Nor Port Town Arc - 01

-- Quando você fala "se envolveu" faz parecer que eu tive chance de recusar... -- Suspirava profundamente. -- Eu não posso entrar em detalhes, mas esse cara, o Ryouma... ele é mau. Não é alguém em quem se deve confiar. Ele... -- Estelle olhava para todos os cantos para garantir que ninguém ouviria. Para mais segurança ainda, falou extremamente baixo. -- ... ele comanda uma organização criminosa misteriosa.

- Suspirava. - Você... como você...? - Colocava a mão na cabeça e suspirava novamente. - No que minha garota foi se envolver nesses meses...? - Não parecia estar muito satisfeito com a explicação, mas surpreendentemente achava ela suficiente. - Eu não estou interessado nos detalhes, nem tenho o direito de dizer como você deve viver sua vida, mas... seja o que for que você esteja fazendo, tendo Ryoma aparentemente se revelado como um criminoso pra você ou não, não se coloque em perigo. - Falava, com um tom sério. - Eu posso não ser a pessoa que você mais queria ver, mas eu sou sua família. Não se esforce demais, nem se arrisque demais. Por favor.

-- Estelle encarava por breves momentos seu pai. Ela sabia que o que estava fazendo não era obrigação, poderia correr a qualquer momento, mas não era esse o tipo de coisa que Estelle Bright costumava fazer. -- Ei... eu estou nisso justamente pra proteger pessoas como você, as pessoas que eu amo... se eu não me colocar em perigo, eles ganham... Mas eu sou mais perigosa que eles, acredite! -- Dizia, desta vez esbanjando um sorriso cheio de confiança.

- Eu acho que o que eu quero dizer é... que você não deveria pensar em qualquer momento que não há volta. - Dizia, ainda sério. O clima não era exatamente dos melhores, mesmo com a radiância de Estelle, e a garota conseguia perceber isso. - Se algum dia sentir que não vai conseguir... só volte, certo? Você ainda é jovem e pode recomeçar a qualquer momento. - Parecia que, no fundo, Horace não exatamente aprovava as aventuras de Bright. Mas Estelle conseguia perceber o motivo disso: no fim, a garota era a única família que o mesmo possuía, e não parecia que ele tinha qualquer interesse em perder isso também.

Com um clima um tanto quanto pesado que nunca realmente abaixava após as palavras de Bright sobre Ryoma, o almoço continuava, finalmente chegando a um fim coincidentemente no momento em que o ponteiro marcava 1:00 PM.



Como se estivesse à espreita apenas aguardando o fim do momento dos dois, o som de alguém tocando a campainha da loja ecoava pela residência. - Eu esqueci de colocar a placa de fechado...? Acho que com a tempestade de hoje à noite, as pessoas estão realmente desesperadas por suprimentos. - Dizia. Estelle havia visto em algum lugar algo sobre isso: a vinda de uma forte tempestade sazonal que atormentava o Porto de Nor estava prevista para àquela noite, e o som do vento lentamente se tornando mais forte do lado de fora denunciava isso, apesar do sol radiante da primavera. - Bem, acho que vou atender quem quer que seja, descansar um pouco e retornar ao trabalho. O que você vai fazer agora?

-- Agora, agora... agora acho que vou te acompanhar! Vamos lá, hora da nostalgia da loja. Depois também vou descansar, a viagem foi bem longa. -- Dizia enquanto se levantava e esticava os braços.

- ...não era o que eu esperava, mas não irei reclamar. - Dizia, guiando Estelle até o lado de fora.




- Horace se locomovia até o balcão, onde operava um dispositivo que remotamente abria a porta da loja e finalmente permitia que os aparente clientes adentrassem a mesma. E as duas formas que entravam -- Perdoe nossa intrusão. - Dois homens, ambos portando a graciosidade de uma dinastia a muito tempo extinta naquele país adentravam a loja dos Bright. Um deles era obviamente um servente do homem de cabelos brancos que o acompanhava, mas partilhava a mesma elegância que seu mestre, natural e serena. - Eu espero que não estejamos incomodando apesar do horário, Sr. Bright. - Uma imagem que Estelle havia apenas ouvido falar e visto em poucas oportunidades -- o Barão Landver, que possuía uma quantidade considerável de terras próximas a Nor. - Agora isso é realmente uma surpresa... já faz um tempo, Barão. Como vai? - Pela vontade da Deusa, bem. Parece que eu ainda tenho alguns bons anos de saúde comigo. E você também parece bem, mesmo com os recentes eventos. Eu sinto muito por não ter prestado minhas condolências antes. - Tirava seu chapéu em sinal de respeito. - E essa jovem encantadora deve ser sua filha, não é? Ela realmente cresceu desde a última vez que a vi. - Estelle realmente não se lembrava onde havia sido vista por aquele homem em algum momento, provavelmente na infância.

NPC's/Players presentes:

-- É, sou eu mesma, primeira e a única. -- Estelle examinava os dois homens de cima a baixo. -- Embora não possa dizer o quanto mudei, não faço a mínima ideia de qual foi a última vez que nos vimos.

- Bem, isso é perfeitamente entendível. Você era extremamente jovem, afinal. - Dizia, com um tom simpático. Horace e o homem continuavam jogando conversa fora por certo tempo, até que o assunto tomava um rumo que Bright simplesmente não esperava. - Sr. Bright, você deve estar se perguntando o motivo de eu ter vindo aqui pessoalmente. - Afinal, não parecia que havia qualquer tipo de relação expressiva de amizade entre os dois que justificasse a visita. - Eu gostaria de fazer uma proposta. Mas de início, deixe-me perguntar. Você planeja fazer algo com os pertences deixados por seu sogro? - Hmm... isso não foi decidido ainda. Eles são o trabalho de vida dele, então não é como se eu pudesse simplesmente me desfazer. Acho que simplesmente os entregaria a alguém que faria bom uso. - Explicava, não realmente entendendo onde o barão queria chegar. - Entendo. Nesse caso, eu gostaria de lhe propor algo. Eu lhe darei 30 milhões de Jenny pelas pesquisas de Thomas Bright. - Era... realmente surpreendente. - 30 milhões... de Jenny...? - Exato, seria o suficiente para você nunca mais precisar trabalhar na vida. Como um admirador da arqueologia, eu acredito que as pesquisas dele serão de extrema utilidade para outros pesquisadores, especialmente da Associação.

-- T-t-trinta milhões?! -- Estelle se controlou para não pular para trás. -- E-e-ei, se minha palavra valer de algo aqui... acho que o vovô não iria gostar de ver seus trabalhos parados, mas antes de eles serem vendidos... eu gostaria de estuda-los durante um tempo. Afinal, serei a próxima maior Hunter Arqueóloga que o mundo já viu!

- Ambos os homens permaneceram em silêncio por alguns momentos, até que o Barão finalmente falou. - Eu não tenho o direito de recusar, mas saiba que não colocaria nenhum empecilho em sua própria pesquisa caso minha proposta fosse aceita. Você está convidada a consultar os arquivos do seu avô todos os dias em minha mansão. - Esboçava um sorriso. - Hmm... Estelle, por que não faz desse jeito? Vá até o escritório do seu avô e dê uma olhada por lá. Eu colocarei em você a decisão de aceitar ou não a proposta do barão. Você deveria falar com a antiga assistente dele, também. Eu acho que o nome dela era... Anna... algum sobrenome Ochimês. Ela provavelmente vai querer saber sobre isso. - Era a primeira vez que Estelle ouvia algo sobre uma "assistente", mas considerando a idade avançada de seu avô, não era exatamente uma surpresa que alguém assim existisse.

-- Estelle ficava pensativa. Era uma oferta tentadora, mas uma parte de si estava relutante. Seja como fosse, iria fazer como seu pai havia dito. -- C-certo. Anna, né? Vou... procurar ela. Mas antes, melhor ir no escritório. -- Se despedia com um aceno de cabeça e partia para o escritório de seu avô. Pensamentos transbordavam por sua cabeça, mas tentava focar em apenas ver o que quer que estava aguardando por ela.

- Precisava deixar sua casa para chegar até o local onde seu avô havia passado os últimos anos, o tempo não se mostrando realmente agradável e com um claro presságio de uma grande tempestade se aproximando. O cheiro de chuva e o céu acinzentado tentavam preencher sua mente, mas falhavam em tomar o lugar das preocupações e incertezas que pesavam em seu coração.

Após um caminho que parecia durar décadas, se encontrava na porta do local cujo destino seria decidido por ela. Era estranhamente familiar, mesmo com as diversas reformas que havia sofrido durante os anos. Sua mão parecia ser atraída pela maçaneta, que sem resistência nenhuma abria o caminho para que a garota adentrasse o local...



- Um sentimento de nostalgia atacou Bright assim que seus olhos foram preenchidos por um pouco-característico sol alaranjado que parecia se tornar assim apenas quando passava pelas escassas janelas do local, uma discrepância realmente notável com a aparência do céu do lado de fora. Chamar aquilo de "escritório" talvez fosse um pouco generoso, já que tudo que a garota conseguia ver eram livros, documentos, mapas e mais livros. Era um local aconchegante, como se retornasse ao seus dias de criança. Como se tanto sua mãe quanto seu avô estivessem ao seu lado. Mesmo o silêncio ensurdecedor, que abafava toda comoção do lado de fora, não parecia lhe entristecer.

-- Eram muitos livros. Centenas. Se cada livro tivesse mil palavras, então tinha no mínimo uma centena de milhares de palavras. Isso era bem mais palavras do que Estelle conseguia sequer imaginar. Sua cabeça era preenchida por dúvidas. Ler... deveria mesmo ler? Ler nunca havia lhe ajudado. Na verdade, nem lembrava da última vez que leu algo que não fossem as cartas de seu pai. Ler era complicado. Se desviou um pouco dos livros e tentou procurar por qualquer outra coisa mais interessante.

- Naquele momento, aquilo tudo parecia tudo um teste à sua determinação. Todos aqueles livros e documentos imensos... havia Estelle falado cedo demais? Seria ela realmente incapaz de seguir a resolução que havia exprimido com tanta veemência? Sua visão começava a doer levemente quando seus arredores se mostravam tão iguais... até que algo fora do comum lhe chamou a atenção. Atrás de uma pilha de livros, uma forma irregular. Marrom. Relativamente grande... e estava se mexendo? Uma criatura colocou sua cabeça para fora da pilha, seus olhos gigantes observando Estelle em curiosidade.


- Era algum tipo de animal que Estelle nunca havia visto. Mostrou um grunhido leve, cuspindo o que parecia ser um pedaço de papel... seguido por outros. E então, com um movimento brusco, derrubava a pilha que escondia parte de seu corpo, uma miríade de livros e documentos praticamente destroçados se mostrando.

-- Estelle se surpreendia com a aparição repentina da criatura. Mas logo a surpresa se transformou em curiosidade. Lentamente tentou se aproximar. -- Ei, ei, garotão... o que é que você está fazendo aqui? Quem é você, hein, garoto? Que fofinho você é! -- Dizia de forma amigável e se aproximava com a mão estendida.

- A criatura não demonstrava hostilidade enquanto Estelle aproximava sua mão, deixando que a mesma chegasse extremamente perto, até que... uma explosão de aura partia de alguma parte da criatura, rápido demais para que Bright entendesse de onde, enquanto a mesma abria sua boca mostrando gigantescos e afiados dentes que se fechavam em sua mão aberta. A dor era imensa, especialmente por atravessar a camada de Ten que protegia a garota, de alguma maneira. A criatura recuava agitada enquanto sua mão sangrava, percorrendo as prateleiras e os livros empilhados enquanto bagunçava ainda mais o local.

-- M-m-mas... como?! Como diabos... quem é você, bichino? -- Estelle perguntava. concentrou sua aura e tentou sentir onde estava o animal misterioso. Agora iria a sério.

- A criatura obviamente não respondeu enquanto sua investida de destruição continuava, se escondendo em meio à parte de trás das estantes e pilhas de livros. Estelle conseguia traçar sua presença em meio a uma divisória, podendo sentir que a Aura que havia sentido continuava a ecoar. Toda aquela situação era estranha: por que havia uma criatura daquelas ali, e ainda mais conseguindo usar aura?

-- Psss, psss, psss... bichano, vem cá! Vem pra a mamãe Estelle, vem! -- Estelle tentava seduzir o misterioso animal. -- Acho que eu tenho ração aqui. Pss, psss, psss.

O membro 'Haurock' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D10' : 1

- Por algum motivo não explicado, Estelle achava que conseguiria acalmar o animal apenas com suas palavras (humanas). Isso só teria o resultado esperado... só que não. O animal pulava de seu esconderijo de maneira repentina e mordia a outra mão (que por sinal era a única que ainda não estava sangrando) de Bright. O que dificultava era que a criatura se recusava a soltar desta vez, e mesmo com o chacoalhar em dor de Estelle, a mesma continuava com suas presas fixadas em sua mão, lentamente e futilmente tentando devorar o seu braço inteiro.

-- É isso que você quer, não é? Então eu vou te dar o que você quer! -- Estelle dizia irritada. Levou seu braço para baixo e rapidamente o atirou para cima com toda a sua força em uma tentativa de lançar o bicho para o alto.

O membro 'Guerreiro Spiral' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D20' : 16

O membro 'Haurock' realizou a seguinte ação: Lançar dados

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'D20' : 18

- Precisava fazer o movimento múltiplas vezes até conseguir, de modo que a criatura devorava cada vez mais seu braço... até que o mesmo se estendeu de maneira impossível dentro de seu curto corpo. Havia durado apenas alguns momentos, mas Estelle conseguia perceber que havia algo de errado. O corpo da criatura voou, mas de maneira totalmente não-perturbada encontrava o chão novamente em menos de um segundo. Demorou poucos instantes para se recompor, cambaleou um pouco, e então regurgitou um objeto pequeno, marrom e retangular. - Borf... - A criatura exprimiu antes de se agitar mais uma vez... e em movimentos rápidos, PULOU pela janela que dava acesso ao local, o som de vidro quebrando ecoando por uma boa parte do Porto de Nor. Assim que se encontrou do lado de fora, se tornava fora do campo de visão da garota, e sua Aura desaparecia lentamente. Havia deixado apenas o objeto regurgitado para trás -- algo que não esperaria ver uma criatura como aquela vomitando.