Whale Island Arc - 04

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Quarta-feira(20/02/20XX)

- Aquele estava sendo possivelmente um dos piores dias na vida de Estelle Bright. Havia sido derrotada facilmente por Caesar, o frio que sentia naquele momento atormentava seus ossos de maneira cruel e no topo disso tudo, seu penteado havia sido desfeito. Não ajudava em nada, também, o garoto que liderava o caminho estar basicamente indiferente em relação a tudo que afligia a garota de Nor. Enquanto a neve continuava a cair sobre a ilha da baleia, duas formas podiam ser vistas em meio a uma das dezenas de trilhas que cortavam a ilha, uma que utilizava roupas brancas que se tornavam uma com a neve e outra de roupas rosa-claro, coberta dos pés a cabeça, seus braços cruzados em um ato inútil para tentar diminuir o frio. - Você está bem ainda? Estamos quase chegando lá! - O rapaz dizia em um tom indiferente e com expectativa, continuando a andar em seu próprio ritmo.

NPC's/Players presentes:

- Brrr! Posso aguentar muito mais que esse friozinho! - Tentava minizar os danos, mas seu corpo tremia e sentia como se agulhas perfurassem sua pele. Sentia um frio extremamente desconfortável em seu nariz, o que é de se esperar em uma situação dessas. - Pelo menos deixa o corpo dormente...

- Não parece, pra mim você vai cair a qualquer momento de tanto cansaço. Aqueles golpes não foram nem um pouco gentis, não é? - Tirava sarro da garota, dando uma breve risada enquanto continuava a andar. Depois de certo tempo, finalmente alcançavam seu destino.
»OST


- Após passarem por uma estreita entrada na base de uma pequena montanha, a verdadeira forma do local procurado pelo rapaz se mostrava. Lotada de cristais das mais diversas cores, tamanhos e formas, uma caverna iluminada pela escassa luz do sol que atravessava algumas frestas nas paredes se mostrava em frente de Estelle. Os corredores eram relativamente artificiais, mostrando bastante manipulação humana no seu interior, mas de que nenhuma maneira havia abalado a beleza natural daquele local exótico. - Uma das saídas dessa caverna fica próxima da vila, então podemos ir por aqui. - O rapaz tomava a iniciativa, explicando. - Mas caaaara, esse lugar não mudou nada. Eu costumava vir brincar com o Rift o tempo inteiro aqui quando éramos crianças. - Seus olhos mostravam clara nostalgia, além de um tom relativamente melancólico em sua voz. - Nós não costumávamos trazer a Refia já que ela era pequena demais, então ela sempre chorava e corria atrás da gente sozinha. Você ficaria surpresa em quantas vezes ela se perdeu por causa disso.

- Ficava encantada e impressionada com o local. A luz que parecia não pertencer a caverna, que era de se esperar ser fria e escura como a pior das noites, dava um ar quente e aconchegante para o frio. Todos os cristais faziam parecer que estava em um lugar encantado, em alguma espécie de reino mágico escondido dos olhos humanos. - Isso quer dizer que você não se perder, certo? - Resolveu então se vingar do comentário que Caesar havia feito antes. - O-o-ou v-vai me dizer q-que m-me trouxe para esse lugar romântico de próposito?

- ...o que tem de romântico nisso? - Falava relativamente incrédulo quanto a afirmação de Estelle, uma expressão de desgosto aparecendo em seu rosto. - Eu sei que você provavelmente já se apaixonou incondicionalmente por mim, mas eu não estou procurando um relacionamento no momento. - A capacidade de manter uma expressão imóvel ao dizer isso era surpreendente em si só. - E eu jamais faria algo assim com o Rift! - Não era necessário um gênio para entender o que ele queria dizer.

- Eu aaah... - O tiro saia pela culatra, havia sido novamente pega desprevenida. - Nenhuma mulher em sã consciência se apaixonaria por alguém como você! Seu... seu... bobão! - Novamente tentava apenas controlar os danos. - Melhor irmos logo.

- É, eu estou começando a ficar com frio também. - Se levantava, começando a andar. - Ah, e se você ouvir um som que se parece com vidro se quebrando, tome cuidado, olhe seus arredores, e diminua o som dos seus passos. Podemos ir, então? - Com esse último aviso, começava a andar. O número de cristais se tornava um pouco menor a medida que adentravam cada vez mais a caverna, mas a beleza não diminuía nem um mínimo, já que os mesmos se mostravam cada vez mais distintos e com formas criativas. Após algum tempo, chegavam em uma bifurcação, que colocava Caesar em uma visível confusão. - Certo... eu realmente não lembrava disso! - Dizia com uma expressão irritantemente inabalada, mas certo desconcerto podia ser visto em seu rosto, num mínimo. - Agora, por onde ir...?

- Ei, você é idiota!? Como pode esquecer o caminho de um lugar que visitou tantas vezes? - Dizia mais por irritação do que para provocar. Realmente não queria ficar presa no lugar,
por mais bonito que fosse, já que o frio continuava lá e seu corpo já não estava nas melhores condições. - Use sua aura! - Sugeria.

- Ei, a culpa não é minha! Faz anos que eu não ando por aqui! Essas coisas mudam! - Dizia, rebatendo a irritação de Estelle. Se acalmava um pouco mais assim que ouvia a sugestão da mesma, com uma expressão convencida. - Hmph, essa era a segunda opção o tempo inteiro. - Se concentrava, intensificando sua Aura com Ren. - En! - Utilizando Ten, sua Aura se moldava irregularmente, se estendendo para ambos os corredores e adentrando a grande escuridão que os acompanhava, sendo quebrada apenas pelos cristais que brilhavam no horizonte. O rapaz parecia concentrado, mantendo seus olhos fechados, então provavelmente não era uma boa ideia incomodá-lo. Suor aparecia ao redor da bandana em sua testa, sua expressão tremendo por alguns centímetros, antes de finalmente recuar seu Nen. - Huff... huff... muito tempo sem usar isso... será que eu perdi a prática? - Falava ofegante, segurando seu peito e se sentando em meio ao chão rochoso do local. - Eu pude sentir algumas assinaturas de Aura ao redor do corredor da esquerda, mas o da direita não possui nada. - Explicava. Ambos as opções os obrigavam a adentrar uma escuridão opressora até encontrarem qualquer outro cristal. - Se forem pessoas, nós podemos pedir por informações ou algo do tipo. Bem, a decisão é sua. É hora de deixar você tomar iniciativa, também.

- Ei, ei, ei, o que foi isso? Você entrou em forma de espírito e vasculhou a caverna? -
Dizia impressionada com os feitos de Caesar, mesmo que não tenham dado muito certo. - Vamos pela esquerda! Esquerda é sempre o melhor caminho.

- Hmm? O Rift não te ensinou sobre En ainda? - Perguntava legitimamente confuso, mas logo chegando a uma conclusão por si mesmo. - Ah, mas é um princípio avançado mesmo. Não tem como alguém com tão pouco tempo de treino conseguir fazer algo assim.

- Hmm, não tem , é? - Pela primeira vez na caverna um sorriso malicioso e provocador tomou conta do rosto da garota. - Me ensine então! Garanto que aprenderei rapidamente e te superarei.

- Ei, eu não vou me intrometer no seu treinamento assim! Tenho certeza que quando chegar a hora certa, o Rift vai ensinar você. Paciência é uma virtude, afinal! - Dizia em um tom convencido, balançando o casaco em seus ombros. - De qualquer maneira, vamos continuar andando.

- Bleeergh, a maior parte do que sei sobre o Nen foi a Kouha quem ensinou. - Balançava negativamente a cabeça. - Ah, entendi, entendi! Você não quer me ensinar porque sabe que o En do Rift é melhor e só ele conseguiria me fazer aprender, né?

- Estelle acertava um nervo. De maneira afiada, o rapaz se virava para a garota em uma posição defensiva. - De onde você tirou isso?! Saiba que eu poderia facilmente derrotar o Rift em uma luta! - Parecia legitimamente irritado, cerrando os punhos. - Você não pode ver? Eu sou mais forte, mais ágil e mais inteligente! Ele não teria nem uma chance contra mim! Não o superestime só por que ele é seu mestre!

- Oh, claro que é, claro, tenho certeza disso. Tão superior que nem consegue ensinar uma técnica que deveria ser simples para alguém tão poderoso. - Deixava escapar um "fufufu". - Mas você tem razão, vamos indo. Aposto que se eu aprendesse En como alguém como você estaria apenas jogando meus poderes no lixo. O Rift vai me ensinar, ele é mais forte e tem mais experiência de qualquer jeito. - Lutava para esconder o riso em seu rosto.

- V-você realmente fala muito para alguém que caiu tão fácil! - Apontava para a garota, visivelmente abalado. - Certo! Não acredite em mim! Continue achando que o Rift é super-poderoso ou algo do tipo! Aliás, se você acha ele tão bom assim, por que não CASA com ele?! - Suas palavras eram comparáveis a de uma criança fazendo birra. - Tch, mulheres nunca entendem mesmo...! - Começava a andar, cavando o chão a cada passo.

- Soltava novamente um "fufufu" abafado. Foi pega desprevenida, no entanto, quando Caesar falou sobre casar, mas conseguiu manter o equilíbrio. - Ora, só estou dizendo que você poderia tentar me ensinar e provar ser tão bom quanto o Rift. Mas, é, talvez ele seja melhor e no fundo você saiba disso. - Tentava continuar, estava sentindo que Caesar logo iria ceder.

- Eu não tô ouvindo! Pode continuar falando sozinha! - Parecia ignorar a garota enquanto liderava o caminho, pisando fundo e escondendo seu rosto na escuridão.


- Após alguns minutos de passos profundos e sons irritados, alcançavam algo. Em meio a caverna, uma espécie de grande sala feita visivelmente de maneira artificial se sustentava, algumas escadas levando da entrada da mesma até o nível do chão, que estava relativamente encharcado com várias poças d'água, mostrando que algo havia acontecido ali recentemente. - O que é isso? Eu não lembro de um lugar assim nessa caverna. - Caesar parecia intrigado e confuso, relutando em continuar. O local era retangular, a parede oposta a entrada possuindo uma espécie de altar visivelmente artificial elevado alguns degraus acima do chão, tochas já apagadas envolvendo uma estátua que parecia invocar memórias de Estelle: uma pequena forma humanoide, esculpida em uma pedra cinza, sem qualquer tipo de detalhe além da base de seu corpo. Espalhados pelo local... vestes negras e vermelhas, que se assemelhavam a capas com capuzes, jogadas sobre o chão irregularmente. Pareciam... esconder algo abaixo de si. A sala era iluminada por cristais azuis que brilhavam intensamente, o que era uma surpresa considerando que quase nenhuma luz adentrava a mesma.

- Ei, eu já vi isso na... - Lembrou-se que não deveria mencionar a Vila Kurta, mesmo que fosse para alguém conhecido. - As pessoas que você sentiu estavam aqui?

- Provavelmente, mas agora eu não tenho certeza de que eram pessoas. - Agora que falava... Estelle podia sentir algumas assinaturas de Aura ao redor da sala, mas ninguém podia ser visto. O rapaz se aproximava de uma das vestes jogadas sobre o chão. - De onde veio isso, agora...? - E com isso, puxava a mesma, mostrando algo extremamente desconfortante escondido em meio a seu tecido negro e vermelho. - !!! - Caesar era pego de surpresa, recuando alguns metros para trás. O que se revelava para os dois era nada menos que uma pilha de ossos visivelmente mal tratados, e claramente... humanos.

-M-m-mas o que... como? - Seu corpo se arrepiava completamente, seu braço direito inconscientemente era levantado até a altura da boca, assumindo uma posição defensiva. - Ei... ei Caesar, esse não era o lugar que você brincava!? C-c-como isso foi parar ai?

- N-não me pergunte! E-eu estou tão confuso quanto você! - Visivelmente, estava preocupado. Todas as outras vestes eram iguais, e aparentavam esconder o mesmo segredo obscuro daquela que Caesar havia investigado. - Eu nunca tinha visto essa sala antes, e esse tipo de coisa... o que diabos aconteceu aqui? - Colocava a mão sobre o queixo, pensativo. Um som desconfortante quebrava o silêncio, seu peso sendo amplificado milhares de vezes pela descoberta que acabavam de fazer. Era como se... algo feito de vidro se chocasse contra o chão e deixasse incontáveis fragmentos se quebrarem. Se repetia, dez, vinte, trinta vezes, cada vez ficando mais perto dos dois. Caesar suspirava. - E eu achando que isso não podia ficar pior...

- Ah, droga! É algum inimigo, não é? - Jogava o corpo para trás e entrava em uma posição completamente defensiva. - Essas pessoas... acha que eram daqui da Ilha? Alguém sumiu recentemente?

- Não... mas talvez seja algo pior... - O rapaz suspirava, mantendo a mão na cintura. Os cristais antes azuis e brilhantes começavam a se... mover? Sim, sua forma se tornava irregular, se rachando em alguns pontos e se desassimilando do resto. Todos ao redor da sala sofriam da mesma coisa, e dos fragmentos que caíam sobre o chão rochoso... seres quadrúpedes cristalizados apareciam. Dezenas, não, provavelmente quase uma centena dos mesmos começava a cercar Estelle e Caesar em passos lentos que se mostravam ser a origem do som que a garota ouvia anteriormente. - Lembra quando eu disse que você deveria se atentar se ouvisse o barulho de vidro? Era por causa dessas coisas. - Se aproximava do mais próximo, que estava relativamente distante dos outros, segurando-o pela cabeça. Era aproximadamente do tamanho de uma criança de dois anos. Focava Ren em seus pés, chutando o mesmos e o destruindo em centenas de pedaços. - Eles não são fortes individualmente, mas quando se juntam assim... pode ser um problema.

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