Ryuuseigai Hunt Arc - 06

O gosto era horrível. Deu um gole e então olhou para o copo, como quem pensa "isso está correto mesmo?" talvez estivesse. Colocou o copo encima da mesa, e olhou diretamente para Allan -- O gosto é pior do que o esperado. Parece que eu coloquei um dragão na minha garganta. -- Disse ele, olhando ainda de forma distante para o copo. -- Transmutação? desculpe, não entendo.

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- Bem, como eu posso explicar? Quanto a Aura, existem seis "categorias" em que cada indivíduo cai. - Pegava um papel e uma caneta de seu bolso, rapidamente esboçando uma espécie de hexágono.


- No topo, há o Reforço. - Apontava para cada ponto do hexágono a medida que explicava. - Membros do reforço são capazes de aprimorar as características do próprio corpo ou de qualquer objeto. - Continuava, indo para a esquerda. - Ao lado, temos a Emissão, a arte de retirar a aura do próprio corpo para que a mesma percorra grandes distâncias. Abaixo, a Manipulação, que faz um usuário capaz de controlar pessoas ou objetos inanimados. - Colocava o dedo do lado oposto, no topo, dessa vez. - E sua própria categoria, a Transmutação, que dita a capacidade de alterar as propriedades da própria Aura para atingir resultados diversos. Logo abaixo, vem a Conjuração, que é o ato de criar objetos a partir da própria Aura. E por último... - Colocava o dedo no último ponto, na base. - Especialização, que é onde qualquer técnica que não se encaixe nas outras categorias cai. Geralmente é a categoria de gênios e pessoas que utilizam Nen inconscientemente. - Entregava o papel para Kuroo, brincando com a caneta em sua mão. - Cada pessoa possui cai em uma das seis categorias, e é isso o que dita o que você é capaz de fazer ao utilizar Hatsu.

Entendo...entendo... -- Ele dizia, sentado, com uma expressão firme. Olhava fixamente para o hexagono, e então fechou seus olhos. -- Creio eu que esse é o primeiro passo para fazer coisas incríveis, não é mesmo? agora que sei o que sou, creio que será mais fácil de aprender algo. -- Ele tinha um olhar cravado em Allan. Allan havia dito anteriormente que tinha uma surpresa, qual seria? havia dito no outro dia, por mensagem. Kuroo suspirou por um momento, e então estalou seu ombro, focado no homem. -- Eu preciso melhorar nos aspectos básicos.

- Aplicar eles em combate seria sua melhor saída, então. - Dizia. Kuroo não podia evitar suspeitar. Por que Allan estava tão disposto a ensinar ele sobre aquilo após tudo, afinal? Algo havia mudado. - Ou você poderia passar meses meditando e treinando um por um, mas uma aproximação por meio do combate é mais rápida e efetiva. - Falava com os braços cruzados e olhos fechados. - Então o que eu sugiro é que você lute, Kuroo. Ainda hoje, se possível. Não sei se você teve a oportunidade de conhecer, mas Duelpolis é conhecida pela presença da Heaven's Arena no coração da cidade.

Eu lhe direi por que te chamei aqui, Allan. Seu amigo me trouxe problemas. A mafia que ele quer roubar descobriu onde ele estava, e bem...eles estavam em maior número. Tentaram me matar, mas... -- Abriu os braços de forma irônica, como se fosse deus -- Eu sou imortal até que se prove o contrário. Mas olhe...olhe bem o que eles fizeram, Allan. -- Ele removeu o cobertor de suas pernas. O rapaz estava apenas de cueca box, era possível ver sua perna as marcas de uma cirurgia feita às pressas. -- Quebrada em dois lugares diferentes cada perna, Allan. As marcas de queimadura? já deve imaginar. -- Ele riu baixinho, como se a dor não existisse.

É por isso que eu devo aprender mais sobre o nen. Para poder ficar de igual para igual com eles. -- Suspirou, pesadamente. -- Sim, eu devo lutar, e é o que farei assim que... -- Apontou para suas pernas. Tinha dificuldade de andar. -- Enfim, você havia dito que tinha novidades. O que aconteceu?

- Ah, olha a hora! Acho que já tenho que ir! - Allan disfarçava de maneira extremamente natural, rapidamente mudando de assunto. - Foi bom ver você de novo, Kuroo. - Se levantava, indo em direção a saída. - Desculpa, isso não foi nem um pouco bom, não é? Eu sou um péssimo ator mesmo. - Apesar de suas palavras, sua atuação era bem mais do que convincente. - A verdade é que uma nova força apareceu, Kuroo. Eu sei que você possui a máfia atrás de você, mas tem alguém que você precisa temer bem mais nesse momento. Um verdadeiro caçador de Hunters. - Não dizia mais nada, falando sem se virar para Kuroo. - Ah, e um último aviso. Eu não sei quem te ajudou tanto assim ao ponto de te dar um teto e tratar de seus ferimentos, mas se você não quer ver essa pessoa envolvida nisso tudo... eu recomendo deixar este lugar o mais rápido possível. - Avisava, com um tom sério. - Mas isso provavelmente não importa pra você. Bem, até mais. Aplicarei o Exame Hunter em Junho, então apareça lá pra me visitar ou algo do tipo, eu prometo levar o Nise de novo. - E com isso, deixava a residência, seus passos lentamente desaparecendo no horizonte, antes de qualquer reação do Zoldyck.

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Ele se mantinha em pé. Olhou para um lado, para o outro e então fez uma saudação final para o homem. Parecia parado em pé, segurando a katana com a sua mão esquerda, e então olhou-se no espelho. Caminhou lentamente pela casa do idoso, parando perante à um único porta-retrato, dele ainda jovem, com uma moça que parecia ser sua esposa, carregando um pequeno bebê no colo. Permaneceu olhando para a foto por alguns segundos, de forma distante.

Kuroo raramente pensava nas pessoas da forma como estava pensando do velho naquele momento. Ele sentia...dó? talvez fosse isso. Aquele homem era claramente sozinho, e havia entregado tudo para defender seu país. Não havia ninguém com ele. Ele estava entregado à própria sorte, e mesmo assim salvou Kuroo. Aquilo pareceu amolecer o coração de Kuroo por um momento. -- Por que? Por que tudo isso, ossan...? -- Ele se perguntou, baixinho, olhando para a figura do mesmo na foto. Ele parecia tão sorridente e feliz com uma familia.

Era esse tipo de gente que Kuroo seria pago para matar. Pessoas com familia, com histórias, que simplesmente deram o azar de cruzar seu destino. Aquilo o entristecia um pouco. O olhar de Kuroo estava baixo, ele parecia diferente do arrogante rapaz Zoldyck que era conhecido pela brutalidade. Pegou um pequeno pedaço de papel, e a caneta deixada por Allan, e então escreveu

                          Ossan, muito obrigado por tudo.
                                                 As coisas devem estar dificeis
                                                 E o céu de ferro coloca todos nós abaixo dele
                                                 Mas, não desista. Eu me lembrarei de você.
                                                 Eu...

E então simplesmente largou a caneta. Olhou para o que havia escrito. O céu de ferro perseguia Kuroo desde que era uma criança, sempre cinza, e só finalmente ele podia ver com clareza aquilo. Respirou fundo, e então já de calças começou a sair da casa. A chuva caía vagarosamente sobre a pequena casa do homem, e os olhos de Kuroo não podiam ser vistos. Em sua mão direita repousava a Katana. -- Eu viverei para lhe ver novamente, Ossan, você não está mais sozinho. -- Ele disse, de forma humilde, abandonando a casa.

A porta balançava lentamente, e podia se ver dentro da casa, ao lado da foto, iluminada pela luz de uma pequena vela algo preso ao móvel de madeira : Um papel branco, escrito com caneta negra, e preso na mesa por uma Ben's Knife. Aquela faca se fosse vendida ajudaria o idoso a conseguir comprar mantimentos e algumas coisas para ele. Esse era o sinal de agradecimento de Kuroo Zoldyck.

- A casa era deixada sozinha, em silêncio, nada ecoando em seu interior além do som melancólico das gotas de chuva. Havia sido apenas um breve encontro, do tipo que o rapaz Zoldyck rapidamente esqueceria em condições normais.
Mas este... era um que ele não conseguia tirar de sua mente.
Enquanto a grande torre das batalhas aparecia no horizonte, as engrenagens do destino voltavam a girar com apenas uma voz vinda de um homem com capa de chuva negra que se aproximava de Kuroo, indo em uma direção oposta do rapaz. - A cerimônia foi adiada, mas o contrato ainda está de pé. Aguarde instruções de Albel. - Dizia a voz, se escondendo em meio ao fluxo de pessoas naquela favela de Duelpolis e escapando da visão do Zoldyck.