Hyoki Rokuro - Capítulo 7

-- Podemos fazer um duelo triplo de 2iC Wars... -- Falava como quem não sabia nada. Imaginava uma resposta assustada de Jun, já que ele não sabia que Satomi havia aprendido. Ele respirava fundo, e, com um sorriso no rosto, puxava tanto o seu baralho quanto o de Satomi, e entregava o dela.-- Por essa você não esperava, em.

-Então esse era seu plano?! - Jun se fazia mais de surpreso do que realmente estava, imitando as reações do personagem do desenho. - Hm, pode ser, mas só se a gente apostar algo.Tipo o clichê dos perdedores fazerem o que o vencedor quiser. - Satomi propunha algo bem inesperado pra sua aparência normal, ou talvez só parecesse assim porque ela nunca teve muita chance pra falar. - Mas você com certeza vai perder, porque você...ah, você curte esse tipo de coisa... - O rapaz dizia com um tom de decepção fingida. - Eu não vou perder, argh. - A garota mostrava-se irritada com o tipo da provocação de Jun.

-- E o que vamos apostar? -- Hyo coçava o queixo enquanto olhava para a dupla -- Por acaso vamos apostar alguém pra dormir lá fora durante o frio da noite?. -- Sorria feliz por causa da situação. O carinho fraternal que Jun sempre direcionava para Hyo, dessa vez também parecia ir para Satomi, e ele estava muito feliz que eles se davam bem cada vez mais.

-A gente ainda não decidiu quem vai ficar na cozinha, então vamos fazer que o perdedor vai ter que ser o cozinheiro da viagem. - Jun sugeria, Satomi assentindo com a cabeça.Com isso, mesmo sem o voto de Hyo, já estava decidido qual seria o jogo.Depois de o estágio padrão de preparações, o jogo finalmente começava. - The wheels of fate are turning. - Os três(embora a garota estivesse obviamente relutante nessa parte) diziam ao mesmo tempo, anunciando o começo de um Battle Royale.

-- It's time to tip the scales! -- Hyo invocava a primeira carta que puxava. Por sua sorte, era um dos seus monstros mais fortes, o Tacticista. Invocar um monstro tão forte tão cedo podia ser uma faca de dois gumes se perdesse ele ficaria bem vulnerável, caso contrário, poderia começar um snowball dalí mesmo. Ele trazia um ajudante, com o Tacticista, era a Fangirl, e Hyo imitava a fala dela no momento de ser invocada, no anime-- Eu posso enganar nossos animigos, principalmente homens, com minha atuação e beleza! Hehe.

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- Como esperado, Satomi era a primeira a sair da competição, atordoada pelo poder da experiência dos dois, no entanto, Jun demonstrava uma enorme oposição, prolongando a batalha por vários turnos até finalmente sucumbir às jogadas do incrível Taticista de Hyo. - Foi uma boa partida, bem, pelo menos a Satomi é a primeira na cozinha.

-- Eu realmente deveria me profissionalizar nisso. Ou eu sou muito sortudo ou eu sou muito bom. De qualquer jeito seria muito útil -- Hyo falava olhando serio para a mesa vendo as cartas distribuidas do modo que a batalha as levou a ficar. Hyo puxava o braço de Satomi, sorrindo pra ela-- Obrigado por jogar com a gente, Satomi. E desculpa te arrastar pra um jogo besta, seu que se intelecto de INTJ não merece isso.

- Não foi nada, eu trouxe isso a mim mesma por subestimar o quão fundo vocês tinham caído. - Comentava sarcasticamente.O jantar naquele dia foi algo simples, usando os poucos ingredientes que trouxeram para a viagem, que indicavam que teriam de comprar mais em 1 ou 2 dias.O jantar também fora bem silencioso, visto que estavam todos cansados da viagem e das preparações, todos indo dormir cedo.

Domingo (5/7)


Ao acordar, Hyo já encontrava a mesa do café da manhã posta, com Jun comendo.O café consistia de torradas, manteiga e sopa miso, nada muito longe do tradicional, o que era de se esperar considerando que as malas não abrigariam nada muito grande ou pouco durável na viagem.

-- O que vamos fazer hoje, Cérebro?-- Hyo tocava o braço de Jun com o seu cutuvelo, como quem chamava para uma conversa. Ele respirava fundo, bocejando, mas não imaginava passar um dia inteiro dentro de casa sem fazer nada, mesmo que estivesse cansado do dia anterior. -- Você não vai ter que treinar no meio da tarde pra manter o seu ritmo né? Estamos de férias...

-- Na verdade, bem, eu posso treinar de noite. - Jun dizia, Hyo realmente conhecia a dedicação dele ao boxing e sabia que isso não era uma piada. - Bem, agora de manhã eu tenho que estudar pra colocar algumas coisas em dia, mas de tarde a gente pode explorar o bosque que fica atrás da cabana, o que acha?

-- Eu vou tentar ir de muleta, que tal? Já que vai ser horrível ficar andando pelo bosque se eu tiver de cadeira de rodas. -- Falava esperançoso. Mesmo com as suas dificuldades, ele sabia que com Satomi e Jun do seu lado ele poderia conseguir, e mesmo que não conseguisse, teria o apoio deles. Naquele momento, por algum motivo, pensou em Igor. Fazia um bom tempo no qual não havia sonhado com ele, será que seria realmente um sonho que ficou pra trás?

- Acho uma boa ideia, vai servir de fisioterapia pra você também. - Brincava, após o café da manhã, o qual Satomi só apareceu pra tomar depois de uma hora, cada um dos 3 se dedicava a suas próprias atividades.Depois de um almoço leve e tranquilo, finalmente era chegada a hora da exploração ao bosque, os dois garotos estando de frente para a entrada da área verde, sozinhos, uma vez que a Hoshikado tinha ido na cidade comprar ingredientes para os próximos dias.

-- Será... Que é uma boa ideia? É bem grande, se eu ficar cansado você vai ter que me carregar... Ugh... -- Hyo coçou a cabeça. Estava preocupado em ser um fardo para Jun, mesmo que, com todos os anos que haviam passado, já havia percebido que Jun preferia ajudá-lo do que passar por qualquer outra coisa sozinho. Segurando firme nas muletas, ele respirou fundo e olhou para o bosque-- N-não, deixa... Não precisa se preocupar. Vai dar tudo certo. Vamos lá! -- Hyo sorriu para Jun. No caminhar, ele lembrou-se do grupo escolar, e como havia visitado ele tão pouco, mas sabia que ele poderia ser bem importante.-- Eu to pensando em aprender a tocar violão, pra tocar Monkey Majik e Legião Urbana nos luais.

- Era uma boa, dai você aprendia a tocar "A Passionate 2ICist" e começava a fazer uma trilha sonora pra nossa vida. - Dizia, conforme os dois adentravam cada vez mais o bosque.Hyo tropeçava mais do que só algumas vezes, mas eles conseguiam fazer um lento e constante progresso.Não chegavam a ver nenhum animal além dos seus habituais pássaros e insetos, geralmente distantes. - Isso é realmente nostálgico. - Jun dizia com um sorriso apontando para um besouro rinoceronte em uma árvore.

-- Ainda ta afim de se tornar um Mushiking?-- Fazia sinal de silêncio com a mão enquanto olhava pra Jun. Ele soltava as muletas no chão e, com grande dificuldade, se aproximava do besouro. Ao chegar próximo o bastante, tentava capturar ele com um movimento de pinça com seus dois braços.-- Capture!

- Hyo tentava, em vão, capturar o besouro, que saía voando.Além disso o movimento desestabilizava o garoto que caía de bunda no chão, se levantando somente com a ajuda de um Jun que ria alto.A expedição dos dois continuava, com um clima bem divertido, até que um dos rapazes interrompia. - Ei, essa área não é familiar? - O Yukimura dizia, e olhando bem a volta, podia ver de longe um conjunto de alojamentos extremamente familiar.Eles tinham voltado, sem saber, à floresta daquele dia, a 7 anos atrás.

-- Não sei se é familiar, me parece florestal. Espera... -- Alguns segundos depois de saber onde realmente estava, seu corpo gelava. Ele engolia a seco, e respirava fundo. Seu corpo suava frio.-- Heh... Não é... Engraçado? Que coincidência...-- Fingia não se importar tanto com a situação, mas seu corpo demonstrava total o completo.

OST

-Esse lugar...a gente deveria sair daqui. - Jun dizia, o garoto estava visivelmente tão abalado quanto Hyo, liderava o caminho sem sequer esperar o consentimento de seu companheiro que tinha de acompanhá-lo com dificuldade.Mas como se suas pernas se movessem contra suas vontades, a dupla trilhava sem notar um caminho diferente do de volta, mas que era, na verdade, sim um caminho de volta.Uma familiar região onde as árvores eram mais finas e alongadas, com poucos galhos, que finalmente terminava em uma clareira.As memórias eram o bastante pra trazer lágrimas aos olhos dos dois, mas que ainda se recusavam a cair, sem notar a presença de Jun e Hyoki, no centro da lareira, estavam duas figuras que não viam a anos.Kumi, a garota que Hyo gostava naquela época, e Gin, seu "algoz", de mãos dadas, contemplando o céu.O Rokuro podia sentir o palpitar de seu coração e de alguma forma, o do Yukimura também, mas é claro que podiam, nenhum ser humano se manteria composto diante a tamanha peça do destino.

Pessoas no Recinto:

-- C-como isso é possível?-- Jun apontava para os dois, trêmulo. Como raios eles haviam parado ali? Exatamente no mesmo momento que eles, e no mesmo lugar... Era como se não fosse real. -- Não... Isso não é real. É uma piada, não é? Um... Quanto é um com um? É isso, só pode ser...-- Hyo estava tendo um meltdown. Ele não sabia como agir, como se comportar, porque nunca imaginou estar naquela situação novamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ele olhou para Kumi e Gin, e acada momento que passava aquilo parecia menos real-- "Se eu pudesse... Agir diferente... Daquela vez..." -- Se sentindo impotente, Hyo olhou para a sua mão direita enquanto a abria e fechava. Ele virou-se para Jun, sorrindo, imaginou-se como uma criança novamente. E até que parecia uma, como nariz ranhento e os olhos cheios de lágrimas. -- Essa coisa de procurar namorada é pra adulto boboca, Jun, que tal a gente tentar ser os Mushikings?

- Hyo... - Jun mal podia terminar sua frase, antes que as pernas de Hyo travassem completamente, o fazendo cair no chão patéticamente.O outro garoto simplesmente ficava calado, enquanto colocava o caído em seu ombro. - Você não precisa se esforçar tanto. - Os passos de Jun eram pesados e lentos, mas certamente os levavam para longe daquela cena.Finalmente Hyoki era colocado apoiado em uma árvore. - Você pode chorar. - Dizia o Yukimura, com um sorriso caloroso.Seus olhos e rosto estavam trêmulos, ou talvez fosse só a percepção nebulosa do Rokuro que fazia parecer assim.

-- Eu não quero chorar. Não se preocupa!-- Hyo sorria para Jun, as lágrimas ainda estavam nos olhos, mas ele estranhamente não sentia o peso em seu peito que o jogaria pra baixo no momento. -- Mas é engraçado. Eu não consigo entender como eles vieram parar aqui. É muita coincidência...-- O garoto passava a mão no queixo, pensativo. Ele respirava fundo, fazendo um sinal de negativo com a cabeça, balançando ela de um lado pro outro -- Talvez o mundo seja composto de coincidências.

- Eu...Eu também não sei. - Jun se deixava cair sentado no chão, na frente do garoto. - Mas ver eles dois daquele jeito...é quase como se eles tivessem zombando da gente, como se só nos dois ainda estivéssemos presos naquele dia. - Respirava fundo, olhando para o céu, antes de voltar para sua posição mais natural. - Eu tenho a sensação de que eu não mudei em nada desde que aquilo aconteceu, sabe?

-- Cê tem certeza? Eu acho que você mudou bastante. Eu que to na mesma. E independente do que eu fiz ou tentei, as minhas pernas não voltaram a se mexer, e é minha culpa. Ou melhor, do meu cérebro.-- Ele passava a mão na cabeça de Jun, sorrindo pra ele. Hyo olhava para as suas próprias pernas, lembrando que elas travaram há pouco. Pelo jeito, quão mais traumatizado ele ficava por suas experiências, mais as suas pernas travavam. Ele estava preso em um loop de decepções e tristeza. Qual poderia ser o modo de sair daquilo? Nem ele imaginava. Hyo apontou para as muletas, e mesmo que estivesse travado, falava-- Eu consigo andar, Jun, não se preocupa.-- Por maior que fosse a dor que ele sentia dentro, pensando na sua impotência, ele sabia que jamais poderia desistir. Olhando para a muleta, mas ainda falando com Jun, ele proclamava-- Eu ainda vou andar sem isso. É só esperar. O avanço é lento, mas é constante. Devagar e sempre... A gente pode voltar praquele lugar, Jun? Mesmo que o casal ainda esteja lá... Eu quero apagar as minhas memórias ruins. E aquele é o melhor lugar pra começar.

- Você é forte, e sempre foi.Mesmo que você não mude você ainda vai ser alguém incrível. - Jun dizia, ajudando Hyo a levantar, enquanto alcançava suas muletas. - Mas essa pequena fração de fraqueza que você tem ainda te causa muito mais problemas do que eu poderia ter em qualquer momento. - Entregava-as para Hyoki com um sorriso. - Então vamos, é como você disse."O passado existe para que o conquistemos.", ou algo do tipo. - Com dificuldade, os dois caminhavam de volta até a clareira, o barulho que faziam ao passar pelos arbustos e folhas caídas ao entrarem na mesma eram o bastante pra chamar a atenção do casal, que virava, surpresos com a presença deles.