. Talvez a habilidade de Nen de sua adversária. -- O desprazer é todo meu. -- Dizia com ironia.

- Se eu não soubesse o que a Yukihime fez, eu diria até que você não gosta de mim, Estelle Bright. - Falou, condescendente. - Vamos deixar uma coisa bem clara, para início de conversa: eu mantive minha parte do acordo. Mas eu não poderia, de qualquer maneira, controlar as ações dos meus aliados. - Bebeu um pouco do vinho em sua mão. - E mesmo que eu não tivesse, meus métodos seriam mais... graciosos. - Falou. Stardust lhe jogou um olhar afiado. - Eu não acho que gosto desse comentário, Sr. Ryoma. Você não gostaria de dizer isso quando nossa princesa estiver por perto? - Ohoho, eu não me arriscaria. É exatamente por ela não estar por perto que eu falo esse tipo de coisa. Eu partilho da opinião de que a violência é o refúgio dos incompetentes, mas não Yukihime ou qualquer um dos seguidores ela. Mas sem ela, que tipo de perigo qualquer um de vocês representa para mim? - Tomou outro gole. O rosto de Stardust se enrijeceu. Aquilo havia sido uma provocação. - Você pode dizer isso de nós, mas e da garota? - Olhou para Estelle. - Ela não é uma ameaça para você? - Ryoma não respondeu, apenas observou Bright dos pés a cabeça com um olhar julgador, e permaneceu em silêncio.

-- Ameaça, é? Como alguém que nem consegue se mexer poderia ser uma ameaça? -- Estelle ria de leve. -- A não ser que você tenha medo que eu escape, "Stardust". -- Dizia o nome da garota com um certo escárnio. -- E se eu escapar, você sabe que eu vou me vingar, que vou vingar o Porto de Nor, que vou vingar tudo o que vocês destruíram...

- E você não é? O que separa você de um golpe que arranque minha cabeça é essa corrente. Não existe um caminho para a derrota mais rápido do que subestimar um oponente. - Disse, com um suspiro. - Você provavelmente seria neutralizada eventualmente, mas... eu não tenho interesse nenhum em morrer, por enquanto. - Deu de ombros.

-- "Neutralizada, é?", pensou Estelle. Então se lembrou de algo, algo sobre Aura que ela havia ignorado durante todo esse tempo, mas que havia considerado como opção desde que pisara no barco. Um juramento... sua vida como garantia. Se precisasse, estaria disposta. Sabia o que iria significar, mas ao menos conseguiria vencer, ao menos traria um pouco de paz ao mundo. Mas agora não era a hora. Agora deveria esperar.

- Bem, nós descobriremos como tudo vai se desenvolver no decorrer da noite. Yukihime deve finalmente falecer em breve, e o ritual estará completo. Mas eu posso ver que essa será uma longa noite, ainda. - Olhou para Estelle, e então partiu para conversar com outros convidados. Antes que qualquer uma das duas pudesse dizer algo, três membros encapuzados se aproximaram. - A princesa aguarda a garota no topo da ilha. Já é quase hora. - Todos falaram em uníssono. - E eu pensei que poderia ficar mais um pouco... oh bem. - Ela aguarda apenas a garota. - Stardust clicou a língua, sua expressão se enrijecendo. - Tch. Não acho que ela vá reclamar de eu pelo menos levar a fedorentinha até lá, então. - Apertou a corrente no pescoço de Estelle, e a puxou com violência. - Venha.

-- Estelle apenas aguardou em silêncio. Esperou chegarem até o que parecia ser a metade do caminho, quando podia ter certeza de que ninguém mais a ouviria. -- Você sabe que quando eu escapar, você nunca mais vai ter paz, certo? Você, Stardust, vai viver como presa, com medo de toda sombra, com medo de que a silhueta no canto do seu olho sou eu indo dar o golpe final. -- E então riu de leve. -- Os caras bons sempre vencem no final...

- Só em livros de fantasia infantis. - Falou, sem olhar para Estelle. Estavam na parte de fora da mansão, escalando o que parecia ser uma escadaria para o pico mais alto da ilha. A tempestade já havia se acalmado consideravelmente, mas Estelle sofria pela falta de roupas com o frio e os grossos pingos de chuva. "Cirith Ungol", era o que estava escrito em uma placa no início do trajeto. - Na vida real, Saherta venceu a guerra contra o Jappon mesmo matando milhões de civis no processo gratuitamente. O Jappon saiu impune dos estupros em massa na Xina e Kakin se fragmentou até se tornar irreconhecível. - Apertou a corrente. - E mesmo se você argumentar que não existe lado bom na guerra... bem, o mesmo se aplica a o que quer que você chame isso aqui. - Nada irritava Estelle tanto quanto as entrelinhas: de alguma maneira, como um ataque sutil, Stardust implicava que tanto Estelle e seus companheiros quanto os Cavaleiros da Bruma eram iguais.

-- Você acha mesmo... acha mesmo que você e seu grupo de vilões são iguais a mim e meus companheiros? -- Dizia de forma irritada, levantando o tom de sua voz. -- Eu queria dizer que você é louca, mas não seria verdade. Não, você é bem sã, muito. Mas é só uma cachorrinha medrosa seguindo ordens. E a sua preciosa princesa... ela mataria você umas cem vezes só pra ter alguém como eu. Você não é louca, Stardust... só é idiota.

- Parou. Se virou para Estelle e apertou ainda mais o pulso, a corrente no pescoço da garota finalmente se tornando forte o suficiente para dificultar sua respiração. - Não aja como se você soubesse de alguma coisa! - Puxou Estelle com violência, desferindo um soco que jogou a garota no chão assim que a mesma chegou próxima o suficiente. - A única razão por qual eu ainda não joguei você daqui de cima é por amor a minha princesa. Se não, você já estaria tão deformada no fundo do mar que nenhuma técnica de Nen conseguiria unir os pedaços de novo. - Estelle não conseguia se mover enquanto no chão. O frio, a fraqueza, os ferimentos, o grilhão ficando cada vez mais apertado... - Yukihime me ama. Yukihime PRECISA de mim. Ela não é como um mestre velho e tarado que só tomou você como estudante por você ter um rostinho bonito, ela... ela... nós... somos uma família. Todos nós. - Chutava a garota, com violência. - Agradeça a ela por ainda não estar no inferno com o maldito do seu avô! - Finalmente concentrou um chute no rosto de Bright, que a fez expulsar sangue. Havia quebrado um dente.

-- Enquanto sangrava e sentia a dor de perder um dente, Estelle ria. Ria do desespero da garota. Finalmente havia encontrado um ponto fraco. Não era o medo da morte que despertava emoções em Stardust, era o medo da rejeição. -- Você nunca me mataria, Stardust, nunca. Sabe por quê? Se você me matar, sua princesa vai te odiar pra sempre. Ela mal me conhece, eu mal falei com ela, e já sou mais preciosa que você! -- Tossia um pouco de sangue. -- Que patética! Substituída por uma garota que você odeia, e que nem fez esforço pra te superar! -- Explodia de risos. Rir doía, sentia suas costelas arderem, mas valia a pena.

- Stardust olhou com extremo desprezo para Bright. - O que... quem você pensa que é? - Levantou a corrente novamente, Estelle "em pé"... mas sem encostar os pés no chão. - Ela nunca... jamais... faria isso. NÃO! Ela me perdoaria, ela entenderia meu erro. Pois ela é piedosa e amorosa com todos nós. Ela vai me perdoar. - Apertou o pulso da corrente ainda mais. Estava finalmente tentando enforcar Estelle. - Por que quando você se for... vai tudo voltar pro seu devido lugar. Sua puta imunda... ela não tem amor nenhum por você. Se ela já tem a mim... por que ela precisaria de alguém como você?! - Apertou ainda mais. Estelle não conseguia falar ou se mexer, sua consciência já se esvaía...

- PARE! - Ouviu uma voz, já quase desmaiando, que fez Stardust finalmente soltá-la. Caiu e tossiu violentamente, tanto saliva quanto sangue. - Você está tentando matá-la?! Não foram essas as suas ordens! - Um dos cultistas apareceu em meio à escadaria, repreendendo Stardust duramente. A garota não respondeu imediatamente. - ...faça o que quiser. - Entregou a corrente nas mãos do cultista desconhecido e desceu, deixando a vista de Estelle. O cultista afrouxou o grilhão, e se abaixou pacientemente. - Você está bem? Eu vou te levar pelo resto do caminho. - Sua voz era levemente feminina, mas abafada pelo capuz. Pacientemente aguardou Estelle se levantar para que continuassem. Ainda não conseguia utilizar Aura, então tentar fugir seria, provavelmente, ainda fútil.

-- Estelle acenou positivamente com a cabeça. Que pergunta imbecil, como ela poderia estar bem? Mas não queria discutir, essa cultista não importava. Juntou as forças e falou o mais alto que conseguia. -- Sua princesa agora é minha, Stardust. Se contente com o segundo lugar... e cuidado pra não cair ainda mais! -- Ria e tossia sangue, seu corpo doendo em todos os lugares, sem forças para sequer se manter em pé.

- Continuaram lentamente, adaptando o ritmo com os passos pesados de Bright. Finalmente chegavam ao topo: um pico em que um pequeno gazebo ornamental havia sido instalado. Uma mesa de chá para quatro pessoas ficava embaixo do mesmo, protegido da chuva e de qualquer coisa que viesse de cima. E sentada em uma das cadeiras, permanecia Yukihime. A complexidade de sua face havia aumentado... parecia muito mais... velha? - Princesa, eu a trouxe. - O cultista se curvou. - Ótimo, meu amor. Muito obrigado por sua cooperação. Agora, Estelle... sua presença é um tanto quanto diferente no mundo real. Eu me pergunto o que pode ser... - Estelle podia dizer o mesmo. A sensação de se deparar com aquela mulher ali, em vez das terras gélidas e desconhecidas de anteriormente, era muito diferente do que esperava.

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-- Você é mais velha. A idade chega pra todos, não é? -- Estelle provocava. -- Você tem um grupo incrível de pessoas aqui. Um grupo e tanto. Toda a escória da terra em uma só mansão...

- Ah, de fato. Meu corpo é efêmero, mas meu espírito é eterno. Nem o paraíso nem o inferno possuem o privilégio de me levar, ainda. - Se levantou, indo em direção ao limite do pico. Estelle podia finalmente ver que, dali, se podia ter uma boa visão do Porto de Nor... em um dia sem tempestade, no caso. Tudo que podia ver era uma amalgamação alaranjada, que gradualmente ia ficando menos difusa. - Eu temia que você não viveria o suficiente para ver o último fagulho de esperança do Porto de Nor se apagar, e meu renascimento. Isso seria a marca do meu fracasso. Mas no fim, tudo deu certo. - Falou, sem olhar para trás. - Sim, afinal, será você que não viverá para ver qualquer uma dessas coisas, mãe. - A cultista falou, e em um movimento rápido tirou uma pistola de seu manto.

Tudo que Estelle ouviu foi um disparo em direção a Yukihime, e em suas vestes -- um pouco próximo ao peito -- um ponto vermelho crescia levemente. - Me parece que você sangra que nem todo mundo. Mas isso já era de se esperar. - Falou, retirando o manto de seu rosto. Uma face que Bright provavelmente não lembrava. Uma face que não esperava ver. Do início daquela história, a pequena Japponesa de cabelos negros se mostrou em sua frente. Haviam se encontrado apenas uma vez antes, na primeira vez em que os SHIN haviam atacado. Era Kuroyuki.

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