Whale Island Arc - 07

- Um vento frio passava por uma janela que havia sido esquecida aberta e adentrava o quarto pouco iluminado, acordando Bright de sua inconsciência profunda. A última coisa que a garota lembrava era ser derrotada por algumas plantas gigantes, então poderia muito bem estar no paraíso naquele momento. Mas... sua intuição logo confirmava o contrário. Estava em um quarto grande e elegante, aparentemente em um andar mais alto da mansão, ou onde quer que estivesse. Ainda era noite, então não esteve mais que algumas horas desacordada. Seu corpo doía bastante, e suas feridas haviam sido dolorosamente abertas pela batalha anterior, mas o fato de não ter morrido mostrava que algo havia dado certo no fim. Havia sido Rift? Não podia o ver no quarto, e, além de uma grande armadura negra que carregava uma gigantesca espada, imóvel em frente a porta do local, havia uma garota... de cabelos vermelhos, seu corpo apoiado sobre a confortável cama em que Estelle permanecia deitada. Estava dormindo, com um grande pano cobrindo do seu nariz para baixo enquanto permanecia amarrado na parte de trás de sua cabeça. - ZZZzzzz... eu não quero comer isso... Zzzzz... - Reclamava em seu sono com uma expressão de descontentamento, aparentemente não tendo um dos melhores sonhos.

NPC's/Players presentes:

- Seu corpo dóia da raiz dos cabelos até as unhas dos pés. Dessa vez seu adversário realmente não havia pegado leve, e ela sequer tinha esquecido a dor da última luta. Mas estava mais forte desde a última luta, desde que havia derrotado Zeta, então por que...? Era isso que ressoava em sua cabeça.
Provavelmente estava delirando. Uma garota de cabelos vermelhos? Sò poderia ser... mas ela estava muito longe, em outra parte do mundo, então como? E provavelmente ela a odeia agora. - Ei... ei, Kouha. - Dizia o mais alto que conseguia. - Ei, Kouha... você veio me levar para o céu, Kouha?

- Sendo Kouha ou não, a garota parecia cansada o suficiente para não ouvir, ou melhor, não se importar com as palavras de Estelle, que saíam de maneira fraca. - Kou... Kou... Kou quem? ZZZzzzz... - Fazia um som incompreensível com seu nariz logo após isso, visivelmente em um sono profundo. Estelle havia sido efetivamente ignorada.

Não era Kouha, tampouco Rift. Mas quem...? Quem mais estaria ali e a salvaria? Queria descobrir, virar seu rosto completamente e levantar, mas não conseguia. Seu corpo não apenas dóia, como também estava cansado, extremamente cansado. - Q-quem é você? E o que está fazendo aqui?

- A garota finalmente abria seus olhos, e levantava sua face levemente ofuscada pelo pano mencionado anteriormente. Coçava um dos olhos, demorando alguns segundos para se situar. - Ahh... você já acordou? - Bocejava, tendo certa dificuldade em fazer isso com sua boca tampada. Desamarrava o objeto de sua face, mostrando uma bela garota jovem em seus 16 ou 17 anos. Parecia apenas levemente mais velha que Estelle, no caso. Tampava o nariz quase que imediatamente, uma expressão de desconforto se instalando. - E parece que esse cheiro horrível ainda não saiu de você... - Bright já havia se adaptado ao odor, mas agora que a garota mencionava... o líquido cuspido nela não havia deixado o legado mais agradável.

- Acordei há alguns minutos, mas... - Finalmente percebia o cheiro. Era horrível! Uma verdadeira lembrança ruim, o pior "presente" que já havia recebido, e com certeza seria obrigada a continuar com ele por algum tempo. - Que cheiro horrível! Abacaxi maldito, ainda irei me vingar. - Tentava ao máximo respirar apenas pela boca, evitando ao máximo o cheiro. - Aaahn, acho que... obrigada por ter me salvado. Mas, quem é você?

- Eu que deveria perguntar isso... - Dizia meio frustrada, ainda tampando o nariz. - Você invade minha casa, causa uma bagunça gigantesca e ataca as plantas da minha família... o que você estava pensando, afinal?! - Parecia meio irritada, mas isso não queria dizer muito.

- S-sua casa? Mas essa mansão... essa mansão é abandonada e mal assombrada! Um garoto-fantasma-travesso me levou até as plantas, que me atacaram. Foi isso que aconteceu. - Falando desse jeito parecia fantasia, e das bobas. Mas isso com certeza não espantaria alguém que domina Aura. - Ah, sou Estelle Bright, falando nisso. Vim aqui com meu... mestre... Rift para investigar os fantasmas. É um prazer. - Tentava colocar seu sorriso mais amigável no rosto.

- Abandonada e... mal assombrada? É isso que as pessoas na vila dizem sobre esse lugar? - Suspirava, visivelmente frustrada. - Bem, eu vivo aqui! E meu avô antes de mim! E o avô do meu avô antes dele! - Poderia continuar por um bom tempo, mas decidia parar por ali. - Você tá falando... do Fiddly, não é? Ele pode ser bem irritante mesmo, mas depois de um tempo você se acostuma. Ele nem pode vir até aqui em cima, de qualquer maneira. Hahaha, idiota. - Dava uma breve risada, com uma expressão presunçosa. - É um prazer conhecer você, Es-tel-le Bri-ght. Meu nome é Sienna. Sienna Roscoe. - Roscoe... sendo uma cidadã do mundo, Estelle conhecia esse sobrenome de algum lugar...

- É um prazer, embora a situação seja... estranha. - Abria um meio sorriso como se pedisse desculpas por tudo que havia acontecido. - Mas... Roscoe? Como o do famoso Regaey Roscoe? Ele é seu parente? - Perguntava curiosa, não conseguia conter sua vontade de descobrir. - Ah, e tem mais uma pessoa na mansão, o Rift. Já falei dele, é o meu mestre. Ele é rico então vai pagar por todo o prejuizo, não se preocupe.

- É. Ros-co-e. Mas eu não conheço nenhum Regaey não. - Suas palavras eram meio estranhas, mas não parecia realmente se importar com isso. - Eu vivi aqui com meu avô por um bom tempo, então eu nunca conheci outros membros da nossa família diretamente. Desde que ele morreu... bem, eu tenho estado sozinha aqui. E ir para a vila não é exatamente uma opção... - Desviava o olhar, como se escondesse algo. - D-de qualquer maneira! Vocês conseguiram o que vieram procurar aqui?

- Acho que sim... nossa missão era só investigar o suposto fantasma. - Não tinha mais o que fazer. O fantasma é real, mas é um habitante da mansão, que tem donos. O que poderia fazer? - Acho que só me resta procurar o Rift. Ah, cara, se eu não estivesse machuca aquela planta teria levado uma surra.

- Então você está prestes a adentrar uma looooooonga procura. Até eu me perco aqui de vez em quando, e com o Fiddly enchendo o saco a todo momento... - Suspirava. - Eu vou te ajudar a procurar, mas antes disso... - Se levantava, apertando ainda mais a mão no nariz enquanto se dirigia até a janela aberta, adentrando a varanda, exalando o ar de maneira forte como se estivesse respirando pela primeira vez em vários minutos. - Tome um banho, pelo amor de Deus. Esse cheiro vai acabar me fazendo desmaiar. - Suas palavras não eram das mais gentis. Apontava para uma porta em uma das extremidades do quarto, onde possivelmente existia um banheiro. - Eu já preparei uma toalha e uma troca de roupas, então... é. Espero que não se importe.

- Ele me lembra alguém... só que muito mais irrante. - Fazia esforço para se levantar e conseguir se manter em pé. Seu corpo de inicio tremia, mas logo recuperou o equilibrio. - Certo! Irei tomar banho e quando sair de lá terei o cheiro de uma flor de Sakura!

- Fique a vontade, e lembre-se de lavar atrás das orelhas. - A garota dizia, observando Estelle finalmente adentrar o banheiro da residência antiga.



- Deixava o banheiro depois de um tempo considerável, seus longos cabelos alaranjados sendo bagunçados pela toalha apoiada sobre seus ombros. A garota já a aguardava, observando o céu estrelado sobre a neve da Ilha da Baleia. - Ah, já terminou? - Dizia em um tom simpático, se aproximando. - Hmm... bem melhor. Aquele cheiro já estava intoxicando todo o quarto.

- Sim! Banhos rápidos e eficientes é o meu hatsu. - Ria. - O que aquela planta comia para cheirar e cuspir tão mal? - Olhava para os lados enquanto perguntou, como quem pensa na resposta da própria pergunta. - Agora já podemos ir, se quiser.

- Esperança e sonhos. - Respondia a pergunta da garota com um tom escuro, demonstrando a existência de memórias dolorosas, possivelmente envolvendo as plantas mencionadas. Estendia à garota uma troca de roupas, caracterizadas por um casaco de inverno de coloração rosa-claro com uma folgada e confortável blusa branca por baixo, acompanhado de uma calça de um tecido ainda mais confortável cuja cor combinava com os detalhes levemente brancos do casaco, além de botas que em muito se assemelhavam às que Estelle já utilizavam, somente a cor mudando para se adaptar com o resto do visual. Era funcional e relativamente elegante, algo que Bright possivelmente valorizaria. - Se vista e então podemos ir.

- Ei, isso é bonito! - Virou-se e se vestiu tranquilamente. Seu corpo agora parecia doer bem menos, provavelmente efeito da água quente. Estava mais relaxada, agora poderia pensar em como encontrar Rift. - Pronto! Agora é hora de procurarmos o Rift. Ele é ruivo, alto, olhos verdes e... bem, só isso. Quando o encontrarmos podemos formar o trio ruivo! - Voltava a seu humor habital, soltando uma estridente risada após a última frase.

- A garota concordava com a cabeça, colocando um manto sobre seu corpo e pegando uma lamparina de mão, acendendo-a. Se dirigia até a porta, onde a armadura gigante e negra antes vista por Estelle ainda estava.


Sienna permanecia imóvel por alguns momentos, antes de finalmente falar. - Mova-se, Gaal. - Falava de maneira fraca, como se poupasse palavras. Como se um surto de Nen percorresse todo a forma do ser... Estelle podia sentir sua presença se unir em meio à grande armadura, seus "olhos" agora brilhando um intenso vermelho que parecia perfurar sua alma. Permanecia alguns momentos imóveis, antes de se levantar carregando sua gigantesca espada e em passos lentos, sair de frente da porta, efetivamente abrindo o caminho antes de se "apagar" novamente, sua presença se esvaindo. Cada passo ecoava um som de aço se chocando, típico de armaduras. A garota se virava, e em um tom apologético, falava com um sorriso sem graça para Estelle. - Ah, desculpe por isso. Vamos indo. - Nem mesmo aguardava uma resposta da garota, abrindo a grande porta do quarto.

- T-tudo bem. - Ficou impressionada mas continuou a seguir a garota. Sua curiosidade estava novamente atiçada. O que fora isso? Uma habilidade nen? Hatsu? Ou... apenas algo sobrenatural sem uma relação direta com Aura? - E-e-ei, isso com a armadura... foi nen, não foi?

- Parecia evitar tocar no assunto, mas cedia assim que Estelle iniciava suas perguntas. - Desculpa, mas eu realmente não sei. - Mantinha os olhos virados para baixo enquanto percorriam os corredores, iluminados apenas pela luz da lanterna em sua mão. - Você... poderia esquecer que viu isso? Eu não quero que mais pessoas saibam sobre ele. - Parecia um pedido extremamente sincero. - Primeiro aquelas pessoas encapuzadas, e agora vocês... esse lugar nunca esteve tão agitado.

- Poderia sim, é c- - Era pega de surpresa pela menção de pessoas encapuzadas. Seu corpo tremia e seus olhos se abriam, por alguns segundos manteve a boca aberta mas não conseguiu falar nada. - ...p-pessoas encapuzadas? SHIN... droga, o que eles fizeram aqui? Isso é pior do que eu imaginei que seria.

- V-você os conhece? SHIN... é esse o nome? - Perguntava com legítima surpresa, parando no meio do caminho. - Eles apareceram aqui... uns dois meses atrás, e tentaram levar o G- - Interrompia a si mesma, desviando o olhar. - A armadura com eles. Eu não entendo o por que... - Dizia com um tom melancólico, unindo as duas mãos. - Err... Estelle, você é uma... "Hunter", ou algo assim?! - Falava com certa intensidade, colocando as mãos no peito. - Ou até mesmo esse Rift... vocês são?!

- É, conheço... eles são criaturas más que me perseguem tem um bom tempo. -
Um sinal de tristeza podia ser visto em seu rosto. Seus olhos agora estavam levemente cabisbaixos e semicerrados, olhava para o chão e o encarava. - Eu... bem... eu não sou uma Hunter profissional ainda, mas o Rift é. Eu sou a aprendiz dele, falando nisso, e garanto que mais forte que a maioria dos Hunters! - Dizia jocosamente, tentando recuperar seu humor.

- Mas vocês resolvem problemas de outras pessoas, não é?! Pelo menos foi isso que meu avô me disse... - Parecia determinada, se aproximando cada vez mais. - Eu não tenho muito com o que pagar, mas... quando tudo isso estiver resolvido... - Parecia procurar coragem para falar. - Eu preciso que vocês resolvam algo pra mim! É muito importante!