Hyoki Rokuro - Capítulo 8

-- Heh, mais um dia fora da rotina. -- Hyo esboçava um sorriso enquanto se trocava e sentava na sua cadeira logo depois. Hyo não esperava encontrar ninguém aquela hora, já que Jun provavelmente teria ido treinar logo depois de acordar, e ele sabia tão pouco da Satomi quanto um colega de escola. Afinal, por que não conversavam tanto? Já havia um tempo que ela fazia parte efetiva de sua vida, mesmo que só como uma conhecida. O jovem ia em direção a sala de estar, respirando fundo, ele perdia-se em pensamentos.

-- Ugh, isso deveria ser considerado tortura, vou ligar pra polícia prender esses dois-- Hyo debruçava-se sobre suas mãos, apoiadas pelos cotovelos em cima das suas coxas. Não havia muito o que fazer sem a presença de mais ninguém lá, então Hyo coçava a cabeça pra tentar bolar um plano. Era óbvio, ele deveria acordar Satomi. Mas fazer sutilmente, não como ele gritava pra Jun acordar, já que eles não tinham muita proximidade. Esse seria o plano do dia. Hyo olhava pela sala, procurando alguma coisa que pudesse fazer barulho o bastante para acordá-la.

-- Hehe...  Hehe...-- Hyo se aproximava do suporte, um sorriso maligno em seu rosto. Ele se apoiava na cadeira, usando a força das pernas no que conseguia, mesmo que fosse o mínimo, até que alcançasse o suporte para empurrá-lo e, com a força, derrubar panelas no chão para fazer muito barulho.-- IT'S TIME TO TIP THE SCALES!

- As panelas caíam com um barulho maior que um grito de protagonista de anime de super robô em uma luta de clímax, fazendo até mesmo alguns pássaros saírem voando assustados de alguns galhos, Hyo vendo esta cena pela janela.Mesmo assim demorava quase um minuto para que uma Satomi desorientada e com cara de sono aparecesse do corredor. -- O que aconteceu aqui?

Pessoas no Recinto:

- - Eh, eh... Desculpa Satomi... Eu não queria te acordar... Mas eu tava com fome, ai eu tentei pegar uma panela e... Eu derrubei...-- Hyo não podia deixar de notar quão fofo e engraçado era Satomi vestida de pijama, e colocava a mão a frente a boca pra que ela não notasse que ele estava rindo. Ele também estava um tanto vermelho, mulheres de pijama são sua fraqueza, e ele sabia disso. -- V-você está de pijama, Satomi...

- Anh...entendi, faz sentido... - Normalmente se esperaria que alguém ficasse bravo ou preocupado com a situação, mas ela parecia sonolenta de mais pra qualquer tipo de reação, ao invés disso, só sentando em uma cadeira próxima, a beira de dormir, só encarando a bagunça no chão.Alguns minutos depois, a garota finalmente se levantava e começava a arrumar as panelas.

Segunda (6/7)


- Terminando de fazer, Satomi se espreguiçava e em seguida abria a geladeira, pegando alguns ingredientes. - Mas fala sério, como você consegue acordar tão cedo?Eu nem lembro de ver vocês chegando ontem. - Isso era provavelmente a devido o fato de que os dois tinham caído de sono na parte de fora da casa e só foram entrar lá pelas 4 da manhã, mas a Hoshikado provavelmente não tinha saído de casa para perceber isso.

-- Eu não durmo, Satomi. Eu sou um vampiro!-- Fazia dentes de vampiro com dois garfos, saindo pra fora da boca.-- E eu sou acostumado a dormir pouco, por ter muitos pesadelos e dormir mal pra caramba. É complicado, heh.-- Ele cruzava os braços enquanto observava ela preparar as comidas, não estava mais vermelho, estava mais calmo, e olhava pela janela-- É impressionante, ele já deve estar correndo faz umas duas horas, e ele não se cansa. Ele vai ser o campeão do mundo.

- Eu me pergunto as vezes como ele luta. -- Satomi dizia, fatiando tofu com um facão. - Eu já ouvi rumores, mas nunca tive a chance de ver pessoalmente, e mesmo pra rumores ele parece meio obscuro, todos os caras de esportes famosos das escolas parecem ter um apelido idiota tipo "Trovão das Planícies Chuvosas", mas ninguém chama ele de nada do tipo. -- A garota prosseguia abrindo um sachê com um pó familiar que era jogado na água fervendo.Em seguida, pegava o controle da TV que estava próximo e ligava a mesma a distância.Hyo já tinha notado isso, ela era do tipo que gostava de ouvir a TV enquanto cozinhava, no momento as notícias da manhã estavam passando, falando sobre mais um caso da estranha série de cadáveres bizarros que vem aparecendo em Haruka.

-- Olha, acho que o assassino dali é ele. Mas acho que a falta de um apelido se deve a ele ser... Bom, o Jun não é a pessoa mais amigável, ele leva o treino a sério, e eu admiro isso nele, é bem ao contrário de mim, que só sei falar e não fazer nada. Entrei no clube de arte e não fiz nada até hoje.-- Hyo ria, cruzando os braços e encostando suas costas na sua cadeira de rodas. Satomi era uma companhia agradável, ele não havia notado isso até agora, mas era legal conversar com ela.

-- Essas notícias são meio perturbadoras, não teve um caso passado em outra cidade ano passado? -- Os assassinatos em série de Inaba tinham virado notícia nacional em 2013, mas eram nada mais que uma memória efêmera a esse ponto, na verdade não tinha sido nada que exatamente abalou o país, apesar de tudo. -- Pelo menos você 'tá num clube, eu só vou pra casa e tento estudar e falho nos testes mesmo assim. -- A garota bocejava, desligando o fogão e depois a grelha em que algumas sardinhas fritavam.Satomi trazia também a fritadora de arroz para a mesa, junto com duas tigelas da sopa miso que estava pronta, e duas sardinhas pra cada em pratos separados. -- Um estereótipo de café da manhã, aproveite.Isso me lembra, você ouviu o rumor sobre os heróis que andam por Haruka?Algo sobre um grupo de garotos mascarados.

-- HERÓIS? QUE FODA! -- O garoto ficava empolgado. Era uma coisa inimaginável heróis no mundo real, mas seus olhos brilhavam mesmo assim. Ele olhava pro prato, sua vontade era de sair correndo e encontrar esses heróis para entrar no seu grupo, seria um sonho virando realidade. Ele engoliu toda sua empolgação, e olhou pro prato, sua barriga tomou conta do corpo e voltou a roncar. -- B-bom, eles devem fazer alguma coisa sobre esses assassinatos, eu espero. Mas ei, a gente pode estudar outro dia. Não hoje, porque estamos de férias, mas... Bom, você entendeu

- A garota não podia conter a risada, parando só depois de alguns segundos. -- Incrível o quanto de expectativa você coloca em uns garotos suspeitos fazendo cosplay. -- Quando Satomi terminava de falar, passos atravessavam a cozinha. -- O que vocês estão falando de cosplay?Hyo você contou sobre o dia da formatura do fundamental?Achei que a gente tinha combinado que aquilo era um segredo pra nós dois!

Pessoas no Recinto:

-- Você sabe que tem uma foto sua daquele dia na estante da sua sala, né? E ela mora com você-- Ele apontava para Satomi sem olhar para Jun, o reconheceu pela voz e pelos passos. -- Não me culpe por depositar esperança em casos perdidos, eu cresci com o Jun e via ele como gente que presta. E Jun, por acaso não foi você que cometeu os assassinatos que estavam passando na TV né? Você sumiu ontem a noite, e agora de manhã... É um suspeito, em. Vou te entregar para as autoridades.

- Você tava bem pior naquele dia do que, você devia estar mais preocupado. -- Jun suspirava, pendurando uma toalha úmida com seu suor em uma cadeira de balanço da varanda, entrando na sala. - Os assassinatos?Os de Haruka?Como eu ia fazer isso, eu teria que literalmente atravessar o Oceano. - Deixava sair uma pequena risada.

-- Se estivesse determinado, poderia nadar lado a lado contra um Jet Ski pica a 80km/h... Se bem que eu não acho que seja assim que se calcula a velocidade na água...-- Hyo colocava a mão no queixo, pensante. Ele sorria para Jun, apontando para o banheiro -- Vai tomar banho, cara. Ajuda a firma ai.

- Eu já estava indo fazer isso. - Jun dizia com um sorriso retirando os seus peixes da grelha e os comendo em uma só mordida, antes de prosseguir e desaparecer no corredor. - Ah, bom dia pra vocês dois. - Falava com um tom bem humorado.Satomi, em contraste, comia seu café da manhã calmamente. - Ele é assim desde criança? - A garota dizia, surpreendida com a rapidez do Yukimura.Ao fundo, a abertura de Gekigangar 3 começava a tocar, com o incio do programa.Trata-se de um anime de super robô pilotado por um trio de sangue quente que luta contra alienígenas malignos, feito nos anos 80 e com 39 episódios, ele reprisava ainda de vez em quando.

-- Ele sempre foi único. Eu achava que ele era autista, me impressionei quando o médico disse o contrário.-- Hyo girava sua cadeira para poder olhar para a TV. Ele não era muito fã desse anime em específico, mas robôs gigantes sempre lhe intrigavam. Ele cruzou os braços, mas continuou conversando com Satomi.-- Você tinha algum grande amigo onde você morava? Eu nunca vejo você falando com muitas pessoas.

- A tela mostrava uma luta entre os protagonistas no incrível Gekigangar 3 contra um robo alienígena que usava um chicote.As técnicas de animação dos anos 80 eram realmente notáveis nessa obra em específico. - Eu tenho algumas amigas, mas ninguém muito próxima.Sempre foi assim, então nem me importei muito de me mudar.E você?Eu nunca te vi com outra pessoa alem do Jun e do Taxista.

-- Bom, o Jun é um amigo maravilhoso. Não preciso de muito mais que isso. O professor Fudou é um ótimo conselheiro, e ele também tem uma intuição impressionante. Também tem um cara chamado Igor, mas eu não falo com ele com tanta frequência, não sei se somos amigos. Que tal eu e você sermos amigos? -- Hyo virou-se para ela, erguendo a mão no alto, pedindo um "toca aqui". Ele tinha o seu sorriso habitual estampado no rosto, pois ele sempre tentava passar a imagem de amigável, e ele imaginava que seu sorriso era o melhor jeito disso.

- Você é o que, uma criança? - A garota começava a rir, mas respondia ao toque.Daquela maneira o tempo passava pacificamente, sem Hyo saber bem se aquela fora uma manhã lenta ou rápida, o almoço chegava ao fim, e com isso o início de um novo dia de atividades.Os três estavam sentados na mesa ainda, se perguntando o que fazer.

-- Maldita regra de não trazer video games, não tem nada pra fazer aqui-- Hyo deitava sua cabeça na cadeira de rodas, entediado. Ele tentava puxar da sua cabeça qualquer ideia pra que pudessem se divertir, mas repetir a jogatina de 2iC Wars poderia ficar chato depois de um tempo, principalmente para Satomi, então ele já descartava essa ideia.

- Eu não sei porque isso ainda não surgiu na conversa, mas a gente ta em Okinawa, a resposta óbvia não deveria ser ir pra praia? - Era uma caminhada de alguns quilômetros, mas ainda era relativamente próxima, além da maior atração da ilha.Na verdade era uma sugestão talvez surpreendentemente plausível vindo de Jun.